(Proença resistiu e as duas versões do Benfica meteram, por ora, o rabo entre as pernas e fingiram nada ser com eles. Para os que acham que esta questão nada tem que ver com o Sporting Clube de Portugal, importa realçar que o que irritou os vermelhos foi, pelo menos, a carta subscrita pelo primeiro sobre os direitos televisivos. Porquê? Porque o caminho da centralização da negociação destes é o oposto do que o SLB sempre preconizou. E só isto era caso bastante para nos por a pensar de onde surge tanto dinheiro e porquê tanta oposição, para mais velada, à iniciativa de Proença. É que o flop do João Félix sucedeu uma vez. E nas demais épocas?)
O Sporting Clube de Portugal ganhou na mesma jornada em que o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Club de Braga (versão B daquele) escorregaram. Independentemente das falhas e da lesão de Vietto (que ficará, pelo que se diz, fora até meados de Julho), ficou a imagem do crescimento de Jovane Cabral, expressa na forma como celebrou o golo, a par de Nuno Mendes, em estreia pela equipa principal. Mesmo para os que, como eu, duvidaram muito da contratação de Rúben Amorim e acharam o valor pago completamente fora do que se afigurava aceitável, é mais do que tempo de dar o benefício da dúvida e esperar pelos resultados. Não porque Miguel Cal o tenha dito, desde logo porque se desconhecem as suas competências para este efeito, mas porque se vêem mudanças e elas traduziram-se numa escalada que nos trouxe ao mesmo número de pontos do Benfica B.
Este fim-de-semana seria para festejos, portanto. Contudo, uma vez mais, em vez de se centrarem no que de bom resultou nesta jornada, alguns meios de comunicação social e – como já nos habituaram – alguns adeptos optaram por realçar seja o caso das tarjas em Alcochete, seja o afastamento de Mathieu, este último em condições ainda por explicar [1]. Já outros, sentiram necessidade de vir invocar um protocolo onde o dito jogador não consta e não constou [2].
Dirão que um verdadeiro sportinguista não se contenta, sequer, com o terceiro lugar e que ficar contente com tão pouco é sinónimo de resignação. Esta é, muitas vezes, a tragédia do nosso Clube, perdido entre lutas de facções e incapaz de se unir. Dito de outra forma, era tempo de celebrar o Sporting CP e, creio, não dar azo a afastar o foco do que de mal vai nos rivais. Se a comunicação social não deu relevância à tarja colocada a pedir a demissão de Vieira e de Lage e, antes disso, calou as razões da demissão de Luís Nazaré, não era a nós que competia atrair a atenção sobre o que possa ir menos bem. E, aqui, volta a bater o ponto: já sabendo que virão uma série de comentários falam única e exclusivamente dos que os fazem e nada sobre os que visam, entendo que os fins não justificam todos os meios.
É verdade que temos a obrigação de querer sempre mais e que o lugar do Sporting CP não é, sequer, no terceiro do pódio. Não obstante, nem acho que devamos usar eventuais desaires para fins que nada têm que ver com resultados desportivos, nem me parece que o caminho tenha de ser feito sob críticas constantes e sem qualquer cariz construtivo. A tentação auto-fágica é algo quase permanente no nosso clube mas os resultados não se atingem sob um manto de ofensas e com uma concertada máquina de propaganda contra o próprio Sporting.
Mesmo que não se adore o treinador e se conteste a direcção, parece-me que é tempo de celebrar as vitórias e assistirmos ao que se passa no outro lado da segunda circular de sorriso nos lábios e não aos gritos uns com os outros.
[1] Se Mathieu foi afastado deste jogo por uma questão de legítima disciplina, pouco haverá a dizer. Se, ao invés, se trata de uma manobra para o fazer sentir a mais, facto já negado pelo Clube, então importa referir que nos deviamos caracterizar por outra postura. Esse género de afastamentos não estão no nosso ADN. Não deixa, contudo, de ser curioso que os mesmos adeptos que estão há dois anos a ofender jogadores, chamando-lhes, entre outros e do que aqui se pode escrever, ratos, mesmo quando esses jogadores representaram a maior venda do Sporting Clube de Portugal, venham agora mostrar grande preocupação com um único jogador em concreto, apenas com vista a atacar a direcção.
[2] Informação prestada, entre outros, pelo próprio Batuque, na pessoa do seu Presidente José João Cardoso, sendo que o dito protocolo data de Setembro de 2017 e Jovane Cabral chegou ao Sporting em 2014/15, proveniente do Grémio Nhagar. De acordo com a informação então prestada, os sete jogadores que faziam parte do acordo eram Fabricio Kone, Admirson Soares, Walter dos Santos Waxel, Widilton Santos Waxel, Kevin Patrick Alves Fortes, Junior Jorge Coelho da Cruz e Julmiro da Silva. Em abono da verdade, refira-se que o dito Presidente mostrou plena disponibilidade para honrar o protocolo, desconhecendo-se se a actual direcção mostrou qualquer espécie de interesse, não obstante o preço ter sido já pago. Note-se ainda que o que aqui escrevo não contém propositadamente qualquer consideração de valor sobre a valia do mesmo protocolo, desde logo porque, à semelhança da maioria das pessoas, desconheço o seu conteúdo, apenas podendo dizer que a existência do mesmo foi confirmada pelos então outorgantes.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.
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