summary_large_image
“REVISÃO DA MATÉRIA DADA”
O povo costuma dizer que “pior do que quem não vê é quem não quer ver”. Infelizmente, são múltiplos os exemplos que temos, no nosso dia a dia, de situações em que esta frase se aplica e bem
Imagem de destaque21 Jun 2023, 15:45

Vamos, então, a isso…

O povo costuma dizer que “pior do que quem não vê é quem não quer ver”. E é bem verdade! Infelizmente, são múltiplos os exemplos que temos, no nosso dia a dia, de situações em que esta frase se aplica e bem.

Sei, sabe-se, se calhar sabemos todos, que há pessoas afetas ao nosso clube, adeptos, simpatizantes e até sócios com responsabilidades, ao arrepio de todo e qualquer sentido crítico sereno, desapaixonado e democrático, que entendem e expressam-no que, alguém que faça uma crítica fundamentada aos seus corpos sociais e à sua gestão, faz parte da  “escumalha” (o termo foi usado até por “alguém” referindo-se aos nossos associados que não se reveem na condução do clube), só querem destruir o Sporting e quem o dirige, não são Sportinguistas, eu sei lá que mais.

Seguindo a velha e estafada fórmula “quem não é nosso amigo, é nosso inimigo” ou “quem não é por nós é contra nós”. Já não colhe! Nestes nossos e novos tempos, não colhe.

Vem isto a propósito de algumas críticas que se ouvem por aí ou são divulgadas nas redes sociais (coisa que praticamente não uso, não frequento) acerca de um Movimento de que faço parte, com muita honra, e fui um dos seus fundadores, onde estão e cabem todos os Sportinguistas que queiram e achem saudável pensar o clube, estar atento à sua gestão, aplaudindo o que nos parece bem decidido ou realizado, mas não se sentindo impedidos e constrangidos em criticar aquilo que nos parece de criticar tentando sempre, com elevado espírito construtivo, e civilizadamente, sugerir as soluções ou as decisões que nos parecerem melhores para o bem e a favor do nosso clube do coração.

Somos todos hoje e sempre Sporting e vivemos num país onde, felizmente, a liberdade de opinião e expressão é um bem, um valor, que, há perto de 50 anos, conquistámos e não queremos, nem devemos nunca, menosprezar e dele prescindir.

Venho escrevendo, desde o passado mês de agosto de 2022 e esporadicamente, uns pequenos e despretensiosos textos neste jornal on-line “Leonino”. Devo fazer desde já o aviso de que tudo o que aqui escrevo é de minha inteira e única responsabilidade e apenas expressa o que penso e aquilo que me vai na alma de Sportinguista já com 74 anos de associado. Outros amigos e consócios, igualmente interessados na vida do nosso clube e que comigo partilham as mesmas ideias e os mesmos anseios, hoje e sempre pelo engrandecimento do Sporting, vêm escrevendo no mesmo espaço de opinião, versando temas atuais e que a todos preocupam. E disso não virá mal ao mundo leonino, antes pelo contrário.

Move-nos a todos a paixão e o objetivo de ver o clube crescer, estabilizar, competir e vencer, vencer sempre, para que consigamos cumprir aquela fórmula e ambição do nosso fundador e 1º sócio José Alvalade, quando disse, em 8 de maio de 1906, Queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande quanto os maiores da Europa! É isso, definitivamente, que todos queremos e por esse centenário ideal lutamos e ansiamos.

E aqui chego à revisão da matéria dada…

Revendo os meus escritos anteriores, verificar-se-á que o que afirmei nada tinha a ver com espírito desestabilizador ou destrutivo antes com a análise fria, objetiva e serena a que sempre me habituei talvez por defeito (ou qualidade) profissional que a isso obriga a todos quantos, como eu, estudaram e exercem medicina.

Em fevereiro deste ano, escrevi: “Está a ser uma época muito má, e refiro-me neste momento apenas ao futebol profissional (…) porque se somam à deficiente construção do plantel (…), as vendas precipitadas (…) (Nuno Mendes, João Palhinha, Matheus Nunes e outros), (…) a teimosia de não se entender a premente necessidade de reforçar certas posições na nossa equipa principal, nomeadamente no ataque, e à falta de pelo menos mais um ponta de lança (…), aplaudindo sempre o aproveitamento e a utilização de jovens da nossa formação (…).”

E, em abril passado, vaticinei no meu artigo, infelizmente acertando, “Este desaire (empate dia 5 de abril frente ao Gil Vicente), somado a alguns outros no passado, afasta-nos definitivamente, estou convencido disso, do 3º lugar e, portanto, da hipótese de estarmos presentes na Champions na próxima época. E esse facto pode decidir muita coisa no futuro do Sporting.

Sem os milhões da Champions, a ou as próximas épocas vão ser, certamente, e Deus permita que este cenário não aconteça, preocupantes e mesmo desprestigiantes frente aos nossos mais diretos rivais, com risco até de podermos perder, sabe-se lá por quanto tempo, o estatuto de um dos 3 grandes do futebol nacional.” E atrevi-me mesmo, tal a revolta que o momento me determinou, a escrever que “Os responsáveis pela gestão danosa desportiva desta época (…), a nossa estrutura do futebol profissional, não poderá assobiar para o lado; tem mesmo de assumir os erros cometidos e as suas eventuais consequências a curto e médio prazo.”

Infelizmente, repito, o tempo veio dar-me razão. Não era provável, embora saibamos que em futebol não há impossíveis, não era mesmo nada provável, com o plantel que o nosso treinador tinha ao dispor, com um banco onde se sentava apenas a escassez de opções, perante as carreiras que os nossos rivais vinham fazendo, nomeadamente o Sporting Clube de Braga que, “com um terço do nosso orçamento nos andava sempre a roer os calcanhares” (FV dixit em 20 de julho de 2018) fez uma época que não conseguimos igualar e ascendeu, com justiça, digamos em abono da verdade,  ao lugar de um pódio onde, por obrigação histórica, deveríamos sempre ocupar.

Não podemos cair nos mesmos erros passados. Temos, eventualmente, e sem ofensa o digo, de tentarmos ser ainda mais profissionais, revermos os nossos objetivos, repensarmos o tal “nosso rumo”, planificarmos cada época melhor e atempadamente. O nosso clube merece isso. E merece sempre mais do que aquilo que conseguimos fazer. Não só os Órgãos Sociais, democraticamente eleitos. Todos nós. Precisamos, e merecemos, também ter outro tipo de Assembleias Gerais onde todos possamos discutir estes e outros temas, trocar impressões, ajudar o Conselho Diretivo, com propostas alternativas, com sugestões, com aplausos, com críticas também, num ambiente onde consigamos conviver todos com educação e civismo.

O atual modelo afasta delas os sócios do clube; não as frequentam. E o nosso futebol não enche o estádio; e as nossas modalidades não nos têm atraído, na maior parte da época, ao Pavilhão João Rocha. E se já conseguimos anteriormente tudo isso nada nos falta para a isso voltarmos com entusiasmo e fé. Está nas nossas mãos. Dos sócios, adeptos e simpatizantes.

É este, caros leitores e consócios, o apelo que aqui deixo. Quando se apontam os factos e as razões das nossas angústias, sempre de forma cortês, refletida e não insultuosa, não estamos a querer desestabilizar; antes, queremos alertar para os erros, para o que não correu bem (não duvidando da sincera vontade de acertar por parte de quem dirige o clube), para o que nos parece que poderia ter sido resolvido de outra forma.

Erramos todos, bem sei; mas, meus amigos, há erros e erros! E na última entrevista de Frederico Varandas à Sporting TV, não se percebeu ambição tendo o entrevistado caído mesmo num registo por vezes falacioso e sem uma estratégia inteligente num clube que está a negociar a venda de jogadores; além da inacreditável tese da desvalorização dos resultados desportivos, o que, se fizer parte do seu tão apregoado “rumo”, vai frontalmente contra o nosso próprio e histórico ADN.

Uma entrevista que não transmitiu aos sócios mais atentos tranquilidade apesar dos reiterados e habituais elogios por parte sempre das mesmas pessoas. Nada de novo! Nada do que já não soubéssemos pela comunicação social! Estamos em pleno período de preparação da próxima época. Tanto do futebol profissional como das modalidades que nos são tão queridas. Sem loucuras, sem teimosias, sabendo investir porque somos uma sociedade cotada em bolsa e porque é a única forma de sermos competitivos, faço votos para que consigamos, em maio de 2024, estarmos a cantar vitórias e conquistas para continuarmos a ser, Hoje e Sempre Sporting, aquele clube que ambicionava José Alvalade, em maio de 1906, ou seja, há 118 anos atrás!

 

João Trindade – Sócio nº 232

21 junho 2023

  Comentários
Mais Opinião