(Optei por não escrever já sobre o i-voting, considerando-o ab initio e, pelo menos nos termos em que o mesmo parece estar a ser projectado, um erro crasso. Para além da circunstância de os membros da anunciada comissão até agora conhecidos integrarem todos órgãos estatutários – e, como tal, a utilidade da mesma me parecer mais do que duvidosa -, a única experiência que conheço (e que é próxima do que se parece pretender) foi a das últimas eleições para a Ordem dos Advogados e que não correu bem. Contas reveladas da Ordem dos Advogados, percebeu-se a posteriori que, para além das suspeitas originadas no apuramento de alguns dos resultados, se tinha gasto muito mais dinheiro do que pela via tradicional. Ora, numa altura em que o Clube afirma não ter muito dinheiro, já estando a não renovar contratos de trabalhadores seus, e em que o ambiente é de permanente suspeita, quero crer que existiriam outras prioridades. De qualquer modo, aguardo com alguma expectativa o trabalho da dita Comissão, designadamente quanto ao que se virá a defender para a certificação dos resultados eleitorais. So far, a minha discordância não se limita ao nome e abrange a possibilidade de alguém poder votar por mim ou de os resultados serem adulterados por um mero algoritmo.)
Espero que esta segunda-feira finde com a celebração de (mais…) uma – a 5.ª consecutiva – vitória do Sporting Clube de Portugal, desta feita em Moreira de Cónegos. Concordo, portanto, com Amorim quando refere que “estamos no bom caminho”, pese embora reconheça que o mesmo tem sido feito com alguns escolhos. A aposta na formação parece estar a dar frutos e só a perspectiva de os nossos jovens jogarem já vale a pena. A par disto, enquanto nas modalidades existem saídas que causam algum stress, no futebol e esta semana foram anunciadas renovações importantes.
Esses obstáculos a que me referi supra não têm exclusiva origem no Sporting, note-se. Mesmo que ganhemos, é importante voltar à pergunta de Fernando Madureira sobre a contratação pelo Sport Lisboa e Benfica do guarda-redes Helton Leite, ex-Botafogo e actualmente atleta do exacto clube a quem os vermelhos enfiaram três golos, depois de uns jogos desastrados que culminaram com a saída de Lage. Estranhamente, Vieira parece ter decidido adiar a contratação de um treinador mas, por mero acaso, decidiu em vésperas de jogo “investir” em dois jogadores do Boavista, um dos quais o guarda-redes. Igualmente, estou certa, por idêntico acaso, esse mesmo guarda-redes teve uma noite desastrada. Tudo isto se passa enquanto somos confrontados com trechos da acusação do processo conhecido como “Operação Lex”. Mesmo dando-se todo o desconto e aceitando-se a presunção de inocência de todos os ali visados, há coincidências de modus operandi que não podem ser escamoteadas.
Ao nosso Clube, pelos vistos, não basta ser o melhor em campo. Tem, também, de exigir que as regras sejam cumpridas por todos, sob pena de o mais relevante para os resultados desportivos ocorrer fora dos estádios e sem qualquer controlo.
Fernando Madureira, pessoa que nunca pensei referir, teve razão ao perguntar ao próprio se já tinha sido contratado aquando do jogo. A esta pergunta acrescento, da minha lavra, outra: nesta república das bananas, para quê tentar contratar bons jogadores e treinadores se, afinal, podemos investir nos jogadores das equipas contra as quais vamos jogar?
*A autora não escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico
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