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FUTEBOL FEMININO, SPORTING E FEDERAÇÃO
Sente-se a falta da presença de alguém que transmita e garanta que o futebol feminino tem dignidade, e não é uma ilha deserta em que os Sócios ficam a saber através das atletas o que irá acontecer.
29 Mai 2021, 13:55

Já tinha escrito neste espaço, em novembro de 2020, acerca da importância do desporto no feminino (LER AQUI).

Agora como então, continuo a achar que estamos a assistir a um fenómeno incontornável: o desporto feminino, com particular relevância para o futebol, apresenta um crescimento do número de mulheres e jovens mulheres que frequentam os jogos nas bancadas e que praticam este desporto. Os números não mentem, e mostram que há um crescimento na ordem dos 20%/ano do público que assiste ao Futebol Feminino, sendo uma modalidade com um dos maiores crescimentos Mundiais, antevendo-se que rapidamente se torne num dos desportos que suscitará mais interesse e movimentará mais pessoas.

Esta semana, no jogo do título, a coisa não correu bem. Perdemos contra as rivais e, assim, vimo-las a festejarem a conquista do campeonato em pleno José Alvalade, onde ao fim de alguns (longos) anos retornámos para fazer um jogo.

Ao jogarem naquele palco, o entorno era tão “estranho” para as nossas jogadoras quanto para as adversárias, o que, sinceramente, espero que não se venha a verificar no futuro e que o José Alvalade passe a ser o palco habitual para os jogos da equipa sénior feminina.

Foi, de facto, a única nota feliz deste último jogo, pois agora é certo que é possível fazer jogos no nosso Estádio e não há impedimento federativo/regulamentar, como já tinha lido algures como forma de justificar o “confinamento” da nossa equipa feminina de futebol à Academia.

Esperemos que seja uma opção para continuar, pois não basta para um Clube como o Sporting CP ter um papel no seu site a falar de igualdade, que é desconhecido dos Sportinguistas de tanta obscuridade a que foi votado. Vejam AQUI.

Já o que se seguiu ao jogo não pode ser alvo de uma nota positiva, pois tem sido um desfilar de saídas de jogadoras que durante muitos anos vestiram a nossa camisola e que não têm direito a comunicados oficiais. Sente-se a falta da presença de alguém que dê a cara, a transmitir e a garantir que o futebol feminino tem dignidade, e não é uma ilha deserta em que os Sócios ficam a saber através das redes sociais das atletas o que irá acontecer.

Sobre o tema do Futebol Feminino, não podia deixar de assinalar um trabalho de análise feito por um consócio nosso, o Álvaro Dias Antunes, que foi apresentado no blogue “A Tasca do Cherba”, e que aconselho vivamente a quem gosta desta temática. Tenta fazer uma resenha histórica deste projeto e ainda dá linhas para o futuro (LER AQUI).

Também esta semana a Federação Portuguesa de Futebol deu mais uma machadada naquilo que são as aspirações naturais das atletas femininas de futebol e futsal, e também de futsal masculino, tendo mostrado bem que o que lhe interessa é a Seleção Nacional de Futebol Masculino e os fartos proveitos que daí tira, pela utilização dos jogadores que são formados nos Clubes, ao anunciar que cancelava as Taças de Portugal de Futsal (Feminino e Masculino) e Futebol Feminino.

Bem demonstrativo, em minha opinião, da falta de visão, de falta de vontade e da desconsideração que existe realmente na promoção do desporto para quem está na FPF, pois se realmente quisesse, a FPF tinha e tem os meios financeiros para conseguir concretizar o fecho destas competições. A questão é que tudo o que não é “faturar” não lhes interessa e há dinheiro a receber com viagens aos EUA.

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