Desde a notícia da contração do novo treinador do Sporting CP já foram certamente debatidos e esmiuçados todos os pontos de vista sobre esta decisão arrojada dos Órgãos Sociais do Clube. Diria mesmo do nosso presidente Frederico Varandas.

Uns atacam fortemente a decisão com o valor do negócio e a pouca experiência de Rúben Amorim, como os fatores principais para essa discórdia.

Outros (poucos) defendem com argumentos, naturalmente menos factuais, como termos enfraquecido o SC Braga (será mesmo com um reforço de 10 milhões de euros nas contas para poder reforçar e manter os principais ativos da equipa?), ou por exemplo de que encontrámos um fenómeno, e tal como desperdiçámos o José Mourinho, estaríamos agora a fazer o mesmo.

Não irei entrar pelo caminho se esta foi uma péssima ou boa decisão, pois só no futuro saberemos.

O que importa perceber e avaliar é se Rúben Amorim terá condições para ser campeão pelo Sporting Clube de Portugal.

Nos últimos quase 20 anos tivemos treinadores de inegável valor e isso ninguém pode duvidar, mas nenhum foi campeão. Jorge Jesus foi campeão pelo clube de onde saiu quando entrou em Alvalade e voltou logo a ser no Flamengo assim que saiu do Sporting CP. Era incompetente só em Alvalade? Muitos dirão que Leonardo Jardim foi dos melhores que passou pelo Sporting CP, mas só não foi campeão porque não tinha equipa. Mas Jorge Jesus tinha uma grande equipa, mas mesmo assim não conseguiu o tão desejado título.

Com isto pretendo refletir sobre o que me parece mais importante, independentemente de termos um grande treinador, caro ou barato. Será que Jurgen Klopp seria campeão no Sporting mesmo com reforços de grandes jogadores? Duvido, mas estaríamos mais perto como estivemos no primeiro ano de JJ onde todos sabemos como perdemos esse campeonato.

Assim urge esta Direção dotar o clube de todas as condições para que seja possível Rúben Amorim levar o título para Alvalade. Em concreto sem estas premissas não seremos seguramente campeões:

Estabilidade no clube – Fundamental conseguir este objetivo pois sem ele, nunca existirá sossego. Juntar os sócios, os adeptos e as claques até ao verão, caso contrário Rúben Amorim será mais um treinador que passou por Alvalade.

Reforço da equipa – Ninguém duvida que precisamos de cinco ou seis reforços de valor inquestionável. E será que temos capacidade financeira para ter esses jogadores? E manter os poucos bons jogadores de qualidade na equipa e os mais jovens que ainda não sendo preponderantes no onze inicial, poderão vir a ser no futuro ativos importantes.

Comunicação – De uma vez por todas garantir uma comunicação profissional e com uma estratégia clara e objetiva.

Sei que poderíamos acrescentar aqui mais três ou quatro pontos, mas estes serão os principais para que pelo menos tenhamos capacidade de lutar efetivamente pelo título. Evidentemente que o campeonato perdido no primeiro ano do Jorge Jesus tínhamos estas três premissas (estabilidade, qualidade do plantel e uma comunicação forte), e mesmo assim não conseguimos… mas essas outras forças só com o tempo poderemos lá chegar.

Com tudo isto, pretendo dizer que com Klopp, Amorim ou Guardiola só faz sentido tê-los no Sporting CP se os mesmos tiverem condições para poder realizar o seu trabalho. Não vale a pena ter um Ferrari se só podemos guiar numa estrada de areia e cheia de buracos.

Por isso, independentemente do valor investido no Rúben Amorim, estou com esperança que algo pode mudar. Ninguém contrata um treinador por este valor se não lhe prometeu uma grande equipa e uma estabilidade no clube para que possa ser campeão. Assim é com grande expetativa que aguardo os reforços e as reestruturação do plantel e que esteja encontrada a solução para unir o clube e sobretudo as claques. Estou certo que esta decisão foi tomada já com os pontos anteriores pensados e garantidos. Caso contrário esta vontade de que tudo dê certo com o Rúben Amorim poderá de facto ser um AMOR IMpossível….