SANGUE FRIO

Pedro Geada

SANGUE FRIO

É também por aqui que, ao expormos, a todos, as nossas divisões e discussões, nos tornamos presas fáceis para o “Sistema”.

01 Fev 2021, 09:10

Hoje é dia de derby. Com a pandemia a ensombrar as nossas vidas, este será um derby diferente, sem público nas bancadas. Será esta uma vantagem ou desvantagem para o emblema verde e branco? Há um ano, escrevia que a ultima vitória caseira para o campeonato, sobre o seu arquirrival, datava de 9 Abril de 2012, com Jorge Jesus no banco dos encarnados (1). Se desta vez a presença no banco do treinador encarnado é uma incógnita, na altura questionei-me sobre que motivo o fator casa parecia jogar contra o Sporting. Será que a presença de público aumentava a ansiedade, não dando espaço a racionalidade necessária para, tendo em conta que o futebol é um jogo, saber dar a volta aos rivais? O que é facto é que tem de haver uma explicação para o facto de, nos recintos verde e brancos, existirem 32 vitórias para cada lado, em jogos a contar para o campeonato (2). Daí, o que se espera, dado ate o avanço pontual de seis pontos, é que o Sporting utilize de astucia e sangue frio para levar de vencida o seu oponente. Este será um desafio interessante para ver o que Rúben Amorim pode fazer, perante uma equipa orientada por Jorge Jesus.

Na passada terça-feira, o Sporting fez o que lhe competia no Bessa: ganhar. Como tenho vindo a reiterar nas últimas cronicas, a dinâmica de vitória é um bem mais importante que a troca de um ou dois jogadores, por lesão ou castigo. A conquista da Taça da Liga custou-nos Pedro Gonçalves, no Bessa, campo historicamente difícil para os Leões. A vitória sobre os axadrezados, custou-nos a (infame!) ausência de Palhinha. Ruben Amorim lançou-o (e bem!), nesse jogo, Palhinha numa fase critica quando, a vencer apenas por 0-1, o meio campo leonino perdia fulgor. Porro marcou o 2º golo e, minutos depois, Palhinha foi admoestado de forma implacavelmente canina por Fábio Veríssimo e irá ficar de fora do jogo de hoje.

Muitos foram os adeptos Sportinguistas que, nas redes sociais e de forma desbragada, se entretiveram a criticar Ruben Amorim por ter posto Palhinha em jogo, originando mais um festival de discussões e refregas, para gáudio dos nossos adversários. Como referi, num tweet que publiquei (3), é absolutamente fantástico, que depois de uma partida complicada, em que aumentámos a vantagem pontual para o Benfica, permitindo-nos jogar hoje, em nossa casa, com a hipótese de deixar este rival “milionário” a uns contundentes nove pontos de atraso, que os adeptos não tenham mínimo de pudor e “sentido de Estado”. É também por aqui que, ao expormos, a todos, as nossas divisões e discussões, nos tornamos presas fáceis para o “Sistema”. Fábio Veríssimo deve-se ter rido à gargalhada a ler algumas das discussões fratricidas entre adeptos, sem terem em conta a instituição Sporting.

Infelizmente, também de cima, chegam exemplos de que as questiúnculas pessoais são postas á frente da instituição e de quem lhes prestou bom serviço. Não se entende, nem se pode admitir, que um clube centenário, como o Sporting, consiga endereçar, nesta semana, através das suas contas oficiais, parabéns a Ricky Van Wolfswinkel (4), ao roupeiro (5), até a Abel Ferreira (6), que aquando na sua passagem pelo Braga, parecia sempre raivoso contra o Sporting, mas é incapaz de dar os parabéns a Augusto Inácio, campeão pelo Sporting, como treinador e jogador! O Presidente Varandas e sua Direção têm de saber estar num clube grande, separando as divergências pessoais, do respeito e memória pelas pessoas que contribuíram para o enriquecimento do palmarés do Clube. O lema “Unir o Sporting”, pomposamente apresentado aos Sócios, para votarem na sua lista, devia ser efetivamente cumprido e saber colocar os interesses da instituição Sporting acima dos egos.