summary_large_image
ERA UMA VEZ O I-VOTING
O I-Voting é, na teoria, um excelente método para atrair mais votantes. Contudo, na prática, não serve para o Sporting Clube de Portugal.
Imagem de destaque11 Jul 2020, 09:00

Era uma vez o I-Voting… Ele era um sistema que vivia num mundo perfeito, onde todos gostavam dele, pois achavam que trazia inúmeras vantagens quando bem utilizado. Trazia maior comodidade a quem o utilizava, fazendo com que pudesse votar sem sair do conforto do seu lar, aproximava os interessados do governo do seu reino, porque para quem morava longe do centro do poder, nem sempre era fácil deslocar-se até lá e assim, através deste mecanismo, poderia ter uma palavra a dizer sobre os destinos do seu universo, era um sistema que funcionava, totalmente transparente e fidedigno. Enfim… Não havia ninguém que não gostasse do I-Voting.

Certo dia, o I-Voting achou que era hora de conhecer o mundo e viajou até ao Reino do Leão. Lá encontrou um clima de guerra, de suspeição, de desconfiança, onde ninguém se entendia.

Ainda assim, o I-Voting encontrou alguns amigos, dos quais 9 eram bravos paladinos prontos a defendê-lo até às últimas consequências, não tivessem sido nomeados por quem decidiu convidar o I-Voting para visitar o reino.

Essa brava comissão, qual Irmandade do I-Voting, jurou protegê-lo até que a sua missão estivesse totalmente concluída e o sistema estivesse totalmente implementado. Não contaram, porém, com os habitantes do reino, que rapidamente se organizaram para declarar guerra ao I-Voting.

Não porque o achassem um mau sistema, não porque não reconhecessem que, num mundo ideal, o mesmo não seria útil, mas porque, num reino onde não há rei nem roque tentar impor algo que nem sequer causa divisão entre o povo, mas é sim maioritariamente visto como mais uma manobra de assalto ao castelo, serve apenas para gerar mais discordância, mais um motivo de guerra, mais uma razão de descontentamento com os rumos do reino.

Visto assim, dava uma boa história para dormir, mas mais não é do que a realidade com que hoje o Sporting Clube de Portugal se vê confrontado.

O I-Voting é, na teoria, um excelente método para atrair mais votantes, pois permite chegar a todos os sócios que assim o entendam, sem qualquer delimitação territorial ou geográfica. Contudo, na prática, não serve para o Sporting Clube de Portugal.

E não serve porque, em primeiro lugar, não existe clube com maior mobilização de sócios, sempre que é preciso. Os sócios do Sporting Clube de Portugal, tendo consciência de que são o maior património do Clube, não se negam à chamada e dizem sempre “Presente” cada vez que é preciso.

Depois, não só por uma questão de confiança em quem dita os desígnios do I-Voting e o clima instável que se vive, mas também devido às ameaças cibernéticas que todos conhecemos e sabemos serem reais, não é um sistema que os sócios reconheçam como fidedigno.

E, por fim, porque se o objectivo é mesmo um quebrar de barreiras geográficas e um aproximar dos sócios ao Clube e vice-versa, existem outros mecanismos que poderiam ser tentados e testados, muito antes de se equacionar o I-Voting.

Tornar os núcleos verdadeiros parceiros do Clube (como assim deve ser e como os mesmos já demonstraram, por diversas vezes, querer ser) passa também por lhes dar um papel activo no que a votações diz respeito (não fossem eles parte da Família Leonina, conforme estatutariamente estabelecido).

Simplificar o processo de votação por correspondência, tornando-o menos burocrático e aproximando-o da realidade em que vivemos, é também uma alternativa razoável e que podia e devia ser explorada.

Atalhar caminho nem sempre nos faz chegar ao destino e, aqui, creio que antes de avançar com comissões e estudos sobre o tema, devia primeiro que tudo ser dada a palavra aos sócios, nem que fosse através de uma sondagem ou outro meio mais mediato, para saber qual seria o seu método de votação preferido.

Poupar-se-iam os custos de qualquer estudo como o desta natureza vai dar e concentrar-se-iam energias a implementar a vontade dos sócios, consoante a decisão que os mesmos tomassem, pois que, em última análise, estes e as suas determinações são soberanas nos desígnios do Clube (ou, tal como o I-Voting, na teoria, deveriam ser).

Como este processo está a ser conduzido atualmente, parece-me que o I-Voting não passará da história que foi contada e que não terminará com um final feliz.

  Comentários
Mais Opinião