summary_large_image
A IDA À CHAMPIONS NÃO PAGA TUDO
O terramoto que atingiu o gigante Barcelona deve ser visto como um sério alerta ao mundo do futebol e deveria reforçar as preocupações dos Sportinguistas com a assustadora dívida que está a ser gerada
Imagem de destaque14 Ago 2021, 10:00

Está enraizada no universo futebolístico a perceção de que a ida à Champions é fundamental para a saúde financeira dos clubes. Até certo ponto isto corresponde à verdade, mas se a ida à Champions é condição necessária a essa saúde, é fundamental que tenhamos na memória que não é condição suficiente.

Esta semana foi, aliás, um exemplo a roçar o perfeito da afirmação feita acima. O Barcelona, que está sempre presente na Champions e “que até” ganhou algumas, está a desfazer-se de alguns jogadores e não pode continuar a contar com a sua maior referência, Lionel Messi.

As transferências inflacionadas e os salários astronómicos, levaram a esta situação. Nem mesmo os proveitos, que em 2019 chegaram a ser de quase 1.000 milhões de euros (leu bem, foram mil milhões de euros) e que em 2020 foram de cerca de 850 milhões, chegam para estancar a galopante dívida que agora ascende a cerca de 1.000 milhões de euros.

De repente, o FC Barcelona está a fazer uma cura de emagrecimento forçado e está a tentar colocar os seus custos salariais no bem mais saudável rácio de 70% das suas receitas operacionais, em vez de andar a gastar mais do que recebia.

Mais perto de nós, temos um rival que tem presença quase constante na Champions, que clama ter feito mais de 700 milhões de euros em transferências nos últimos 10 anos, e que, mesmo assim, está a contas com o fair-play financeiro.

Creio que tudo isto devia ser uma grande chamada de atenção para o nosso Clube e para a forma como tem sido gerido por este Conselho Diretivo, gerando uma assustadora dívida de curto prazo.

No meio de uma pandemia e de uma grave crise económica, sem receitas de bilheteira e com descida nas de merchandising, sem prémios avultados de Champions ou de Europa League nos últimos anos e com as receitas já antecipadas dos direitos televisivos, temos realizado compras por valores recorde (com a agravante de terem contingências futuras). Em simultâneo, os custos salariais estão a ser incrementados e sê-lo-ão bem mais nos próximos tempos, algo que seria facilmente etiquetado de “all-in” se quem agora aprova estivesse no papel de observador.

E é neste cenário que temos o Estádio José Alvalade com pouco mais de 9.000 espetadores, em 17.000 possíveis, no arranque de uma época em que somos campeões e após mais de 500 dias sem se poder assistir a um jogo em casa.

São sinais preocupantes e que deveriam levar este Conselho Diretivo a pensar se o melhor para o Sporting é continuar a proibir cachecóis com referências a claques, a dedicar a bancada que tem a maior ocupação ao malfadado Cartão de Adepto e a enviar “recados de desunião” a Sócios e a Adeptos através de alguns comentadores de TV escolhidos a dedo.

É que no final do dia, quando as contas tiverem que ser pagas, se não forem os Adeptos e os Sócios a dizer presente, de certeza que não serão esses comentadores a fazê-lo.

  Comentários
Mais Opinião