Na espuma dos dias que me tem obrigado a escrever semanalmente de uma forma reativa ao que vai sucedendo no nosso Clube, e até mesmo no país, não tenho tido oportunidade de fazer uma análise crítica a textos e comentários que versam sobre temas que considero importantes estudar. Hoje pretendo regressar a um texto escrito por Nuno Saraiva, em fevereiro passado, sobre a recusa do Dr. Rogério Alves, Presidente da MAG, ao pedido de assembleia geral destitutiva dos órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal, em decisão em que, como está escrito e se confirma, o mesmo foi juiz em causa própria¹. Para além de nutrir pelo Nuno Saraiva uma forte amizade, conquistada a partir do momento em que o mesmo foi trabalhar para o Sporting, tenho por ele um imenso respeito profissional e intelectual. É das pessoas com quem mais prazer me dá discutir o Sporting e muito mais coisas, ou não tivesse sido o Nuno um excelente jornalista e dirigente em redações de órgãos de comunicação social.
No seio dessas discussões veio à baila o assunto sobre o qual o Nuno escreveu, intitulado, não sei se por decisão do próprio, se da redação da Tribuna Expresso, “Sporting. A incompetência é justa causa para destituição? Então, 80% das direções foram incompetentes”. Não sendo nem eu nem o Nuno formados na área da sociologia, tal não nos tem impedido de tentar aprofundar o nosso conhecimento na área, ainda para mais porque, atualmente, nos vamos encontrando numa das casas da Sociologia em Portugal – o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa -, eu como aluno de doutoramento, o Nuno como seu quadro superior, desempenhando funções na Reitoria.
A minha tese base é de que o Sporting Clube de Portugal é um dos clubes que mais adeptos tem em Portugal por causa do modelo democrático e popular que tem vingado, e não apesar dessa realidade. O facto é que uma grande maioria dos Sportinguistas percecionam que têm sempre uma palavra a dizer sobre o seu Clube, sendo ouvidos, apoiados ou criticados, o que tem vindo a permitir que, mesmo sem os títulos que a grande maioria reclama como importantes vencer (designadamente no futebol sénior masculino), a dimensão humana do Sporting Clube de Portugal se mantém e extravasa as suas fronteiras. E, isto mesmo, apesar de uma falange reduzida de sócios que assume, por costelas de antepassados que estiveram na origem do Clube, ter mais direitos que os restantes sócios que democraticamente se associaram, mas que não parecem ser benquistos por aqueles. A este propósito, sugiro a visionação da série “The English Game”, que estreou recentemente na Netflix, em que, do conflito entre as elites e as classes operárias, no Reino Unido do século XIX, a partir de um jogo criado por aquelas, surgiu o que hoje é denominado por “The Beautiful Game”.
Regressando ao nosso Sporting, que tanto deve às origens britânicas, e reportando-me às realidades estatutárias que, podendo apelidar-se como irregulares ou melhoráveis, são as que permitem ao Sporting porfiar como a maior coletividade desportiva em Portugal. Ou não fosse a base dos Estatutos, na sua criação mais contemporânea, obra do falecido e ilustre Sportinguista e ex-Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting Clube de Portugal, Miguel Galvão Teles, a quem muito pouca gente (sequer se alguma) pode apontar algum defeito.
Em artigos futuros gostaria de ir analisando alguns dados que, lá está, o malfadado enclausuramento covidiano permite.
A suivre².
Cuidem-se.
² – Esta nota final é para relembrar o autor francês Boris Vian que escreveu um dos melhores romances do século XX, “A espuma dos dias”.
Paulo Dias
Caro Dr. Carlos Vieira, Volto como prometido [ hoje mais cedo! ] a tentar dar o meu contributo, para a necessária resolução, dos persistentes problemas de fundo, que enfermam o nosso clube, e o que deveria ser a sua constituição;ou seja, os estatutos do clube. Para evitar tentativas de assaltos ao poder, por qualquer sócio menos preparado ou mesmo incapacitado, para a função de gestão do clube, proponho a sua selecção através, da apresentação do Registo Criminal limpo, para todos os elementos (Incluindo presidentes) dos diversos Orgãos sociais, que componham as listas candidatas às eleições do clube. Assim como; e cumulativamente, a declaração de bens dos presidentes de cada órgão social do clube. A exemplo do que se faz, no Barcelona por exemplo, cada Lista deveria apresentar uma caução bancária, que poderia variar entre 800.000 euros e 1 milhão de euros, na apresentação da candidatura. Por aqui, se poderia avaliar da capacidade ou não, de angariar no futuros fundos financeiros, para o clube. Este valor seria devolvido ás listas perdedoras, logo após as eleições. A lista vencedora manteria esse valor depositado no clube, até ao final do seu mandato. Valor esse que teria de ser devolvido aos anteriores dirigentes( a um N° conta bancária previamente indicado pela Lista), num prazo nunca superior a 60 dias, após a tomada de posse da nova direcção. Com o triste exemplo da actual MAG e do seu Presidente, sugeria o seguinte: Os pedidos de AG's extraordinárias para discussão de assuntos prementes do clube, deveriam ser apresentadas ( com 2000 assinaturas de sócios de pleno direito à data) ao Conselho Fiscal e Disciplinar do clube. Este CFD que deveria ser eleito através pelo método de Hondt das duas listas finalistas às últimas eleições; enviaria obrigatoriamente à MAG, o parecer c/ efeito vinculativo, sobre este pedido de AG extraordinária, no limite temporal de 15 dias úteis após a data da sua entrega. Por sua vez a MAG deveria apresentar, no prazo de 15 dias úteis, a decisão sobre a convocação da AG extraordinária.Esta decisão da MAG deveria obrigatoriamente, ser acompanhada de declaração de voto justificativa de todos os seus elementos. Bem como, a publicação nos Orgãos de comunicação Social do Clube, e num jornal de grande tiragem externo ao clube, dessa decisão e declaração de voto, de forma obrigatória. Caro Doutor, tendo eu plena consciência de que; não detenho de todo, a verdade absoluta das coisas, mas antes a certeza de que, somando parcelas de todos, poderemos chegar à verdade! Deixo aqui este meu contributo. Mas para que fique claro, para os espíritos menos avisados, que este meu contributo é absolutamente desinteressado.Apenas quero o bem do nosso clube, perante a tarefa gigantesca que aguarda os próximos dirigentes. Nos últimos meses tenho exposto estas minhas ideias, de forma muito menos elaborada, mas que agora, as confio a si, como meu testemunho. são apenas princípios de reflexão, não são evidentemente teses. Obrigado e voltarei sempre que achar oportuno. Um abraço do seu amigo, Paulo Dias
Paulo Dias
Caro Professor, Como prometido, volto a falar acerca da imperiosa revisão estatutária. Para além da representação igual de todos os sócios, a bem do reerguer do maior e mais belo clube Português, que depois desta miserável direcção, se encontrará, em dificuldades nunca vividas e em falência financeira, desportiva e organizacional, gostaria de deixar aqui, algumas ideias minhas já expressas noutros forum's ! Qual evangelização do Padre Vieira no seu famoso " Sermão aos Peixes " que deveria ser lida em todas as escolas do ensino secundário. Perdoe-me a Arrogância, por favor ! É de absoluta necessidade que, no futuro nenhuns órgãos Sociais, possam ser eleitos com menos de 50% de votos expressos nas urnas. Por isso a necessidade de eleições a duas voltas. Admitindo claro está, que a cada voto corresponda um Sócio. Sou profundamente contra a criação de mais órgãos sociais ( Senados e coisas parecidas ), pois tornariam a estrutura pesada, inorgânica e a governabilidade do clube muito difícil. Pelo que, existe já hoje em dia, uma estrutura representativa da grandeza do clube, que sempre foi (exceptuando 5 anos de Bruno de Carvalho ! ) ...dizia; sempre foi mal aproveitada. São os NÚCLEOS as células revitalisantes do clube. Ora se utilizar-mos o voto electrónico instalado em 25 ou 30 núcleos espalhados homogeneamente pelo país e ilhas, para eleições e votação de duas proposta alternativas de orçamentos e para aprovação de contas ou o seu chumbo, obteremos um resultado expressivo da vontade dos sócios. E até se poderia com antecedência de um mês dar informação detalhada dos documentos, via correio postal ou Electrónico. No cartão de sócio estaria impresso o núcleo mais próximo do Sócio para a sua participação na vida activa do clube. Estou convictamente convencido, que esta medida e outras a que farei alusão no futuro, reaproximariam os Sócios e trariam mais jovens e menos jovens para Sócios! Com o GOLPE desferido no clube, dado a 23 Junho 2018, a deserção previsível de sócios, será mais um golpe na estrutura débil do clube. vai-se tornar clara para a direcção (que espero que o Dr. Integre ) a necessidade de revitalizar e voltar a construir o Amor pelo clube dos seus adeptos e sócios. Prometendo voltar ao assunto ! Por hoje, termino, enviando respeitosos comprimentos ao Dr.Carlos Vieira. Paulo Dias Ps. -Vivo na suíça e sou fervoroso adepto da Democracia directa sem representação por entreposta pessoa, daí esta minha deformação intelectual. E aqui temos três línguas diferentes para comunicar ! Portugal neste caso está em vantagem !
Paulo Dias
Caríssimo Professor, Salvo melhor opinião, porque seja mais avalizada, órgãos sociais eleitos por minorias de sócios, quaisquer que seja a instituição em causa, e o país em análise (... Putin na federação Russa, seja surdo ! ); não será nunca democrática, nem representativa da vontade da maioria dos sócios, senão vejamos, a manipulação de votos, que tem sido praxe ( práxis ) no nosso clube. Como cúmulo disto, o famoso churrasquinho que impediu Bruno de Carvalho de chegar à direcção do Sporting Clube de Portugal mais cedo. Defendo há muito e sem tibiezas, UM SÓCIO/ UM VOTO. Dito isto, gostaria de argumentar dizendo que sem esta alteração estatutária a grande maioria de sócios tenderá a afastar-se do clube, por sentir que os seus votos, serão sempre anulados, pelos votos de uma certa casta de sócios; com direitos superlativos e desiguais, (...porque divinos, presumo! ) e de forma intemporal " Ad eternum ", a quem se reserva o direito do poder ! Esta minha opinião baseia-se na opinião de amigos e conhecidos meus, que sendo sportinguistas, um pouco por todo o pais e mesmo Europa, estão a afastar-se definitivamente do clube, deixando de acreditar na regeneração do mesmo. Isto no meu entender é demasiado grave, pelo que alerto para este assunto fracturante dos actuais estatutos. O principio de igualdade de todos os sócios, ou seja um sócio/um voto deveria constar de um preâmbulo dos estatutos a aprovar, juntamente com as divisas e pensamento dos fundadores do Clube. Sem que este preâmbulo pudesse ser alterado por qualquer órgão social do clube, nem por qualquer assembleia geral do mesmo. A diferenciação da fidelidade dos Sócios se faria de outra forma a premiar essa antiguidade. Prometendo voltar ao assunto, por hoje termino enviando respeitosos cumprimentos. Paulo Dias
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.