Ontem o Sporting deu, definitivamente, o título ao Porto, ao deixar-se derrotar em casa pelo Benfica. Num jogo que requeria astúcia e sangue-frio por parte dos Leões, foi precisamente o contrário o que aconteceu. A meio da semana, o rival foi a Liverpool empatar a três golos enquanto, ao mesmo tempo, Amorim presenteava os seus jogadores com uma folga na quinta-feira (1). O que ontem pareceu, no estádio, é que a folga foi mais cansativa que jogar com os comandados de Jurgen Klopp. O Benfica apresentou-se de forma recuada, mas coeso e concentrado no jogo. Já o Sporting expressava o seu “mind-set” com o lance de Paulinho que, isolado, perdeu referências espaciais enquanto rodopiava rematando fraco e para fora. Ao minuto 14, Neto e Coates, quais centrais dos distritais, deixaram a uma bola bombeada bater no chão, atrapalharam-se um ao outro, deixando Darwin solto para marcar. Estava feito o 0-1 e ainda mais complicada a missão. Isto porque como se comprovou, mais uma vez, Ruben Amorim não tem um “plano B” para quando os adversários se colocam em vantagem e o manietam taticamente.
Após o intervalo, esperava-se que a equipa de Rúben Amorim conseguisse pôr a cabeça no lugar aos seus jogadores. E diga-se que, durante os primeiros cinco minutos, houve esse lampejo de foco, com Nuno Santos, sempre ele, a ter que assumir o um contra a um, a fazer um belíssimo cruzamento para Sarabia cabecear á barra. Mas foi sol de pouca dura. Poucos minutos depois, num lance quezilento, onde Paulinho se envolveu com Vertonghen quebrou o ritmo de jogo que o Sporting tanto precisava. E o jogo caiu de novo para onde o Benfica se sentia confortável. Sporting a circular a bola, mas sem tentativas de penetração, em que ninguém assumia essa iniciativa, acabando os lances invariavelmente com Nuno Santos a ter de centrar para área, onde ninguém aparecia. E, se o problema do Sporting era precisamente inteligência e organização do seu jogo, Ruben Amorim rebenta com a equipa de vez quando, aos 69 minutos, retira Sarabia. Muita posse de bola, mas sem qualquer intencionalidade e o Benfica cada vez a tornar-se mais afoito no contrataque, perante a organização cada vez mais caótica do Sporting. Foi, pois, neste cenário, para quem já viu muitos jogos de futebol, que o Benfica chegou com naturalidade ao 0-2, em mais um lance ao nível duma distrital, com quatro (!) jogadores leoninos atrás de Darwin, deixando dois benfiquistas soltos, tendo Gil Dias faturado aos 90+2. O jogo acabou pouco depois, deixando o Sporting com vantagem direta sobre os encarnados, dado ter vencido por 1-3 na primeira volta.
Este foi um momento doloroso, mas de confronto com a realidade. Tenho vindo a escrever, como na passada crónica de março, que o pior que se pode fazer, tanto na vida, como no desporto, é “meter a cabeça na areia” e inventar mistificações para os resultados menos bons (2). Que desde a passagem do ano que o foco da equipa não era o mesmo. Que nos jogos “a doer”, desde janeiro, se perdeu em casa com o Braga, se foi goleado em casa pelo City e se perdeu a primeira mão da meia-final da taça de Portugal para o Porto, num jogo em que desligámos estranhamente, após estarmos a ganhar. “O pior cego é aquele que não quer ver” já diz o povo… Se havia algo exemplar na forma como Ruben Amorim escalonava jogadores, no ano passado, era que não se olhava ao nome, nem à idade, mas sim ao desempenho que davam á equipa. Este ano parece haver lugares cativos, como sãos os casos de Pedro Gonçalves e Palhinha, jogadores que todos gostamos, mas que, com a sua forma atual, é evidente a olho nú que não podem ser titulares no Sporting, neste momento. Já no artigo de há duas semanas tinha dado este toque (3). Na altura escrevi-o contra corrente, muitas vezes incompreendido por alguns leitores. O “arrufo” com Slimani na semana passada, era, para quem já não se deixa enganar, um indício claro que as coisas não estavam bem. Os sinais, como demonstrei, que a equipa estava a baixar a sua competitividade já cá estavam há muito. Muitos é que não os quiseram ver. Aguardo pois com expectativa o resultado do jogo desta quinta-feira, no Dragão, para a 2ª mão da Taça de Portugal, onde o Sporting necessita de marcar, pelo menos, dois golos. A qualificação para o Jamor será uma redenção. A eliminação poderá ditar um final de época com um travo amargo. Esperemos, pois, voltar ao Jamor…
Se já a derrota, por 0-4, com o Benfica na Youth League foi desagradável (4), este foi também um fim de semana desastrado nas modalidades. No basquetebol, perdemos também contra o Benfica, por 78-79, na segunda fase do campeonato, onde ainda não vencemos (5). No hóquei em patins também falhou a conquista da Golden Cup, que o Benfica viria a conquistar na final, frente ao Óquei de Barcelos (6). Honra seja feita ao “parente pobre”, o voleibol do Sporting, que se qualificou para a final do playoff para disputar o título nacional (6). Se se dispensa os exageros doutros tempos, também não se deve assistir a este acumular de desaires, de forma transversal, sem que ninguém dê uma justificação ou uma palavra de motivação e incentivo para mudar o curso. O segredo, tanto na vida, como na gestão desportiva, está em olhar com olhos de ver o que temos á nossa frente, apontar as falhas e atuar na hora certa.
Diretor Leonino
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