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ROLETA DE ALVALADE
Com a contratação de um novo treinador, foi assumido que o objectivo é preparar, desde já, a próxima temporada.
Imagem de destaque12 Mar 2020, 16:00

Nos jornais apareceu, rapidamente, uma notícia de que o Sporting, na óptica do seu novo treinador, careceria de 7 novos jogadores. Por certo, o investimento necessário para tal desiderato poderá não ser pequeno.

Se pensarmos que, no período da Comissão de Gestão conjugado com o actual mandato, saíram do clube Viviano, Demiral, Domingos Duarte, Matheus Pereira ou Dost, eu diria que uma parte significativa dos desejos do novo treinador estariam preenchidos.

Acresce que as transferências destes elementos são de monta reduzida, atendendo ao contributo que cada um deles poderia ter dado, sendo quase certo que o valor de receita, pelas respectivas transferências, deverá ser insuficiente para contratar jogadores de igual valia.

Tal circunstância é demonstradora daquilo que não deveria ser a visão para o futebol profissional.

Desde então, já se gastou uma soma muitíssimo considerável em atletas cujo contributo tem sido diminuto, o que demonstra uma ineficaz aplicação dos recursos financeiros disponíveis, bem como um ineficaz aproveitamento dos recursos humanos à disposição.

Exemplo disso é a notícia da disponibilidade da administração em negociar a saída de Doumbia. Sobre este atleta, eu não diria que se trata de um atleta sem potencial. Mas era, claramente, um elemento com o potencial de valorização desportiva, que deveria ser nutrido e desenvolvido. Desde o início se viu que não seria uma solução imediata para a posição 6. Porém, de forma quase unânime, se lhe reconhecia potencial para, no futuro, poder desempenhar tal função. A notícia que mencionei é, para mim, uma enorme surpresa e a confirmação de que muito há de errado no processo de detecção e escolha de talentos para o plantel principal.

Desconheço o nível de envolvimento dos treinadores na definição das prioridades para a constituição do plantel. Mas não deixo de pensar que não deverá ser particulamente importante, se puxar à memória as declarações dos diferentes treinadores que, de forma frenética, têm chegado para logo partir.

A partir desta confusa gestão do futebol profissional, temos todo um percurso competitivo negativo que, por inerência, incrementa a pressão sobre a administração da SAD.

Recordo um tempo antigo, em que um novo Presidente trouxe uma equipa de gestão profissional para o futebol, que entendeu que seria uma boa medida contratar 19 novos atletas para o plantel principal e poupar no treinador. Foi um completo desastre, como se sabe, e Frederico Varandas deveria ter aprendido algo com tal episódio, porque o viveu de perto, depois de suceder ao Dr. Gomes Pereira, como director clínico, em circunstâncias algo turbulentas relacionadas com as contratações de um par de atletas que não estaria em condições de corresponder positivamente aos exames clínicos, que sempre antecedem qualquer contratação.

Pois bem, o desastre não é da mesma dimensão, mas ainda o pode ser, infelizmente. E tal leva-me a pensar no que estaria a passar pela cabeça de Frederico Varandas, quando tomou certas decisões para o futebol.

Por muito eclético que o Clube seja (como é), o futebol continua a ser a modalidade de referência e aquela que mais anseios desperta. Por essa razão, torna-se, para mim, incompreensível como é que foi possível tanto negligenciar esta área, que é vital para quem comanda o Clube e a SAD.

Resta-me desejar sorte ao novo treinador, embora me pareça que tal dependa, em grande medida, do poder que lhe será conferido. Se o novo treinador não tiver esse poder, o mais provável é que se demita em rota de colisão com a actual direcção. Quanto a Frederico Varandas, desejo que aprenda com os erros alheios do passado mas, fundamentalmente, com todos aqueles que ele próprio cometeu, muito recentemente.

No fundo, o que me parece, perante tamanho esbanjamento dos recursos disponíveis, é que o problema do Sporting não é falta de dinheiro. O problema do Sporting é haver demasiado dinheiro disponível, para tão pouco conhecimento sobre futebol, onde se aposta dinheiro na roleta, ao melhor estilo de Las Vegas.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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