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A ARTE DA GUERRA
Quando o Benfica afirma desistir de um lugar com poder, obviamente que o que tem em mente é tomar de assalto a instituição toda.
Imagem de destaque25 Mai 2020, 09:00

“Se você conhece o inimigo e se conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se se conhece a si mesmo, mas não conhece o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Caso não conheça nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”

Sun Tzu

(A discussão sobre uma eventual venda da SAD continua, tendo Tomás Froes, seu defensor, feito uma simpática alusão na sua coluna do Record ao que aqui escrevi, em sentido contrário aos seus argumentos. Pese embora a oportunidade de uma eventual resposta à réplica que apresentou, guardo-a para umas linhas futuras, atentas notícias sobre o que se passa na Liga de Clubes. Significa isto que me dou por vencida? Não. Faço, apenas, um intervalo, para reflectir sobre um outro tema, mantendo-me contra a dita alienação, com a declaração de interesses de que voltarei a esta tema, após este intervalo.)

No seu primeiro mandato, Pedro Proença foi eleito com uma conjugação quase “astral” que permitiu reduzir a influência do Benfica nas instâncias desportivas, ainda que, para tal, o Sporting Clube de Portugal tivesse tido necessidade de fazer alianças junto, entre outros, do FC Porto. Tal aliança justificou-se, então, pela estratégia que estava já em marcha quanto à centralização dos direitos televisivos, de que o Benfica seria o principal beneficiário, e que explica o que pareceu inusitado apoio deste a Luís Duque.

À data (como aquando do início do segundo mandato), uma das suas principais bandeiras, sendo que deveria até ter sido a primeira, foi a promessa de internacionalização da Liga (leia-se do futebol português), o que, caso tivesse sido conseguido, importaria um acréscimo de receitas para as operadoras e, consequentemente, para os próprios clubes.

Perdido entre guerrilhas internas, seguramente com muito menos importância para os clubes do que o projecto de implementar uma verdadeira política de venda internacional de direitos televisivos, hoje torna-se notório que Proença poderá cair por uma outra conjugação de forças. Independentemente do que se possa achar do seu actual mandato, há sinais que não podem ser ignorados.

Ao mesmo tempo que uns meios de comunicação social vieram anunciar uma eventual (mas, creia-se, absolutamente bizarra…) aliança entre o Sporting e o Benfica, a movimentação de alguns clubes fala por si. Deste modo, sempre que o Benfica B (leia-se, Braga), pela voz do inefável Salvador,  profere umas palavras, sejam elas quais forem, o que vislumbro é uma imagem de Vieira, manipulando fantoches. Ainda que, aparentemente, se pronuncie contra o Benfica, o que se deve procurar perceber do discurso de Salvador é, como é óbvio, o que não é dito. E o que não é expressamente  dito é que se visa reforçar o poder do Benfica, facto a que não é alheia a circunstância de a própria NOS já ter vindo a terreiro dizer que não renovará o patrocínio e de o próprio Benfica se ter demitido da direcção da Liga. Quando o Benfica afirma desistir de um lugar com poder, obviamente que o que tem em mente é tomar de assalto a instituição toda. E, ressalvado o devido respeito, não nos aliamos com quem nos quer destruir, seja por estratégia, seja por honra.

Sem qualquer espécie de simpatia pessoal por Proença, parece-me, contudo, que o Sporting deveria ver para além da espuma dos dias. Quando o nosso rival pretende deitar algo abaixo, então o que devemos fazer é antecipar o próximo passo e vislumbrar que o seu plano é, eventualmente, esvaziar a Liga e fazê-la absorver pela Federação Portuguesa de Futebol. Com que fito e com que alcance é o que veremos nos próximos dias. Esperemos que não com o Sporting caminhando de braço dado, sob pena de ser tragado na esquina subsequente.

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