

No final do jogo com o Varzim, de má memória para todos os sportinguistas, com a eliminação da Taça de Portugal por uma equipa da Liga 3, ouvimos o treinador Ruben Amorim proferir uma frase no mínimo enigmática “A culpa não irá morrer solteira!”.
Para quem, como eu, acompanha regularmente toda a atividade desportiva do Sporting, nas mais variadas vertentes, e sendo por demais reconhecida a Ruben Amorim a sua excelente capacidade comunicacional, é óbvio que estas palavras abrem espaço a inúmeras interpretações possíveis. Estaria Rúben Amorim a referir-se aos jogadores? Ou estaria a enviar um “recado” ao Conselho Diretivo em face dos últimos acontecimentos que ditaram, após esse jogo, a quarta derrota nos 6 últimos encontros disputados?
Já todos percebemos que a relação entre Ruben Amorim, Frederico Varandas e Hugo Viana é, neste momento, uma “paz podre”, apenas faltando saber se terá o seu epílogo, entenda-se saída de RA, na reabertura do mercado, em janeiro 2023, ou apenas no final da época. A realidade, nua e crua, é que o Sporting continua a apresentar um futebol desgarrado, sem chama ou intensidade, com fraquíssimas soluções, explicado em parte pelas saídas de jogadores nucleares, como eram os casos de Matheus Nunes, Palhinha e Sarabia, as quais não foram devidamente colmatadas com aquisições das mesmas caraterísticas, diria até, desajustadas na sua qualidade. À fraca qualidade, há a juntar o elevadíssimo custo destes passes, muito acima dos valores de referência que o Transfermarkt apresenta para estes jogadores. Em artigo da minha autoria, publicado no início da época futebolística, tive oportunidade de alertar que o SCP possuía um plantel curto e muito aquém das necessidades de uma equipa que pretende atacar os títulos em disputa nas várias provas em que participa.
Em função deste cenário, com a eliminação da Taça de Portugal e uma classificação na Liga que em nada honra os pergaminhos de um clube com a dimensão do SCP, estava dado o mote para que o jogo com o Casa Pia pudesse transformar-se num “barril de pólvora” para o Conselho Diretivo. E afirmo-o porque, pese embora existam já algumas vozes contra o treinador, é por demais evidente que a esmagadora maioria dos sócios está ao lado de Ruben Amorim e não de Frederico Varandas, que parece querer, constantemente, desviar as atenções para algo lateral ao desempenho da equipa principal.
O que aconteceu ontem, na nossa própria casa, foi do mais repugnante a que pude assistir até hoje. O uso desproporcionado de carga policial, “varrendo” todos os sócios e adeptos presentes no setor A14 da bancada sul não tem a mínima justificação, senão aquela que atrás referi: desviar as atenções em face dos fracos resultados da equipa de futebol! O que dizer das imagens de um sócio com mobilidade reduzida a ser arrastado pela bancada até cair? O que dizer de uma rapariga a chorar convulsivamente, com medo, agarrada a um rapaz? E o que dizer das pessoas idosas, indefesas e acompanhadas de crianças, que se encontravam na mesma bancada a assistir a um espetáculo deveras chocante? – Então as câmaras de vigilância não permitem identificar os infratores e atuar sobre os mesmos?
Todos sabemos que é proibido o uso de pirotecnia nos estádios de futebol. Mas é só no estádio do SCP que isto se verifica? – Claro que não! Mas também não vemos nos estádios dos clubes rivais estas cargas policiais, vergonhosas, perante o mesmo tipo de acontecimentos. Em suma, “dois pesos e duas medidas”!
De acordo com o comunicado da PSP, por volta das 18h30 foi realizada uma fiscalização na sede da Juve Leo, contando com a colaboração da ASAE e da Polícia Municipal, tendo sido apreendido diverso material. Ora, sendo garantido que esta ação foi realizada com o conhecimento do CD, tem de se perguntar o que fizeram os dirigentes do Sporting para proteger os seus sócios e adeptos, do mesmo modo que é necessário perceber as razões que levaram alguns associados a aplaudir a carga policial. É evidente que condeno o comportamento de quem provoca prejuízos ao clube e coloca em risco a segurança dos adeptos, mas existem recursos técnicos que permitem identificar no imediato os infratores. O SCP precisa do apoio das suas claques. São elas que dão vida e cor aos jogos no nosso estádio e no Pavilhão João Rocha, sendo também elas que acompanham a equipa nas deslocações internas e externas. Que saudades de um passado recente, onde víamos o estádio e o pavilhão repletos de sócios e adeptos a entoarem cânticos de apoio às nossas equipas. Porque, se assim não fosse, hoje e sempre, mais pareceria estarmos numa sala de teatro ao invés de um espaço onde as emoções estão ao rubro e a descarga de adrenalina é uma constante!
As relações entre o CD e os GOA estão, desde o início do primeiro mandato com inúmeras feridas por sarar, pelo que antevejo como pouco provável a normalização das relações entre as partes.
Haja bom senso pois, também aqui, a culpa não irá morrer solteira!
Vitor Afonso, Sócio 5.163-0













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