

Amanhã, 29 de Junho, os 84 delegados que compõem a Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol vão finalmente ser chamados a pronunciar-se sobre a atribuição dos títulos de campeão nacional das épocas que ocorreram de 1921/22 a 1937/38.
Os representantes do Sporting CP estiveram muito bem em utilizar o regimento em vigor para impor a votação do parecer que o Clube já tinha apresentado em 2016 e que foi reforçado em 2020.
Este assunto é-me muito caro porque foi na sequência de uma intervenção minha, por sinal bastante contundente e em finais de 2017, na Assembleia Geral da FPF, enquanto cumpria o meu mandato de representante dos clubes profissionais, que o Presidente da Federação Fernando Gomes decidiu criar a tal comissão de análise.
Infelizmente, a mesma só agora e passados todos estes anos se pronunciou e de forma desastrada…
Ontem li e gostei bastante da entrevista que um dos vogais da direcção do Sporting CP deu ao jornal Record. Foi inteligente nas respostas e nas questões colocadas, sendo muito oportuna a forma como soube explicar o que está em causa. Centrou-se no essencial, que é a transparência e a verdade desportiva. Terminou referindo algo que é decisivo neste processo: ninguém perde, alguns vêem finalmente reconhecidas as suas vitórias, o futebol português fica muito mais rico pela sua efectiva diversidade, sendo que a estabilidade e hierarquia dos títulos entre os grandes mantém-se.
Porque há temas que institucionalmente um dirigente em exercício não pode debater ou falar publicamente decidi dar uma explicação mais aprofundada para ficar claro para todos.
Ora vejamos:
A composição da Assembleia Geral é composta por delegados de diversas “corporações”:
- Presidentes das 22 Associações Distritais de Futebol
- Delegados diversos do futebol amador
- Delegados dos Clubes profissionais (Liga)
- Delegados dos árbitros
- Delegados dos treinadores
- Delegados dos jogadores
- Delegados dos médicos, enfermeiros, dirigentes
Com excepção de um ou outro delegado menos esclarecido que ainda por lá anda, a esmagadora maioria deles é neutra. Sei-o porque conheço pessoalmente bastantes e que terão simpatia pela coerente, justa e competente argumentação do Sporting CP.
Daí que chamo a atenção para as três possibilidades quanto à votação que vai ocorrer. Em todas, o Presidente da Federação tem responsabilidades. Ora vejamos:
- Fernando Gomes não interfere junto dos delegados. O Sporting CP vê a sua pretensão ir avante. Como? Dos 84 delegados não há uma maioria de bloqueio. Este assunto está mediatizado e os representantes federativos querem a paz e não pretendem ficar com problemas de consciência.
- Fernando Gomes interfere junto dos delegados a favor do Sporting CP. A votação está ganha. Com a sua enorme influência e depois de todos estes anos de convivência, a posição e a vontade do líder federativo é respeitada e os delegados acompanham-no.
- Fernando Gomes interfere junto dos delegados contra o Sporting CP. A votação está perdida. Pela mesma ordem de razão do ponto acima. Uma ordem do chefe e o sentido de voto muda.
Concluindo, amanhã vamos perceber, na minha opinião, o que aconteceu. Se Fernando Gomes não interferiu, se interferiu pela pretensão do Sporting CP ou contra o nosso Clube. Nos dois primeiros casos, a vitória será clara. No terceiro caso, Fernando Gomes terá muito para explicar aos sócios do Sporting CP, do FC Porto, do Belenenses, do Olhanense, do Marítimo e àqueles que ainda se lembram do extinto Carcavelinhos.













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