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O EXEMPLO VEM DE CIMA
Fala-se muito das atitudes dos adeptos, mas desculpa-se em igual medida o comportamento dos dirigentes. Isto é uma cultura e mentalidade que tem de acabar, por bem do futebol.
27 Abr 2021, 14:47

Esta semana, logo para começar em grande, assistimos a mais um episódio de violência no futebol, que em nada engrandece nem a modalidade, nem o desporto em geral.

A agressão levada a cabo a um jornalista, aparentemente do nada (tem de se dar sempre o benefício da dúvida, quando não sabemos o contexto todo) fez correr muita tinta e, obviamente, sendo contra um membro da imprensa, toda a classe se une, fazendo com que o eco dos acontecimentos se torne ainda maior.

Gozando o presumível autor das agressões de presunção de inocência, até prova ao contrário, não se pode deixar de referir que são estes os casos que incendeiam o futebol e que prolongam no tempo este clima de violência e impunidade.

Geralmente a violência está associada aos adeptos, que já são tão visados, que até têm legislação própria nesse campo, contudo, no que toca aos dirigentes e demais intervenientes desportivos, existe uma condescendência atroz, conivente e pacificamente aceite.

Fala-se muito das atitudes dos adeptos, mas desculpa-se em igual medida o comportamento dos dirigentes. Isto é uma cultura e mentalidade que tem de acabar, por bem do futebol.

Não é aceitável nem admissível – tal como não o é nos restantes quadrantes da vida em sociedade – que alguém seja agredido, ainda para mais quando está em contexto laboral.

Não é admissível nem tolerável, que certas pessoas, considerem que têm um estatuto diferente, de intocável, só porque se movimentam nos bastidores dos grandes palcos do futebol.

Não se pode olhar para o lado quando os actos são levados a cabo por aqueles que têm de dar o exemplo. Comportamentos como os que assistimos esta semana não podem continuar a ser banalizados, só porque vêm de agentes desportivos.

Se o futebol mudou ao ponto de virar uma indústria, os seus dirigentes e agentes desportivos têm também, obrigatoriamente, de mudar e acompanhar a evolução. Não se pode ter futebol de 1ª classe, quando os seus dirigentes e agentes continuam a trabalhar “à merceeiro”.

Não se pode querer erradicar a violência, aplicando severas sanções a uns e depois apenas emitindo comunicados vazios em que se “condena” publicamente todo e qualquer forma de violência, mas não se leve o assunto mais além, chutando a responsabilidade para canto, porque está entregue a outro tipo de entidades.

Está na altura de existir uma nova “fornada” de dirigentes e demais intervenientes no futebol. Pessoas mais bem preparadas, com formação adequada e que não pensem que por terem um cargo ou posição relevante no desporto, lhes é conferido o direito de agirem como se fossem os donos disto tudo.

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