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RANKED CHOICE – 2ª VOLTA À PRIMEIRA VOTAÇÃO
O argumento a meu ver falha, pois, ninguém garante que uma 2ª volta tenha mais eleitores que uma 1ª.
15 Ago 2020, 09:00

Na semana passada saiu a notícia que o PMAG Rogério Alves aceitará discutir numa próxima AG o tema da 2ª Volta Eleitoral, após reunião com Fernando Tavares Pereira, Coutinho Duarte e Vitalino Canas. Esta semana um grupo de Sócios, com Poiares Maduro à cabeça, publicou uma proposta em que também a 2ª volta é introduzida.

A primeira vez que vi alguém defender uma 2ª volta foi André Dias Ferreira que iria levar essa ideia ao Congresso de Beja e muito gentilmente partilhou-a, a essa e outras suas ideias, com o Sou Sporting para serem analisadas e debatidas no âmbito do 1º Congresso Sou Sporting organizado em Coimbra.

Os argumentos de quem defende a 2ª volta giram à volta de ser necessário dar mais representatividade a quem está no cargo, em virtude de a 2ª Volta ter como resultado final uma votação acima dos 50%.

O argumento a meu ver falha, pois, ninguém garante que uma 2ª volta tenha mais eleitores que uma 1ª, bem como não fará com que os Sócios que habitualmente não votam por razões de distância geográfica, ou outras, o façam, diminuindo a abstenção. Só a diminuição da abstenção, constantemente acima dos 50% nos atos eleitorais, aumentaria a representatividade. Ou seja, a pergunta que deixo é: quem tem maior representatividade, alguém que tem 51% entre 20.000 votantes? Ou quem tem 30% em 50.000? “É fazer as contas” já dizia o atual Secretário Geral da ONU.

Também temos exemplos no Sporting de presidentes eleitos com maiorias esmagadoras, que não conseguiram ver o fim dos seus mandatos, parecendo que não é tanto o resultado obtido nas eleições, mas sim a prática do exercício do cargo que determina a estabilidade e longevidade do mesmo.

Quem defende uma 2ª volta também não estará a pesar, em minha opinião, os pontos menos positivos que esta opção traz consigo, senão vejamos:

  1. A sociedade e o Sporting em particular estão cada vez mais polarizados, e uma 2ª volta iria agudizar essa situação pelas características da mesma.
  2. O arrastar do processo eleitoral pode prejudicar decisões urgentes no Clube. Imagine-se que uma direção no poder não passa à 2ª volta, o que acontecerá durante esse tempo, sabendo-se que está a poucos dias de sair, mas ainda na posse de todos os direitos?
  3. Potenciador de acordos “secretos” para negociar o apoio em troca de lugares com a lista que ficou em 3º lugar.
  4. Protege os candidatos do Status Quo, e desfavorece a entrada em competição de “caras novas”.

Para se ter a garantia que a escolha é feita a uma só volta e com o maior apoio possível há uma metodologia eleitoral que o falecido e ex candidato presidencial dos EUA, Senador John McCain, e o então Senador e futuro Presidente dos EUA, Barack Obama defenderam: a RANKED CHOICE, uma escolha múltipla com ordenação do candidato, do mais preferido ao menos preferido. Passo a explicar.

Imaginemos que existem 4 listas a concorrer, A, B, C e D. Os eleitores em vez de votarem no seu escolhido ordenarão por ordem de preferência. Exemplo para o eleitor X:

  • em 1º a lista C,
  • em 2º a lista B,
  • em 3º a lista D e
  • em 4º a lista A.

A contagem dos votos é feita ordenando-se as listas pelo número de votos obtidos em 1ª opção. Imaginemos que após a contagem da primeira opção a eleição está da seguinte forma:

  • lista A 31%
  • lista B 30%
  • lista D 25%
  • lista C 24%

Como nenhuma atingiu os 50% +1 votos, então os votos da lista que ficou em último lugar, que neste caso foi a Lista C, vão ser redistribuídos pelas restantes listas. Para tal é escolhida a 2.ª opção dos sócios que votaram nesta lista e os seus votos serão redistribuídos pelas restantes. O processo é repetido até ser encontrada uma lista com 50% + 1 votos.

Assim, e por simplificação digamos que 95% dos votantes na lista C votaram em 2ª opção na lista B e os restantes 5% na lista A. Desta forma estaria encontrado o vencedor das eleições, a Lista B com 52,80% dos votos, seguida da lista A com 32,20%.

Esta metodologia além de desincentivar as práticas e consequências menos positivas que apontei acima, introduz um fator de inovação, é potenciador de candidatos de fora do Status Quo, potencia o poder do eleitor alargando o espetro da sua escolha votando em consciência e não tanto em quem na sua opinião tem mais hipóteses de ganhar, acabando com o chamado “voto útil”, evita que o Sócio eleitor numa 2ª volta vote no “menos mau” ou exerça um voto negativo de “votar neste para o outro não ganhar”. Todos os benefícios nenhum dos problemas, a metodologia Ranked Choice, a melhor para o Sporting.

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