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O ZÉ DAS MEDALHAS E O FRED DAS DERROTAS…
Onde está agora a fanfarronice de Varandas em comparação com o final da época passada a gabar-se que tinha tido os melhores resultados dos últimos 17 anos e chamando para si todos os louros?
Imagem de destaque17 Jul 2020, 09:45

Na semana passada, após a publicação da crónica em que, reconheço, fui contundente, embora factual, pensei que o tema desta semana seria mais ligeiro. Desde logo porque quis acreditar que a senda de resultados positivos e a sorte gigantesca que Rúben Amorim tem tido ao longo da época e sobretudo no Dragão, enquanto treinador do Braga, se iria repetir e assim o FC Porto não faria, como acabou por fazer, a festa do título à nossa custa. Realmente o FC Porto falhar dois penaltis, para além de todas as incidências e azar naquele jogo contra o Braga de Amorim era irrepetível e Sérgio Conceição, com um plantel limitado e também com “miúdos” conseguiu chegar ao título.

É de facto um grande treinador e condutor de homens e não iria desta vez desaproveitar a oportunidade de se sagrar campeão, contra um rival histórico, mas que esta época deixou de o ser. É com genuína tristeza que o digo, mas o Sporting CP está novamente a vinte pontos do recém sagrado campeão e sem possibilidade de chegar ao segundo lugar.

Onde está agora a fanfarronice de Varandas em comparação com o final da época passada, que não preparou e com uma super equipa que herdou da direcção anterior, a gabar-se que tinha tido os melhores resultados dos últimos 17 anos e chamando sem pudor, para si, todos os louros? Aprendi em tempos uma expressão da ilha da Madeira que diz: – “Cumprimentar com o chapéu dos outros”. Foi o que ele fez.  Ainda o estou a ver no dia da sua eleição, no palanque, no primeiro dos “brilhantes” discursos que o têm celebrizado, de medalha na mão, a prometer títulos e mais títulos.  Acompanhava-o o inefável e sempre presente Rogério Paulo. Lembrei-me nessa altura da divertida personagem da novela Roque Santeiro dos idos anos oitenta, – o Zé das Medalhas, superiormente interpretada pelo falecido Armando Bógus e das suas parecenças físicas com ele.  Com a derrota de quarta-feira a presidência de Varandas e os órgãos sociais que ainda o acompanham ficam oficialmente (infelizmente para o Sporting CP) com o record negativo do maior número de derrotas oficiais numa época desportiva dos 114 anos do nosso clube.

Varandas prometia Medalhas e títulos, afinal ele é o Fred das derrotas…

Como um mal nunca vem só, foi ontem anunciada a renumeração dos sócios do Sporting CP. É realmente espantoso como o Conselho Directivo e a Mesa da Assembleia Geral têm prosseguido com a estratégia de aplicar o seu conceito de um Clube para poucos (eles).

É preciso compreender que a instabilidade directiva dos últimos anos afastou sócios, a divisão do Clube, promovida sobretudo por este Conselho Directivo afastou sócios, a própria dinâmica do Sporting CP que leva a ondas de entusiasmo e filiações ou a largos períodos de depressão como o que estamos a viver, também afastou sócios.

Na renumeração de 2015 o critério aplicado foi o de retirar das listagens os associados, entretanto falecidos, mas dar a oportunidade a muitos sócios que estando momentaneamente afastados pudessem a qualquer momento pagar as suas quotas ou negociar um dos vários planos de pagamentos possíveis e retomar a filiação plena. Quisemos transmitir uma imagem de Clube aberto, inclusivo, que promove as presenças, mas respeita as ausências. Nunca quisemos afastar ninguém e temos tantos e tantos exemplos de sócios que se afastam por muitos anos e depois decidem regressar por um impulso. A base de dados do Sporting CP não se apaga e aqueles que se afastaram da família, não deixam de ser da família.

Apesar da enorme redução no número de sócios que este Conselho Directivo entendeu promover, espero ainda assim que as políticas de recuperação de sócios se mantenham e que quem foi eliminado agora possa, pagando, retomar a sua filiação plena.

Não deixo de constatar a pressa com que foi tomada esta medida. Em plena crise financeira, com a descida do Produto Interno Bruto, com a incerteza que grassa nas nossas famílias, com o desemprego a aumentar e ainda sobre o espectro da pandemia, o Conselho Directivo toma uma decisão agressiva para muitos, afastando de forma insensível e burocrática dezenas de milhares de sócios, em vez de os tentar agregar.

Em contraponto, verificamos que este Conselho Directivo deixou de promover a estatutária Gala Honoris Sporting, adiou o Congresso do Sporting CP por duas vezes, uma delas por falta de interesse e de inscrições, não voltou a organizar o Congresso dos Núcleos e a Assembleia Geral de aprovação de contas de Junho foi adiada por causa do Covid 19. Note-se que os nossos rivais fizeram uma aprovação de contas e uma Assembleia Geral eleitoral neste mesmo período.

No início dos anos 90, surgiu na Califórnia, uma banda de hard rock os – Rage Against the Machine, com um discurso de protesto e reivindicação social. Do seu reportório destaco a música – “Killing in the name of” que neste período que vivemos no nosso Clube gosto de relembrar e ao som do qual me inspirei para esta crónica.

Nota: Ainda sobre o Zé das Medalhas recomendo a visualização de um trecho de um episódio do Roque Santeiro que é de uma forma humorística uma analogia da situação actual… (A mão na titica e o consenso do palitim pititim). Roque Santeiro

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