LOBOS MAUS

Pedro Geada

LOBOS MAUS

Teremos assistido a uma operação montada pelo “gabinete de crise” de Luís Filipe Vieira quando estavam em apuros com o processo e-Toupeira?

23 Nov 2020, 09:11

O Sporting desloca-se hoje ao Jamor para disputar a Taça de Portugal (1). Não se trata ainda da final, mas sim o jogo contra o Sacavenense, às 21:15, com transmissão na TVI, para a 3ª ronda da prova rainha do futebol português. Se 2020 já nos trouxe muitas surpresas, o facto deste jogo ser o ultimo a ser jogado não deixa de motivar estranheza (2). Supostamente, o motivo prende-se com o facto de a TVI, tendo assegurado a transmissão do Paredes- Benfica e do Sacavenense-Sporting, não ter abdicado do slot de domingo, para a emissão do seu reality show, relegando o nosso jogo para hoje. Ficamos assim com menos dois dias de recuperação para o próximo compromisso na Liga NOS em relação aos nossos rivais. Com a ausência de público nos estádios, os clubes estão reféns das receitas de televisão, diminuindo a sua capacidade argumentativa e negocial dos mesmos, pondo-se a jeito de ver a sua planificação desportiva manipulada por terceiros. É pois estranho que só se veja Pinto da Costa a pugnar pelo regresso de público aos estádios (3). Se, mesmo em Estado de Emergência, assistimos a partidos políticos a organizar congressos, em espaços fechados, ao invés do futebol, defendendo intransigentemente os seus interesses, porque razão está o líder nortenho sozinho nesta demanda pública quando o futebol português, no seu conjunto, necessita que as bilheteiras reabram, pelo menos parcialmente, para que muitos clubes não asfixiem e não fechem portas?

Na semana que passou, os sportinguistas tiveram a noticia que a ligação entre Sporting e Miguel Albuquerque foi terminada (4). Um desfecho que se previa, a partir do momento em que foi anunciada a sua suspensão. Inegavelmente ambicioso, como o seu palmarés e projeção pessoal atestam, o agora ex-diretor geral das modalidades vê-se assim fora do Sporting após vários anos. Em 2018, caucionou a candidatura de Varandas, no que concerne as modalidades, rompendo com a neutralidade que um funcionário do Sporting deveria manter, em processo eleitoral (5). Constava que se Benedito ganhasse, Albuquerque estaria em risco de ser dispensado. A jogada foi compensada e ascendeu, de Diretor do Futsal, a Diretor Geral de todas as modalidades. No entanto apenas dois anos depois, pelas mãos de Varandas, saiu mesmo. Qual será o seu futuro? Avançará para uma candidatura, como muitos dizem que sempre andou a preparar, qual lobo em pele de cordeiro, enquanto fazia salamaleques ao Presidente Varandas? Veremos pois se Albuquerque tem alguma tática para esta nova realidade, já que dispõe do seu grupo de admiradores nas redes sociais e alguns amigos na imprensa construídos ao longo destes anos…

Ao vir a público que, no processo Cashball, afinal a montanha pariu um rato (6)(7)(8), várias interrogações surgem. Verificando-se que se tratou duma farsa montada, com promessas de dinheiro à mistura, o que podemos concluir disto tudo? Teremos assistido a uma operação montada pelo “gabinete de crise” de Luís Filipe Vieira quando estavam em apuros com o processo e-Toupeira (9)? O que é facto é que houve muitos Sportinguistas que preferiram acreditar no tablóide do grupo Cofina, que hoje goza de via verde no acesso a informação, em Alvalade. A questão de muitos Sportinguistas terem acreditado poderá estar suportada na conduta e imagem pública do responsável máximo, em 2018, sendo compatível e verosímil com a história de ficção apresentada? Talvez a lição que fique, esteja no adágio popular, onde quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele!

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