Iniciando-se a Semana Santa que, de acordo com a tradição cristã, começou ontem, no Domingo de Ramos e termina no Domingo de Páscoa, a maioria de nós continua em casa, atrasando o avanço de um inimigo invisível, ganhando tempo para que, enquanto sociedade, possamos aguentar o embate desta ofensiva silenciosa, com o mínimo possível de fatalidades. A este propósito, referência para um estudo intitulado “Pandemias deprimem a economia, as intervenções de saúde pública, não: evidências da gripe de 1918” (1), por investigadores norte-americanos, no qual se conclui que as cidades que foram estritas e rigorosas, até ao fim, com as medidas de isolamento social, mantiveram a sua capacidade intelectual e operacional, para após a pandemia, se reerguerem rapidamente e ultrapassarem até outras que não foram tão cuidadosas (2). Pois então, mantenhamo-nos, nós, e os que nos são próximos, resolutos, neste braço de ferro com o Covid-19, que, em terras Lusas, não está a ser tão implacável como nas martirizadas Itália e Espanha.
No mundo do desporto, com enfoque para o futebol, os ajustes e restrições não param. Neste momento, até na endinheirada Premier League, os clubes estão em conversações para que osfutebolistas tenham um corte de 30% nos vencimentos (3). Liverpool, Tottenham, Norwich e Bornemouth já têm os seus funcionários, excluindo futebolistas, em situação de layoff (4). No caso do Tottenham, são cerca de 550 pessoas nesta situação (5).
É pois preocupante a situação atual do Sporting. Com um Presidente ausente, por imperativo do Estado de Emergência, após a contratação estratosférica de Rúben Amorim, por 10 milhões de euros, com um plantel desvalorizado pelas más opções tomadas por quem o construiu e geriu (6), uma demissão do administrador que tinha o planeamento estratégico, os sócios e acionistas continuam sem saber quem está ao leme, que soluções estão a ser pensadas, como se vai contornar a quebra de receitas. Um plantel que passou a época em “serviços mínimos” vai continuar a receber a 100%? Rúben Amorim vai receber a 100% para treinar no sofá? Os funcionários do Sporting vão ser postos em layoff? Tudo questões que devem ser esclarecidas aos sócios e acionistas, por quem estiver a liderar o Clube e SAD, que espantosamente não são exploradas pela generalidade da imprensa.
Esta semana, veio a mesma imprensa fazer um apelo contra a partilha por email, WhatsApp e redes sociais, numa clara violação dos direitos de autor à totalidade dos jornais e revistas nacionais (7). A missiva assinada, entre outros, por Otávio Ribeiro, Vítor Serpa e Bernardo Ribeiro exorta mesmo os leitores a assinarem as edições digitais das publicações, de forma a mitigar a “ameaça à sustentabilidade financeira das empresas, à informação livre e independente e no limite põe em causa milhares de postos de trabalho” (7). Partilhando destas preocupações, sendo também o Leonino vítima de uso abusivo dos seus artigos, por parte de terceiros, não obstante ser jornal online registado na ERC, refletiria, primeiro, por que razões os clientes, os leitores, muitas vezes não estão disponíveis para custear esse trabalho. Talvez Henry Ford já o tenha descoberto quando afirmou: “The man who will use his skill and constructive imagination to see how much he can give for a dollar, instead of how little he can give for a dollar, is bound to succeed” (8). Pela parte do Leonino, faremos sempre jornalismo sério, publicando o que temos a publicar, doa a quem doer, pois acreditamos que é na qualidade do conteúdo que se conquista os leitores.
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