VIEIRA EM MAUS LENÇÓIS NA OPERAÇÃO LEX
Vieira tirou, alegadamente, vantagem na Justiça, influenciando decisões dos Tribunais. Suspeita-se que tenha feito o mesmo no futebol português, noutros processos
Redação Leonino
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17 de Setembro 2020, 18:09

Luís Filipe Vieira será arguido no processo Operação Lex, até ao fim desta semana. Quem o afirma é a TVI, que no Jornal das 8, indicou, em reportagem, o porquê do presidente do Sport Lisboa e Benfica ser acusado. Também nos processos Mala Ciao, e-toupeira e saco azul há suspeitas de comportamentos indevidos por parte da estrutura encarnada, do seu Presidente ou de pessoas próximas do próprio, como Paulo Gonçalves.

Poderá dizer-se que esta investigação é filha de outro processo, a Rota do Atlântico. Este último surge do branqueamento de capitais. Suspeitas de corrupção, tráfico de influências, fraude fiscal e participações económicas em negócios, foram a origem da investigação a José Veiga (conhecido pelas suas ligações ao futebol, nomeadamente, na intermediação de jogadores).

Tudo se liga devido a buscas realizadas no escritório do advogado do amigo de Rui Rangel, José Bernardo Santos Martins. As buscas resultaram em vários documentos que comprometiam o juiz desembargador, nomeadamente vários talões de depósitos bancários feitos na conta do magistrado e trocas de emails suspeitas. Facilmente este processo se ligou ao Benfica e a Luís Filipe Vieira. Começou por serem feitas buscas nas instalações da Benfica SAD. Na altura, o clube garantiu em comunicado que nada tinha A ver com o processo. Mas a Benfica SAD não é Luís Filipe Vieira. A Procuradoria-Geral da República, indicou que foi investigado “suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, ou eventualmente de corrupção, de branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal”.

Num processo que conta já com 18 suspeitos, entre os quais juízes, advogados e oficiais de justiça, a TVI revela que, um desses suspeitos é mesmo o presidente do SL Benfica, Luís Filipe Vieira.

A inclusão do presidente da SAD começou com uma influência para que fosse devolvido dinheiro a Vieira que as Finanças lhe cobraram, em IRS. O total ascende ao 1.600.000 mil euros. Segundo a TVI, Rui Rangel, candidato derrotado nas eleições de 2012, juiz desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa, trocou várias mensagens com Vieira, prometendo resolver este caso, onde Sintra e IC19 eram utilizados como nomes de código, referentes ao Tribunal de Sintra, no qual estaria este processo.

Apesar das tentativas, Rui Rangel não conseguiu grandes feitos e Jorge Barroso, ligado à Fundação Benfica, contactou o tribunal onde tentou exercer a influência da figura que é o presidente do SL Benfica, pedindo uma reunião com a juíza responsável pelo caso. Algo que lhe foi negado.

Jorge Barroso que manteria contacto com Rui Rangel. Este último chegou a pedir bilhetes para um jogo e, em outubro de 2017, enviou a seguinte mensagem a Jorge Barroso: “O Vieira é sempre a mesma porcaria. Nem dá vontade nenhuma de resolver os assuntos dele”.

Facto é que dias depois, conseguiu que o Benfica lhe pagasse viagem e estadia em Manchester, para assistir a um jogo. A iniciativa levou os cumprimentos de Luís Filipe Vieira.

Contudo, a resolução do processo, só ficaria resolvida em 2019, após Rui Rangel ter, alegadamente, exercido a sua influência. O fisco acabou por devolver o valor a Luís Filipe Vieira. No espaço de um ano, Rui Rangel recebeu 18 convites duplos, para o camarote do estádio da Luz.

A TVI termina a reportagem afirmando que, para um ex-candidato à presidência do Clube, ser escolhido como notável e podendo estar no camarote do estádio, seria algo único e algo pelo qual Rui Rangel, alegadamente, tinha exercido a sua influência indevidamente.

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