Um dos traumas do nosso clube, depois do ataque à Academia, foram as rescisões dos nossos jogadores. Um por um, foi uma dor ver sair Rui Patricio, Bruno Fernandes, Bas Dost e os outros. Foi muito duro. Poucos clubes conseguiriam sobreviver a uma debandada deste género. Perder William? Perder Gelson Martins? Eram a base da nossa equipa. Eram a nossa espinha dorsal.

Um deles então fez imensa confusão na altura. Falo de Rafael Leão. Um talento puro. Era evidente que no ano seguinte o Sporting seria Rafael Leão e mais dez. Não foi. Ao longo destes dias temos lidos as histórias, os SMS e um conjunto de casos que nos fazem colocar em dúvida o futuro desse talento enorme que é Rafael Leão. Mas talento por si só não chega. É preciso cabeça. É preciso estabilidade emocional e familiar. O jogo não é apenas fintas e golos. Existe toda uma preparação mental, uma necessidade de auto controlo, de sacrifício e muito empenho. Não preciso de referir Cristiano Ronaldo, para todos entendermos que um bom jogador pode ser um bom jogador, mas para ser um grande jogador precisa de muito mais.

Rafael Leão podia ser, de facto, um desses grandes jogadores. Tinha tudo.

Não sei o que o futuro lhe reserva. Sei que esta situação financeira vai pesar. E também sei que o Sporting não pode facilitar. Tem o direito de receber a indemnização. E deve pugnar pelos seus direitos todos.