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ZICO, IMPERADOR DO BRASIL, DO JAPÃO E EMBAIXADOR DO LEÃO
Na nossa História, temos Peyroteo, Travassos, Paulo Futre, Figo, Cristiano Ronaldo e temos...Zico, que insiste em dizer que dela gostava de fazer parte, apesar de nela nunca ter tido lugar.
Imagem de destaque03 Jul 2020, 10:00

Arthur Antunes Coimbra, é um cidadão brasileiro, nascido no dia 3 de Março de 1953, no Rio de Janeiro. O nome poderá não dizer nada àqueles que menos acompanham o futebol ou para os mais jovens. Mas para aqueles que, como eu, acompanham o futebol de há mais de três décadas, o nome é mais facilmente reconhecido como Zico.

Zico é o jogador maior da história do Flamengo e considerado, durante muito tempo, como o melhor jogador brasileiro…depois de Pelé. Chegou a ser apelidado de “Pelé branco”, tal era a consideração que os especialistas brasileiros de futebol tinham pelo atleta. Fez parte da equipa cujo percurso, no Flamengo, impede que Jorge Jesus tenha alcançado o maior feito da história de um clube tido como o maior do Brasil, se considerarmos o número de simpatizantes.

E porque é que estou a escrever sobre um atleta que, sendo referência do futebol mundial, nenhuma relação teve com o nosso Sporting Clube de Portugal? Porque Zico é filho de um português que também era Sportinguista. E Zico cresceu a ouvir os relatos do Sporting, lá longe no Brasil, porque o seu pai fazia questão de acompanhar a vida da nossa Instituição da maneira que era possível, naquele tempo. E por essa circunstância, Zico diz para quem quer ouvir (e em qualquer oportunidade) que é “esportinguista”. Zico é um dos nossos e não tem pejo em dizê-lo.

Também já disse, em várias ocasiões, que gostaria de treinar o nosso Clube. Recentemente, numa entrevista a um canal televisivo, voltou a afirmar que ainda acalenta o sonho de treinar o Sporting Clube de Portugal.

Para mim, que vi dezenas de vídeos do seu tempo de jogador, teria sido um sonho que ele tivesse envergado a nossa camisola, na qualidade de atleta. Era um jogador de um nível irreal. Se todos nos deleitámos com os livres do André Cruz, sobre a capacidade de Zico, nesse capítulo, só me ocorre dizer que era melhor um livre directo marcado por si do que um penalty marcado por muitos atletas que por cá passaram.

Também a sua espontaneidade para expressar o seu sportinguismo, sem nunca ter tido relação com o clube, deveria fazer corar de vergonha alguns atletas que aqui “nasceram” e que partiram para outras paragens. E ser Zico, que é um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos (e por maioria de razão, um dos melhores do Mundo) e que não precisa de dizer nada sobre o Sporting para trazer melhorias à sua vida, a expressar essa paixão, deveria ser uma lição de humildade para todos nós, para além de uma evidente fonte de admiração.

Como jogador, Zico não pôde jogar de leão ao peito. Como treinador, tenho sérias dúvidas que algum dia venha a ter a oportunidade de exercer a profissão no nosso Clube. Mas Zico, se para isso estivesse disponível, podia trazer imensos benefícios à imagem internacional do Sporting.

Zico é um símbolo enorme no Brasil e é pouco menos do que “Deus” no Japão. Dois mercados apetecíveis para o Sporting, por razões diversas. A influência de Zico, que ainda por cima é uma figura consensual que ultrapassa a divergência clubística, poderia, se bem canalizada, ajudar o Sporting na sua estratégia de internacionalização.

Certo dia, perguntei a alguém que já teve responsabilidades no Clube, como poderia uma figura desta dimensão ser útil, tendo em conta a sua motivação para fazer referências positivas à Instituição. Como resposta foi-me dito que “facilmente se poderia tornar no “embaixador” do Sporting no Brasil e no Japão. Estruturalmente, poderia integrar-se, por exemplo, na Fundação (que tem um Conselho de Honra) ou podia, perfeitamente, ser consultor do Presidente”.

Quando o nosso rival natural, no devaneio da sua megalomania, tem gente a falar em “internacionalização da marca”, ponho-me a pensar porque razão não pode o Sporting almejar a um desígnio internacional maior, quando está a nossa realidade recente povoada com jogadores de alto quilate, que deixaram a sua marca no futebol internacional (as duas Bola de Ouro são o expoente máximo disso mesmo). Na nossa História, temos Peyroteo, Travassos, Paulo Futre, Figo, Cristiano Ronaldo e temos…Zico, que insiste em dizer que dela gostava de fazer parte, apesar de nela nunca ter tido lugar.

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