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EGOS QUE SUFOCAM
As atuais Assembleias Gerais não servem o Sporting, não servem a democracia, não servem a participação e os sportinguistas.
Imagem de destaque26 Jun 2020, 09:00

O Sporting continua a viver em sobressalto, completamente quebrado e, mais que dividido, fragmentado.

Vão-se sucedendo os grupos de sócios que, mais ou menos organizados, debatem o clube.

Aparentemente, ninguém está satisfeito com a atual gestão que é, sem dúvida, merecedora de inúmeras críticas, sobretudo devido à gestão errática naquilo que é o core do clube, o futebol.

Também a comunicação continua a ser desastrosa, muito devido a um presidente com capacidades bastante limitadas neste aspeto e sem rasgo para delegar em quem sabe, efetivamente, transmitir de forma precisa e facilmente compreensível por todos, as principais mensagens.

Penso que é saudável que os sócios vão discutindo ideias, já não acho assim tão interessante discutirem nomes, quem deve, ou não, liderar alternativas, quem vai, ou não, ser candidato a eleições que ainda estão muito distantes.

O que une pessoas, o que cola diversos fragmentos, o que pacifica gente desavinda, são as ideias.

E podemos começar pelas mais urgentes que, na minha opinião, passam por uma revisão urgente dos Estatutos.

Urgente, sobretudo, porque tem de vigorar já, nas próximas eleições, a segunda volta. Caso contrário, o Sporting corre o risco de ter uma direção eleita por 15 a 20 por cento dos eleitores, o que fragilizará seja quem for que ganhe com essa escassa votação.

Também deve ser discutida a questão de 1 sócio = 1 voto. Sou contra essa ideia, mas entendo que se podem esbater e diminuir as diferenças de votos. Mas seja qual for o entendimento de cada um, esta questão tem de ser discutida e provavelmente votada.

Idem para o voto eletrónico. Sou totalmente a favor, não tenho medo de fraudes, existem hoje em dia inúmeros modos de garantir a integridade do voto eletrónico. Mas é mais um dos assuntos que deve ser discutido e levado a votos.

Também a questão dos modelos de Assembleia Geral. Hoje em dia, as AG são exercícios penosos, em que nada se discute com elevação e parece vencer quem grita mais alto. As atuais Assembleias Gerais não servem o Sporting, não servem a democracia, não servem a participação e os sportinguistas. Defendo um modelo semelhante ao do Real Madrid, em que conjuntos de sócios (cinco, por exemplo) escolhem um seu representante delegado, que participa por eles, e em sua representação, nas AG. Podem-se até discutir outros modelos mas, mais uma vez, esta é uma questão que deve ser debatida e votada.

Devemos ainda discutir modelos de gestão ou, se preferirem, porque soa mais trendy, de governance. Devemos ter um modelo presidencialista, em que o presidente do clube quer, pode e manda, e decide tudo no clube e na SAD? Ou apostamos num modelo em que o Conselho Diretivo do clube contrata para a SAD um CEO altamente qualificado, que responde pelos resultados que alcançar?

Também nesta questão assumo, sem qualquer hesitação, que pugno pelo modelo dual, de Presidente do Clube e CEO da SAD.

Existem também outras questões de fundo em que putativos candidatos, ou candidatos a candidatos, devem debater, deixando bem clara qual é a sua posição.

Por exemplo, relativamente à maioria da SAD. Eu, por exemplo, defendo e defenderei que o Sporting nunca deve perder a maioria da SAD. Mas sei que temos sobre a nossa cabeça a espada das VMOCS, e temos de perceber como poderá o clube resolver essa muito problemática questão.

Em termos de modelo dos quadros competitivos, que futebol queremos e como pensamos que ele pode ser melhor enquanto espetáculo e mais rentável? Que tal uma competição com menos clubes, uma primeira fase de todos contra todos, seguida de duas fases de grupos, uma para apurar o campeão e acesso às competições europeias, e outra para definir a descida de divisão? Teríamos assim muito mais competitividade, muito mais jogos entre os “grandes”, o que significa melhores e mais emotivos jogos e, claro, mais receita.

E no que diz respeito às receitas de televisão, o pão na boca da maioria dos clubes, devemos pugnar pela centralização dos direitos televisivos, pondo de lado egoísmos? Claro que sim.

E a batota, como podemos combater a batota instituída?

São coisas destas que interessa discutir. Para discutir coisas destas, todos os grupos, encontros, reuniões e debates valem a pena. Desde que deles saiam conclusões que permitam reunir vontades, personalidades e egos em torno delas.

É em torno das ideias que se fará a união.

A história do Sporting tem de deixar de ser escrita por egos. Os egos sufocam e matam o Sporting.

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