Tenho de dizer a quem nunca tenha feito este exercício de escrita semanal, sem falhar um dia até agora, que o mesmo é um processo duro. Em primeiro lugar procuro ler o que os meus colegas no Leonino escrevem e já percebi que não é recíproco com alguns deles, até porque fiz em diversos artigos menções elogiosas ou críticas que não tiveram qualquer resposta. Não que fosse essa a intenção (a de obter feedback), mas porque gosto de uma boa réplica e de aprender com o debate.

Em segundo lugar, e isso será certamente culpa minha, investe-se num texto estruturado, complexo e que nos obriga a investir tempo e investigação, e sentimos que, muitas das vezes, os leitores ficam pela “rama”, pegando neste ou naquele soundbyte, sem aparentarem ter lido e, acima de tudo, compreendido, o que está escrito. Enfim, como disse atrás, a culpa é de quem escreve, que não consegue transmitir de forma adequada o que quer. Aprendi, como Professor, que quando muitos dos nossos alunos falham uma resposta de forma massiva ou não conseguem interpretar um texto de forma adequada, a culpa é do Professor, que não lhes transmitiu convenientemente o assunto. E não estou a ser cínico, entenda-se.

Isto tudo porque estou naquela fase em que necessito repensar esta participação. Havendo ainda tanta coisa para escrever, ao mesmo tempo, sentimos que, neste momento, tudo o que possamos fazer tende a prejudicar aquilo que todos queremos – um Sporting unido na procura de vitórias e de desempenhos que nos orgulhem.

Ainda para mais quando assistimos ao fim dos programas de debate entre adeptos. Repare-se: eu não sou contra, nem a favor, dos ditos. Simplesmente, nunca tive a prática de os ver porque, de facto, aquilo era o mesmo programa da mesa do café, sem grandes acrescentos de valor. E hoje, que toda a gente bate palmas, ninguém parece perceber que tal só aconteceu pois atualmente os programas já não batiam palmas em uníssono aos dirigentes do Benfica (muito pelo contrário), para além de se estar a iniciar um ciclo em que, não se tratando de programas informativos, poderem ser devidos direitos de utilização das marcas lá apresentadas ad nauseam. Sim, já defendia antes e continuo a defender que qualquer programa ou evento, não informativo, que utilize a marca de um Clube Desportivo (ou outro qualquer) tem de pagar um royalty. É do simples cumprimento da lei. E estas duas razões fizeram pender os programas para o seu encerramento.

Por fim. Parte do meu incómodo é perceber que, tal qual D. Quixote, sentir que por tudo o que eu possa escrever e por tudo que, por exemplo, os meus colegas “opinadores” no Leonino escreveram na passada semana, no pós-entrevista do Presidente do Sporting ao jornal Record, numa estranha unanimidade, não ser o suficiente para os dirigentes do nosso Clube se enxergarem. Mas então?! A entrevista feita por correspondência (sabe-se lá respondida por quem). As fotos recicladas de entrevistas anteriores, em jeito de trabalho de marketing, demonstram uma vacuidade assombrosa. Uma Direção que tem medo de falar e discutir com os seus eleitores e que procura formas de nem ter de se defrontar com os sócios em Assembleias-Gerais, é uma Direção medrosa. E assim, não consegue fazer-se respeitar na sua estrutura e na relação com os restantes parceiros. Mas tudo isto, sendo verdade aos meus olhos, origina o quê? Lá está – o Vazio. O silêncio. O desrespeito. E para isso, caros leitores, sinto que pouco ou nada faço por aqui.

Faço votos de boas férias para todos os que as podem ter. Esperemos que esta próxima época nos traga melhores notícias, que isto estão tempos difíceis.