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DEFINITIVAMENTE, ISTO NÃO É O SPORTING!
Peço que me desculpem, mas ninguém me convence de que o que estamos a assistir hoje não é uma obscenidade e, cada vez mais, uma verdadeira tragédia.
19 Fev 2020, 08:00

Podemos dar as voltas que quisermos, alguns continuarem a achar que é normal um dirigente do Sporting Clube de Portugal referir-se ao Clube como “uma rulote”, continuar a desculpar-se com a pesada herança, apesar de já estar em funções há ano e meio, ou a tolerar que um treinador, infelizmente incompetente, prossiga na senda de desvalorização dos nossos ativos a cada conferência de imprensa após os jogos. Peço que me desculpem, mas ninguém me convence de que o que estamos a assistir hoje não é uma obscenidade e, cada vez mais, uma verdadeira tragédia.

Vamos por partes.

O douto dr. Zenha decidiu dar uma entrevista ao Expresso onde, ao invés de assumir as suas responsabilidades, insiste nas desculpas com a herança do passado e no passa culpas habitual aos dirigentes anteriores. Bruno de Carvalho teve, certamente, responsabilidades várias. Por exemplo, dotou o Sporting Clube de Portugal com o maior contrato de direitos televisivos da história do futebol português, contratou o melhor treinador português da atualidade por muito que isto custe a muita gente ou fez as maiores vendas até então da vida do Clube sem precisar de Jorge Mendes. Fez asneiras? Muitas. Mas por essas também já foi julgado na Assembleia Geral que o destituiu e afastou da presidência da SAD. Continuar ao fim de todo este tempo a usar a pesada herança como desculpa, é não só uma confissão de incompetência e um exercício de burla política em relação aos Sócios do Sporting, como é também um ato de cobardia de quem é incapaz de dar a cara e assumir as suas próprias responsabilidades.

Mas o magnífico dr. Zenha fez ainda pior. Atreveu-se a vir a público fazer troça do Manchester United, só o clube mais rico do mundo, a propósito da venda de Bruno Fernandes. Disse o génio da finança que o Manchester United se enganou e pagou o que o Sporting queria pelo nosso Capitão. A sério? Mas eu sonhei ou ouvi o dr. Varandas jurar que o Bruno Fernandes não saía por menos de 70 milhões de euros? O dr. Zenha vem agora mentir – sim, Bruno Fernandes foi vendido por 55 milhões mais objetivos que não estão ainda concretizados e que podem chegar aos 80 milhões – quando diz que o jogador foi vendido por “65 milhões”. Claro que levou logo o troco de Inglaterra e pôs em causa a relação institucional do Sporting Clube de Portugal com o Manchester United o que, a meu ver, é inaceitável. Mas vamos lá falar claro: o que o dr. Zenha e o dr. Varandas deviam fazer era pedir desculpa aos Sportinguistas por um negócio que, bem vistas as coisas, não foi assim tão bom, bem pelo contrário. Ou seja, se compararmos com João Félix, por exemplo, que foi vendido ao Atlético de Madrid por 126 milhões e não joga, Bruno Fernandes foi um péssimo negócio para o Sporting Clube de Portugal. Se não, vejamos: em dois jogos que fez, o Bruno foi eleito, por duas vezes, man of the match; já se assumiu como líder dentro de campo e referência fora dele; o jogo do Manchester, e ele ainda agora chegou, já passa quase todo pelos seus pés. Esta análise, que é necessariamente superficial, é suficiente para demonstrar que a soberba do dr. Zenha e do dr. Varandas são um atentado à nossa inteligência e só enganam quem é tolo. Porque, como é óbvio, quem foi enganado fomos nós e não o Manchester United porque, como salta à vista, Bruno Fernandes valia muito mais dinheiro do que pelo que foi vendido e, como é óbvio, só por manifesta incompetência é que foi alienado por menos dinheiro que o João Félix.

E agora chegamos a Jorge Silas, o quinto treinador da era Varandas em ano e meio. Além de ser um incompetente, na linha aliás de quem o contratou – é certo que não pode fazer milagres com um plantel tão fraco e desequilibrado – a verdade é que, com todo o respeito por emblemas de menor dimensão que o Sporting, nós não somos o Atlético nem o Belenenses. Não podemos continuar a entrar em campo, semana após semana, com esta instabilidade tática constante. Não podemos permitir que jogadores não sejam convocados – Pedro Mendes é manifestamente um caso – simplesmente porque o treinador não gosta dele, e, sobretudo, não podemos aceitar que este sujeito que, diga-se, é o menos culpado, continue a fazer declarações públicas em que coloca os nossos jogadores ao nível do Rio Ave ou do Braga. Não, isto é o Sporting Clube de Portugal, e quem não perceber esta realidade, esta dimensão, este compromisso e tudo o que significamos, não tem lugar no Clube e tem que ser despedido.

 

P.S. O que se passou em Guimarães com Marega, jogador do FC Porto, é inqualificável e indigno de um país como Portugal. Esteve bem a direção do Sporting Clube de Portugal na celeridade e no conteúdo do comunicado que emitiu a solidarizar-se com o atleta. Este é o Sporting dos valores em que eu acredito. Este é o Sporting que a todos nos orgulha. Este é o Sporting coerente com a sua história e com os pilares da sua fundação. O racismo e a xenofobia são condutas deploráveis que têm que ser banidas dos estádios e demais recintos desportivos. Quem não perceber isto, não pode ter lugar no desporto nem no espaço público.

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