JESUS CORREIA: ETERNO VIOLINO
Membro dos cinco violinos marcou 156 golos em 200 jogos pelos leões e conquistou inúmeros títulos pelo Sporting CP. Jesus Correia faria hoje 96 anos
Redação Leonino
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3 de Abril 2020, 15:41

Se fosse vivo, António Jesus Correia faria hoje 96 anos. Serão sempre poucas as palavras para adjetivar o que o membro dos cinco violinos fez pelo Sporting CP. No entanto, os números ajudam-nos a perceber a dimensão da lenda em questão. No futebol, envergou a listada verde e branca mais de duas centenas de vezes, tendo feito o gosto ao pé por 156 vezes, e conquistado sete Campeonatos Nacionais, três Campeonatos de Lisboa e três Taças de Portugal.

Jesus Correia nasceu a 3 de abril de 1924. Começou a jogar hóquei em patins, no Paço de Arcos. Foi lá que Joseph Szabo o foi descobrir e, após ter sido recusado no futebol do Belenenses, ingressou no Sporting CP. A estreia oficial pelo Clube de Alvalade aconteceu a 17 de outubro de 1943, numa partida frente ao “Os Fósforos”, que os leões venceram por 4-2. Nessa mesma temporada, apesar de pouco utilizado, estreou-se a marcar a 23 de janeiro de 1944, diante do Vitória de Guimarães. Num jogo em que o Sporting CP venceu os vimaranenses por 6-0, Jesus Correia marcou dois golos.

Na temporada seguinte, afirmou-se em definitivo, tendo realizado 23 jogos e marcado 19 golos. Para lá das muitas exibições de encher o olho, entre as quais o hattrick frente à UD Oliveirense, Jesus Correia marcou o único golo da vitória leonina frente ao Olhanense, na final da Taça de Portugal.

Com a listada verde e branca registou inúmeros feitos, mas talvez um dos mais impressionante foram os seis golos que marcou, em Espanha, ao Atlético de Madrid, a 5 de setembro de 1948, na vitória leonina por 6-3. Contudo, o extremo direito da frente de ataque que as defesas mais temiam não se ficou apenas pelo futebol. No hóquei em patins, por Portugal, venceu, por exemplo, sete (!) Campeonatos do Mundo, entre outras competições internacionais.

A divisão entre hóquei e o futebol haveria de ditar a separação precoce entre “Necas”, como era carinhosamente conhecido, e o Sporting CP. Em setembro de 1952, a direção verde e branca faz um ultimato a Jesus Correia, obrigando-o a escolher entre o relvado e o rinque. As lendas têm sempre um lado mítico e a resposta do eterno membro dos cinco violinos confirma a regra: “Tenho 28 anos. Mercê de uma vida muito recatada, foi-me possível até esta idade jogar futebol e hóquei sem quebra de forças. Os anos, porém, contam: 14 ao serviço do hóquei, oito no futebol. Quase todos os dias, às primeiras horas da manhã, treino de futebol. Depois o emprego, que nunca quis nem quero deixar. À noite, hóquei, jogo ou treino. Tive de olhar pelo meu futuro e descanso mais no hóquei”.

Desta forma, Jesus Correia abandonou a carreira futebolística numa fase demasiado precoce, o que revela ainda mais a grandiosidade dos feitos que alcançou. Foi o último dos cinco violinos a morrer, tendo-nos deixado a 30 de novembro de 2003.

Como referi no início do artigo, os adjetivos ou números nunca conseguirão demonstrar com exatidão a dimensão de Jesus Correia. Cabe ao Sporting CP e à sua massa adepta manter viva a lenda de “Necas”.

Um eterno obrigado, Jesus Correia.

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