“ATIRARAM UMA TOCHA NA MINHA DIREÇÃO”
Varandas falou hoje em Tribunal sobre o ataque à Academia
Redação Leonino
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7 de Fevereiro 2020, 15:04

Frederico Varandas foi hoje ouvido no Tribunal de Monsanto no âmbito do julgamento do ataque à Academia de Alcochete. O agora Presidente do Clube, que na altura do ataque era o Médico, diz que foi atacado com uma tocha, mas que se desviou e que a mesma bateu no preparador físico Mário Monteiro.

“Estava no meu gabinete. Os fisioterapeutas e os enfermeiros antes do treino estavam no balneário a tratar e preparar os jogadores. Apercebi-me de que algo de anormal estava a acontecer, ouvi barulhos fora do normal, murros, pontapés e portas a bater. Quando me aproximei do balneário estava muito fumo, a visibilidade era reduzida e percebi que estavam a atirar tochas e fumos. Já à porta do balneário um indivíduo atirou uma tocha na minha direção, mas eu desviei-me e acertou no Mário Monteiro, que estava atrás de mim”, começou logo por relatar, antes de avançar para mais pormenores sobre o ataque.

“Ouvi gritos e alguém a gritar que se não ganhássemos o jogo [final da Taça de Portugal] iam matar-nos. Alguns jogadores tinham-se refugiado no ginásio. No balneário estava tudo virado do avesso, a máquina da água virada ao contrário, roupas espalhadas por todo lado e os jogadores em pânico”, finalizou.

Varandas referiu, também, que ninguém queria ir ao Jamor para disputar a final da Taça de Portugal: “Nos dias seguintes os jogadores recusaram-se a regressar à academia, diziam que não tinham condições. Nessa altura, vou ser sincero, ninguém pensava no jogo, o ambiente era de terror. Queriam vencer o jogo, mas a nível emocional não estavam preparados”.

O Presidente do Sporting CP falou, ainda, do tom de intimidação que Bruno de Carvalho, Presidente na altura, denotou na reunião com o staff do Sporting na véspera do ataque à Academia.

“Estavam o staff e departamento clínico. Secretários técnicos, roupeiros, Manuel Fernandes. Com Rui Caeiro, Carlos Vieira, Bruno de Carvalho e André Geraldes. Objetivo? Acima de tudo amedrontar os funcionários. Foi surreal. Bruno de Carvalho disse que estava farto que lhe enfiem o dedo no c…. Que a Taça valia tanto como um furúnculo que ele tinha no c…. Ele virou-se para o Paulinho e diz ‘não olhes para mim preocupado, tu vais tratar da relva’ e ‘de hoje para a frente isto vai mudar. Quero toda a gente no treino amanhã [dia 14 de maio de 2018] à tarde’. Para mim em tom desafiador e a instigar a plateia na sala disse ‘aconteça o que acontecer, amanhã quero ver quem é que continua comigo’”, disse.

Fotografia do Sporting CP.

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