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O JOGO DA CADEIRA
José Peseiro, Tiago Fernandes, Keizer, Leonel Pontes, Silas e agora Rúben Amorim. Quem será o próximo neste jogo da cadeira?
Imagem de destaque05 Mar 2020, 08:00

Assistimos, na passada terça-feira, ao anúncio da saída de Silas e, acto contínuo, ficámos a saber o nome do seu sucessor, Rúben Amorim, proveniente do Sporting de Braga, nosso concorrente directo na luta pelo terceiro lugar.

Infelizmente, no futebol, este é um cenário muitas vezes visto. Portanto, dentro daquilo que deveria ser uma anormalidade, tudo está conforme os usos e os costumes “futeboleiros”.

O que foi novidade, no final do jogo de Famalicão, foi que tenha sido o próprio treinador cessante a comunicar que era o seu último jogo, bem como o nome do seu sucessor, na sequência de alguns dias em que ambos os cenários (a saída de Silas do comando da equipa, após o jogo, e a contratação de Rúben Amorim) foram amplamente anunciados na imprensa. Acresce que Silas não teve ninguém da estrutura a acompanhá-lo nessa conferência de imprensa, que pudesse escudar um homem que, dignamente, explanou as razões para a sua saída.

De Varandas é que nem uma palavra, como é apanágio da sua forma de liderar, que se confunde, bastas vezes, com o antónimo do próprio termo. Não apareceu, sequer, para agradecer a Silas que, bem ou mal, acabou por ser o rosto de um projecto desportivo que é da exclusiva responsabilidade da administração da SAD. Silas foi apenas mais um peão na falhada visão de Varandas para o futebol do Sporting. Ele que considerou “fácil” pôr a equipa profissional de futebol nos eixos, logo após ter sido eleito. O problema é quando a fantasia se cruza com a realidade e a única facilidade real, que nos é possível observar, é a forma como se contratam e despedem treinadores, que vão ocupando, à vez, a cadeira, sempre em prejuízo da tesouraria da SAD.

Estou convicto de que Frederico Varandas, no exercício do seu mandato, estava absolutamente certo da sua escolha, quando contratou Marcel Keizer. E mantenho a mesma convicção sobre a certeza no espírito de Frederico Varandas, quando escolheu Silas.

Por estar convicto das mesmas certezas, sobre Ruben Amorim, é que temo que ele dure tanto quanto os outros que mencionei, com os custos que se adivinham. Especialmente porque Frederico Varandas é muito dado a “sentimentos” para tomar decisões importantes, ao invés de os pôr de lado e tomar decisões racionais, assentes em dados concretos e factuais, que façam pressupôr que determinada pessoa fez o suficiente para poder ser considerado para a posição de treinador de futebol do Sporting Clube de Portugal. Na realidade, dos três treinadores contratados, nenhum apresentava currículo para tal escolha.

O Sporting, neste momento, dista 4 pontos do terceiro lugar e 5 do sétimo classificado. A possibilidade de se verificar o pior cenário possível não é uma realidade meramente alternativa. Portanto, a questão que coloco é: como é que se segura um treinador para uma nova época, se o final desta correr ainda pior do que tem corrido?

Seria desastroso, do ponto de vista financeiro, ter que despedir Rúben Amorim, o que espero que não aconteça. Assim como espero que o Presidente, à terceira tentativa (não contando com os interinos), consiga acertar no treinador, providenciando-lhe os recursos humanos necessários ao sucesso, que não proporcionou a nenhum dos outros que contratou anteriormente. Vamos esperar que o Presidente e a sua equipa tenham a objectividade de ouvir a opinião do treinador, na hora de contratar algum atleta, inibindo-se de “sentir” que sabem quem são os jogadores de que o plantel necessita, sem que o líder de balneário tenha oportunidade de fazer conhecer o diagnóstico.

O “all in” da última administração nomeada por um CD eleito pelos sócios, deixou activos transaccionáveis, que já renderam perto de 190 milhões de euros e que têm permitido à actual direcção ir gerindo a situação. Andamos há ano e meio a ouvir que o clube não tem dinheiro, que a herança era muito pesada e que os insucessos se deviam aos “outros”.

Fico contente por saber que a austeridade acabou. Espero que, no mesmo sentido, se acabem as débeis justificações alicerçadas em qualquer espécie de herança e que, 10 milhões de euros depois, não tenhamos que ouvir dizer que o treinador mais caro da história do futebol português (internamente, pelo menos), afinal, não serve e que é o único responsável pelos insucessos da equipa.

Frederico Varandas tem saltado de fracasso em fracasso, empurrando a responsabilidade para terceiros, sem nunca dar a cara pelas suas escolhas, nem assumir as consequências que cada caso impunha. Também não se portou como uma pessoa crescida para com alguém que, por sportinguismo, assumiu a posição de treinador, num contexto difícil, sob promessas nunca cumpridas de lhe serem concedidas melhores condições de trabalho. Depois de semanas debaixo dos holofotes do insucesso, assumindo a responsabilidade por uma equipa que ele não formou, o mínimo que o treinador merecia era ter um Presidente com dignidade humana ao seu lado, no momento da despedida, para lhe agradecer o agravo de ter escudado a evidente incompetência na gestão do futebol profissional. Tal omissão é grave, por parte do Presidente, que se escusa a ser o líder que apregoou que seria.

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