Habitualmente, Agosto é mês de férias e praia para muitos portugueses. No mundo do futebol, é o período em que reforços, vendas e rumores de mercado ocupa a agenda mediática, seja na imprensa escrita, seja nas televisões, coadjuvadas pela internet. É o momento em que os adeptos sonham com a possibilidade ter uma equipa mais forte, com hipóteses de conseguir ter no seu clube os melhores jogadores possíveis. Que discutem e se entusiasmam nas conversas de Verão, com os amigos, com a perspetiva da nova temporada. É pois com esse onda de entusiasmo gerada que os Clubes contam para vender bilhetes de época, equipamentos novos, aguçando o apetite dos adeptos para uma nova época que começa. Se, nos clubes rivais, vemos esta habitual envolvente com vista a reforçar o “poder-de-fogo” das suas equipas, de forma a obterem resultados desportivos, no Sporting, vemos os seus dirigentes a forçar uma discussão em torno de estatutos e sistemas de votação. Esta postura ridiculariza o Sporting perante o restante mundo futebolístico! O Sporting é um clube cujo foco tem de ser sempre a obtenção de resultados desportivos, superando a concorrência. Esta é a sua razão de existir! Ganhar em todos os estádios e pavilhões onde entre para competir! Por que razão não estamos todos focados em ter as equipas mais competitivas possíveis, não só no futebol, para enfrentar os desafios desportivos e, ao invés, pretendem que nos comportemos como se duma associação de estudantes nos tratássemos, quais trampolins para aspirantes a políticos?
Prova desta deriva, foi, infelizmente, como antecipado no artigo da semana passada (1), a capa e conteúdo do Jornal Sporting, órgão de comunicação oficial do Clube, ignorando olimpicamente um balanço sobre o 4º lugar obtido na época 19/20 (2). Tito Arantes Fontes, presidente do Grupo Stromp, escreve um artigo a roçar o anedótico, dedicando uma boa parte dele
a comentários ao insucesso dos encarnados e ao jornal A Bola, apontando também a arbitragem como um dos responsáveis da época 19/20 verde e branca, a eterna desculpa em Alvalade, para a não obtenção de resultados. Na época com mais derrotas de sempre, é lapidar a forma como Tito acaba o artigo rematando “Temos “factores internos” para a má época realizada, mas também temos “factores externos”! ” (2). André Bernardo, no seu editorial, optou por uma autêntica “salada russa” de temas, misturando desde a “Maioria da SAD”, o “Covid-19”, “Mihajilovic”, “I-voting, “Soccas” e até uma achega ao “Valor do Plantel” (2). A obsessão por vender a ideia do i-voting lembra os antigos vendedores de enciclopédias de outros tempos que, recorrente e insistentemente, batiam á porta de casa das pessoas, tentando agora impingir as maravilhas que um PIN e um username podem fazer. A estes vendedores digo apenas que só estou interessado numa coisa: Sucesso Desportivo!
Confirmando-se a fase “autista”, prevista no artigo da semana passada (1), nota ainda para a menção de André Bernardo à “Perda de valor, mas desportivo, teve o Sporting CP com a saída de Bruno Fernandes” (2). Sendo inegável o valor futebolístico de Bruno Fernandes, é falsa a ideia de que a época 19/20 tenha sido desastrosa por causa da sua saída. O facto é que Bruno Fernandes foi capitão da equipa que vergonhosamente foi goleada pelo Benfica na Supertaça por 5-0 (3), jogou a 2ª parte toda na eliminação da Taça de Portugal contra o Alverca (4), capitão de equipa nas derrotas caseiras frente a Porto (5) e Benfica (6) em Alvalade e ainda na eliminação da Taça da Liga, frente ao Braga (7). Bruno Fernandes fez o ultimo jogo na 18ª jornada, onde já distávamos 19 pontos para a liderança do campeonato (8), sendo que terminámos o mesmo com 22 pontos de diferença para o líder (9), lugar pelo qual Varandas garantiu, no inicio da época que iriamos lutar. Como entender isto?
Talvez a resposta esteja nas declarações de José Pedro, adjunto de Silas, publicadas esta semana (10). Sendo que Silas já tinha dado pistas subtis para o mesmo facto, de que a estrutura, nomeadamente Varandas e Viana, quando alertada pela equipa técnica indicava que havia jogadores infratores da disciplina de grupo, a mesma “preferira virar a cara a algumas situações pontuais, o que pode ter descredibilizado a equipa técnica”. Ao não se exercer liderança nem disciplina, minando assim o “coletivo”, fundamental para o sucesso no futebol, tira-se “o tapete” a toda e qualquer equipa técnica, deixando jogadores, com os seus interesses individuais e de carreira, a pensarem no seu próprio umbigo, minando balneários.
Ruben Amorim, que já vai sabendo as “linhas com que se cose” em Alvalade, saberá, porventura, aquilatar da precisão do relatado por José Pedro. Inteligente, sabendo que não tem uma estrutura digna de um clube vencedor, nem ainda estatuto per si como treinador, ponderará bem quem quer no seu balneário na época 20/21. Ruben sabe que, também no futebol, não há espaço para dois galos na mesma capoeira!
- https://leonino.pt/opiniao/sporting-acima-dos-insanos/
- https://www.sporting.pt/jornal-gratis
- https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=6906303
- https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=7151002
- https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=6958645
- https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=6958659
- https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=7058101
- https://www.ligaportugal.pt/pt/liga/classificacao/20192020/liganos/18
- https://www.ligaportugal.pt/pt/liga/classificacao/20192020/liganos/
- https://maisfutebol.iol.pt/jose-pedro/silas/ze-pedro-acusa-sporting-de-nao-saber-lidar-com-indisciplina-do-plantel
Diretor Leonino
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.