Esta semana, já fora do jugo do Estado de Emergência, existiram factos relevantes nas várias vertentes que compõem o universo Sporting. No que às modalidades diz respeito, tivemos o anúncio das saídas dos jogadores Deo e Leo, da equipa campeã da Europa de Futsal, de Raul Marin, da equipa campeã da Europa de Hóquei em Patins, bem como alguns rumores de eventuais partidas, como os dos voleibolistas Angel Denis e Miguel Maia, este último, entretanto desmentido pelo próprio (LER AQUI). Sendo expectável que o contexto de pandemia que vivemos obrigasse, forçosamente, a restrições orçamentais, passou mais uma semana sem que o responsável diretivo pelas modalidades, Miguel Afonso, nem o diretor geral das modalidades, Miguel Albuquerque, viessem dar a cara aos associados, explicando as decisões que estão a ser tomadas (LER AQUI). Relembra-se que o Sporting, tendo particulares responsabilidades no panorama desportivo português, envergando insígnias de campeão Europeu em duas modalidades de pavilhão, deve explicar aos sócios e aos restantes intervenientes do fenómeno desportivo nacional, qual a sua estratégia e a sua visão para o futuro próximo. Tardam, pois, em demonstrarem essa frontalidade, não aparecendo apenas quando há notícias boas ou despedidas emocionais, apenas para a fotografia.
Não em fotografia, mas sim em vídeo, foi transmitida, na SIC, a entrevista de Frederico Varandas a Nuno Luz. Curta, passou a ideia fundamental para o futuro próximo do futebol português: que a sobrevivência da indústria do futebol passa pela retoma do campeonato, de modo a potenciar as transferências de jogadores e a reativar as receitas das transmissões televisivas, bem como as publicitárias a elas associadas. Observou-se um registo conciso, evitando assuntos concretos, como os pagamentos de Rúben Amorim (Braga) e de Bruno Fernandes (Sampdoria), sem referir medidas concretas para os próximos tempos, não dando assim o flanco para grandes críticas, somando algum “capital”, também, pela presença na linha da frente do combate à Pandemia. Tal facto é evidenciado por as redes sociais, expectantes por uma enxurrada de memes e momentos caricatos, como outrora, tiveram, desta feita, de se contentar com apenas um ou dois, produzidos por conhecidos adeptos rivais, especialistas em “meter carvão”, quiçá, com insónias. A ânsia demonstrada em partilhar, publica e despudoradamente, conteúdo jocoso sobre o próprio Clube, por parte de quem se diz ser sportinguista, diminuindo-o perante rivais e outras organizações, é uma característica única, constituindo um fenómeno tristemente verificado, ao longo dos anos, digno de constar, algures no youtube, num episódio de X-Files..
Não no youtube, mas sim em papel, num artigo de opinião ao Record, Tomás Froes, lançou a discussão em torno da venda da maioria da SAD (LER AQUI). Mais do que uma discussão “teológica”, analisemos, de forma pragmática e desassombrada a hipótese duma posição minoritária. Entende-se a necessidade de a SAD ter coerência de rumo e políticas durante um bom par de anos, pelo que o referido artigo aponta que isso só será possível com um “dono”, cedendo o Clube o controlo acionista da SAD. Em Portugal, onde em nenhum dos clubes que vencem campeonatos se equaciona tal coisa, esse modelo bicéfalo tem um péssimo histórico, como se comprovou no caso do Belenenses, o mais mediático, mas também no Aves e no Casa Pia, tanto a nível desportivo como a nível institucional, com guerras constantes entre protagonistas. Admitamos, ainda assim, por hipótese académica, que esse risco não existiria no Sporting. Tomás Froes aponta para que a maioria da SAD fosse constituída por “investidores nacionais”. Ora, pegando na calculadora, verificamos que esses “investidores nacionais” teriam que ter em conta, para deter a maioria da SAD, que, para além do capital atual de 67 milhões de euros, existe também o capital de 135 milhões de euros de VMOCs, convertíveis em capital, já em 2026 e que são detidas pelos bancos (LER AQUI). Se o negócio fosse efetuado pelo valor facial das mesmas, sem qualquer tipo de “descontos”, quer da parte do Sporting, quer da parte dos bancos, isso implicaria um custo total não muito longe dos cem milhões de euros, apenas para deter o controlo da sociedade, não beliscando em nada o status quo desportivo (e não só!) que permite a Benfica e Porto estarem sempre mais perto de serem campeões e, por conseguinte, das receitas da Champions. Como cumprir então o proclamado “Vejo o Sporting campeão”?
Assim, os sócios e acionistas ficam na expectativa, que em posteriores artigos, sendo Portugal um pais pequeno onde toda a gente se conhece, se mostre que investidores nacionais têm o “músculo financeiro” e vontade de arriscar num negócio destes, prontificando-se a assumir uma postura competitiva e antagónica perante os nossos rivais, podendo alterar o atual equilíbrio de forças, no ecossistema do futebol português.
Diretor Leonino
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