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TUDO O QUE #VEMDEDENTRO
Diz o senso comum que grandes amores também podem gerar grandes ódios.
Imagem de destaque08 Fev 2020, 08:00
Uma das campanhas do Sporting com a qual mais simpatizei foi a do “Só tu dás vida a Alvalade”. Premiada, aliás, como outras o foram. Coloca o foco no que realmente deveria importar e, acima de tudo, o verdadeiro core business, para usar a linguagem empresarial – e tão apreciada por certas tendências de gestão, que parece estar no centro do milagre operado no Clube: os Sócios e adeptos. Mesmo para os não-crentes em fenómenos extraordinários de explicação não científica, não haverá margem para dúvida sobre a avaliação ao trabalho desenvolvido desde Setembro de 2018.
Na primeira parte da entrevista ao Presidente do Sporting ao jornal Record, confesso que fiquei elucidado sobre o restante conteúdo quando reparei num dos pequenos destaques, de citação, chamados à 1.ª página: “O Sporting está muito melhor do que há 16 meses. Muito melhor”. Sublinho a repetição do “muito melhor”. Não estranhei e talvez seja essa a razão pela qual ainda não consegui que entranhasse, o que dificilmente irá acontecer.
“Só tu dás vida a Alvalade” continua a manter-se actual e a comprovar-se verdadeiro – como se fosse necessário –, bastando para tal lembrar precisamente o último encontro em casa, frente ao Marítimo. No entanto, não se pense que a família leonina está a provocar, deliberadamente, uma baixa de tensão ao retirar a vida que tantas vezes bombeou a frequência cardíaca. A razão de ser desse amor declarado (outra das campanhas que catapultou o número de associados) mantém-se, mesmo quando não vem nas notícias, ainda menos quando se passa fora do futebol. Mantém-se porque – elogiando a actual campanha –, é algo que vem de dentro.
No passado fim-de-semana, para além da vitória no basquetebol, frente ao Benfica, que permitiu à equipa liderada por Luís Magalhães subir à liderança da competição, houve ainda um outro momento digno de registo para quem ainda pudesse duvidar do que move um Sportinguista. Gilberto Borges, director da secção de hóquei em patins, antes da deslocação a Oliveira de Azeméis, lançou um alerta à massa associativa para que fossem dar o seu apoio à equipa de Paulo Freitas. Pedido que acabou por ser atendido, levando até ao Directivo Ultras XXI a emitir um comunicado afirmando que, tendo de escolher entre o apoio ao futebol, em Braga, ao hóquei em patins, frente à Oliveirense, a escolha recaiu nos segundos.
Fica difícil ajuizar, com total acuidade, se foi ou não o apoio em Oliveira de Azeméis que fez a diferença, mas a verdade é que o Sporting venceu o seu adversário (4-3) e com isso locando-se ao lado do eterno rival igualmente na liderança do campeonato. De tal forma que, no final do encontro, Gilberto Borges sentiu necessidade de agradecer o apoio que considerou fundamental para a importante vitória na casa de um adversário sempre difícil de ultrapassar.
Diz o senso comum que grandes amores também podem gerar grandes ódios. Que fique já bem claro: duvido que haja algum adepto que, se alguma vez tenha amado o Sporting, o tenha passado a odiar. Ódio é, aliás, um sentimento inaceitável por levar a atitudes e comportamentos incomportáveis. Certo é que, tal como ficou provado com a queda no abismo do anterior Conselho Directivo quando, em quatro meses (de Fevereiro a Junho de 2018), caiu de 89 para 28% de aprovação, também este elenco directivo parece atraído pelo mesmo destino. Seja agora, dia 11, com a aguardada decisão da Mesa da Assembleia Geral ou mais tarde. Aliás, não é preciso saber de gestão que, da forma como o comboio segue a sua viagem, quanto mais tempo demorar a descarrilar, maior será o estrondo e, consequentemente, maiores as sequelas e as feridas que terão de ser curadas.
Considerar um grupo de Sócios que apresenta legitimamente um pedido de Assembleia Geral Extraordinária (para eventual destituição) como um “movimento marginal” é não perceber qual é, realmente, o ‘core business’ do negócio para o qual tem de contribuir positivamente. Este maniqueísmo doentio divide ainda mais o universo leonino e só aumenta a força atractiva pelo abismo.
Já agora, se consultas realizadas por alguns órgãos de comunicação, deram o espantoso resultado de 91% contra a destituição e apenas 9 a favor, de que têm medo para realmente ouvir os Sócios no local apropriado? É só deixar fluir o que #VemDeDentro.
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