

“Quartos com Varandas” daria um bom título para um livro ou para um filme, mas adequa-se à Administração da Sporting Futebol SAD desde que Frederico Varandas é o Presidente do Conselho de Administração desta sociedade e no que concerne à prestação desportiva da equipa mais representativa da mesma.
Conforme relatos da imprensa, em 20 de Julho de 2018, durante uma ação de campanha para a eleição desse ano, na qual viria a ser eleito presidente, Frederico Varandas disse: “Preocupa-me muito mais o futebol que as modalidades. Preocupa-me muito mais o facto de investirmos quase 70 milhões na equipa principal e ficarmos em terceiro lugar, com o Braga, que tem um terço do nosso orçamento, a roer-nos os calcanhares. Preocupa-me o facto de em cinco anos termos ficado três vezes em terceiro lugar. É preciso ser mais competente: acertar mais, falhar menos.”
Passadas que são 5 épocas desportivas completas desde a afirmação anterior, a equipa sénior masculina de futebol do Sporting registou a seguinte prestação desportiva na Liga: 2018/2019-3º, 2019/2020-4º, 2020/2021-1º, 2021/2022-2º e 2022/2023-4º.
Relativamente à época 2018/2019, Frederico Varandas pode argumentar que não foi a equipa de Administradores da sociedade que gere o futebol, liderada por si, que planificou a época, pois apenas iniciaram funções em meados de Setembro de 2018 e já com o mercado de transferências desse verão encerrado, se bem que com uma situação de capital próprio positivo no valor de 549 mil euros (R&C Sporting Futebol SAD – 1ºTrimestre 2018/2019) herdada da Administração que dirigiu a sociedade desportiva no período da Comissão de Gestão.
No entanto, o mesmo já não se pode dizer das quatro épocas seguintes, onde o Sporting terminou o campeonato metade das vezes na 4ª posição, e precisamente atrás do Braga que terminou na 3ª posição. Apesar da conquista do título de campeão nacional na temporada 2020/2021, já são mais os quartos que primeiros lugares desde que Frederico Varandas é Presidente, com o Braga a passar à frente do Sporting por metade das vezes (em 3º) em quatro épocas completas da sua presidência. Mais importante que ganhar é, de facto, continuar a ganhar e isso não se tem verificado, pois desde que o Sporting foi campeão nacional tem vindo a terminar o campeonato continuamente em posições inferiores às épocas imediatamente anteriores e na época que agora termina atrás de um clube com gastos operacionais claramente inferiores ao Sporting.
Desconhecem-se ainda os Relatórios & Contas do exercício económico em curso (2022/2023) de ambas as sociedades, mas acredita-se que os gastos operacionais não devem ser substancialmente diferentes da época 2021/2022, em que o nível da SAD do Braga foi sensivelmente 1/3 relativamente à SAD do Sporting, em termos de gastos operacionais. Mais, verifica-se que o Braga não conseguiu, nas últimas quatro épocas ficar acima da 3ª posição, e que quando o conseguiu (por metade das vezes) ficou apenas acima do Sporting, e não dos outros dois maiores rivais, o que me leva a concluir que isso aconteceu muito mais por demérito do Sporting do que por mérito do Braga, face ao nível comparativo de gastos operacionais das respetivas SAD´s.
Se o 4º lugar da época 2019/2020 pode ser explicado pelas várias trocas de treinador (de Marcel Keizer a Ruben Amorim, passando por Leonel Pontes, Tiago Fernandes e Silas), o 4º lugar de 2022/2023 pode ser explicado em grande parte pelos equívocos na planificação da temporada por parte da Administração da Sporting SAD, com saída de jogadores importantes do plantel no mercado de verão, e que nunca foram devidamente substituídos, o que retirou competitividade e profundidade ao plantel que enfrentou a época que agora termina, em que o caso mais paradigmático foi a saída de Matheus Nunes, imediatamente antes de um clássico e já muito perto do fecho do mercado.
Mais, na época que agora termina (2022/2023), era extremamente importante a qualificação para a edição da Champions League 2023/2024 face ao impacto muito significativo dos rendimentos provenientes desta competição para os resultados operacionais, e porque sem esses rendimentos será (quase) inevitável recorrer à alienação dos passes de alguns dos jogadores mais valorizados do plantel através de rendimentos (não operacionais) de transação de jogadores, sendo que nesses casos (Ugarte, Edwards e Pote) o Sporting não é detentor da totalidade dos passes, por forma a conseguir manter o nível de gastos operacionais ao mesmo nível das épocas anteriores e para manter uma situação de capital próprio positivo.
Por outro lado, temo que a alienação de alguns desses ativos possa colocar em causa o nível competitivo necessário para o plantel enfrentar a época 2023/2024, considerando que em função do ranking da UEFA apenas o campeão nacional se qualificará diretamente para a nova Champions League em 2024/2025 e apenas o vice-campeão nacional participará nas eliminatórias e no play-off de acesso à primeira edição do novo formato da nova Champions League em 2024/2025, em que os rendimentos para os clubes participantes serão substancialmente superiores aos distribuídos pelos mesmos no figurino atual, mais que não seja porque a fase de grupos da competição terá, futuramente, dez jogos em vez dos seis jogos atuais.
Por último, alerto ainda para o facto dos clubes portugueses que ficarem fora da Champions League, face aos que estiverem presentes nesta competição, poderão ver diminuir substancialmente e ainda mais a sua capacidade competitiva, quer por via da ausência/diminuição de rendimentos dos clubes que não estarão presentes, quer por via do aumento dos rendimentos dos clubes que estarão presentes, o que torna ainda mais a participação no novo formato da Champions League num fator crítico de sucesso para qualquer clube português.
Faço votos para que o Sporting seja campeão nacional de futebol na época 2023/2024 e desta forma se possa qualificar automaticamente para a fase de grupos da primeira edição da nova Champions League em 2024/2025.
Saudações leoninas!














Fartico Massi
Boa tarde Ainda não perceberam. Pinto da Costa não dura muito, a comunicação social desportiva está infestada de toupeiras, o Braga está em afirmação. Serem quartos é o novo normal, por mais varandas panorâmicas que julguem ter.

Kolmeia Kolmeia
Muito bem! Excelente análise, factual e sustentada! Sporting Sempre!
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.