Na ressaca das comemorações de Sábado, importa lembrar que, no que diz respeito ao Sporting, o pós 25 de Abril não tem sido profícuo. Desde a época 74/75, apenas 4 campeonatos de futebol conquistados, pontificando o Porto com 23, seguido pelo Benfica com 17, aguardando-se com expectativa a decisão das entidades oficiais para esta época. Como explicar tão fraco pecúlio? Tal como neste tempo de pandemia, há setores de atividade para quem ela está a ser ruinosa, enquanto para outros está a ser uma oportunidade, ocupando, assim, uns o espaço deixado por outros…tal como diz a frase inspirada pela proclamação de Aristóteles, “A Natureza tem horror ao vazio”¹. Por conseguinte, na sequência da queda do anterior regime, na primavera de 1974, enquanto a norte, o emblema azul e branco se apressou a dominar tudo o que era estrutura de poder e influência, rivalizando com a influência encarnada, dominante desde a década de 60, através dos seus bastiões abaixo do Mondego, o Sporting não teve nem capacidade, nem visão estratégica para impedir este ocaso que se foi transformando numa noite prolongada. Não nos devemos esquecer que Pinto da Costa e Fernando Martins se juntaram, no início dos anos 80, para urdir essa trama². Infelizmente, embora nos custe dizer isto, contaram com a passividade e falta de cultura de poder, no capítulo do desporto, da maior parte dos Sportinguistas, deixando associações e organismos serem tomados por exércitos de pessoas, ora azuis, ora encarnados. Por vezes, ainda hoje, mesmo em 2020, se ouve a maior parte de nós, Sportinguistas, discutindo o jogador A ou a tática B, preferindo não dar relevo ao papel decisivo que “Apitos Dourados”, “Malas Ciaos” e “E-toupeiras” tiveram (e que continuam a ter), para se ganhar, nas últimas décadas. É que, se em 1974, o futebol era um desporto popular, hoje é uma indústria, 100% profissional, irrigada por uma quantidade insana de dinheiro, valendo tudo para alcançar objetivos. Em suma, hoje disputamos um jogo de Poder, onde os jogadores de futebol são apenas os “peões” dum tabuleiro alargado. Se os Sportinguistas não querem ver o seu Sporting mendigando, desportiva e financeiramente, é já tempo de se organizarem e acabarem com o espírito fratricida que grassa por aí, quiçá também fomentado pelos rivais, que agradecem que os Sportinguistas façam o “trabalho sujo” por eles, dividindo, alternadamente entre si, os prémios financeiros provenientes da Champions League. Eles agradecem!
Reflexo do “jogo total” do que é atualmente a indústria do futebol, desde o campo à comunicação, desde a política à justiça, tivemos esta semana, como exemplo, o artigo do New York Times, intitulado “The Soccer Club as Sovereign State”³. Verificaram-se reações de vários quadrantes, o azul exultando pela publicação, o encarnado rejeitando o artigo, classificando-o de encomenda. Cartilheiros, twiteiros, opinadores, comentadores de TV, devidamente autorizados e empossados com o argumentário aprovado pelas suas sedes, degladiaram-se até mais não nas televisões e redes sociais. O controlo da opinião pública, para mais numa altura em que ainda não há decisão sobre que clube vai ter acesso aos milhões da Champions League, é uma importante arma na luta pelo Poder. Quem não compareceu? O Sporting pois claro! Quando até o que se terá passado nos bastidores da época da 15/16 foi trunfo eleitoral⁴, o silêncio do Sporting é de novo ensurdecedor, abstendo-se mais uma vez de entrar na arena mediática, quando devia marcar a sua posição. Eles agradecem!
Neste contexto, o Leonino, publicação de notícias leoninas, de e feita para Sportinguistas, está atento e vigilante, em relação a tudo o que nos rodeia, o que possa impactar o Sporting, proveniente de terceiros. Posicionando-nos como bastião verde e branco, recusando divisionismos, integrando toda a riqueza e diversidade existente no nosso clube, em conjunto com os nossos leitores, eles não agradecem!
1 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Horror_Vacui
3 – https://www.nytimes.com/2020/04/22/sports/soccer/portugal-benfica-football-leaks.html
Diretor Leonino
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