Este nosso Portugal é um país pequeno. Infelizmente, fruto disso mesmo, é comum que, de norte a sul, todos tenham “alguém que conhece outro alguém”, dando origem a uma teia de contactos. Bem, ninguém pode desvalorizar a importância do networking nos dias de hoje, verdade seja dita. Fazemos parte de uma sociedade cada vez mais conectada entre si, apoiada pela internet e redes sociais como elementos facilitadores. Mas será que, neste pequeno Portugal, ainda ninguém teve coragem de dar um murro na mesa e explicar a alguns senhores, tipicamente espertos, que networking não é sinónimo de compadrio ou corrupção?

Parece que não. E parece que, enquanto ninguém fizer nada, Portugal irá continuar assim, levianamente, a permitir que estruturas políticas, judiciais e outras se misturem com o desporto, promovendo uma teia de corrupção. Do outro lado da 2ª circular, Luís Filipe Vieira continua a acumular processos – para quem quer ser campeão em tudo, já vai à frente pelo menos em número de processos e suspeitas – e a arrastar o nome da instituição Benfica pela lama. Repito: será que ninguém tem coragem de dar um murro na mesa e parar tudo isto? Questiono-me como é possível, sequer, que lhe tenha sido permitido candidatar-se a novas eleições, dado o contributo que tem dado em termos de corrupção neste país. Bem sei que, até indicado como culpado, o cidadão é inocente. Mas, sejamos sérios e deixemos de branquear as coisas: é muito fumo para não ser fogo. De qualquer forma, também já sabemos como acaba esta história: Condena-se tudo aquilo que não tenha o nome do presidente do Benfica, para que este continue, livremente, a fazer o que quer e bem lhe apetece.

Durante esta semana, a época de 2015/16 voltou a ser tema de conversa. Parece que, afinal, pelos lados de Alvalade não andávamos loucos nos últimos anos, quando se falou em corrupção, por exemplo, no jogo contra o Marítimo. E desengane-se o leitor se achar que fico extraordinariamente feliz por ver o Sporting ser campeão na secretaria. Não fico. A alegria de ser campeão “a sério”, no momento, foi-nos tirada. Não só pela corrupção, mas também por erros crassos que o Sporting cometeu durante essa época. Resta-nos, pelo menos, que seja feita justiça. Se há coisa que a mim me coloca fora do sério são injustiças, corrupção e podridão. Tudo aquilo que resume o desporto e especialmente o futebol de atualmente.

Para juntar à festa, parece que o “Benfica está acima da lei”, segundo Tiago Brandão Rodrigues. Mais uma bonita moldura daquilo que é a relação entre o sistema político e o Benfica nos últimos anos. Resta-me terminar a crónica de hoje com uma questão: Dr. Frederico Varandas, não estará na altura de contar tudo o que aconteceu na época 2015/16? Acho que é altura de subir ao palco e falar de tudo o que sabe. Pelo bem de todos. Pelo bem do desporto português.