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MODALIDADES NO SPORTING, QUE FUTURO?
“Tive o privilégio de viver toda a minha infância no Lumiar, certamente por isso desenvolvi uma enorme paixão por aquele que foi, até hoje, o meu único amor clubístico”
Imagem de destaque03 Jan 2023, 12:27

Foram muitas as tardes e noites passadas na velhinha Nave de Alvalade, sempre a abarrotar de gente mas, no final de cada época, eram sempre inúmeros os títulos conquistados, o que fazia do Sporting um clube eclético e, acima de tudo, dominador nas diversas modalidades onde competia. Não será por acaso que estamos a falar do quarto clube do ranking com mais títulos de campeão europeu conquistados, apenas atrás do CSKA, Barcelona e muito perto do terceiro, o Dínamo Moscovo. Afinal, foi esta a profecia lançada por José de Alvalade. Tornar o Sporting “um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”.

E hoje, o que temos? Talvez ainda um clube eclético, mas que em apenas 4 anos assistiu à extinção de modalidades com um longo historial de títulos, como são os casos do Ciclismo, Canoagem, Remo, Ténis, Voleibol de Praia, Padel e, mais recentemente e para desilusão de muitos Sportinguistas, também o Futebol de Praia do nosso querido Madjer. E tudo isto sem grandes justificações, em alguns casos sob o pretexto de não existir formação específica, como no caso do Futebol de Praia. Ao invés, temos o Automobilismo e Dressage, modalidades que, garantidamente, não têm base de formação no Clube. Não é necessária uma análise muito fina para se perceber que a narrativa apresentada para justificar a extinção de algumas modalidades cai pela base, em função do que atrás escrevi. Face ao cenário de desinvestimento nas modalidades, será que esta Direção pretende que o Sporting alcance a terceira posição no ranking europeu?

A estas decisões, naturalmente discutíveis, juntam-se as menos positivas prestações das modalidades de pavilhão na época em curso, sem que alguma delas se encontre, atualmente, em primeiro lugar na classificação. E todos sabemos da importância da classificação no “emparelhamento” para o play off. Acresce que as equipas femininas de Voleibol e Hóquei em Patins se encontram atualmente em 3º e 4º lugares respetivamente, tendo a direção retirado às atletas de ambas as modalidades o acesso às suas participações nas competições europeias de clubes da última época.

No caso do Voleibol feminino, importa referir que este direito desportivo adveio do facto do Leixões ter abdicado da sua participação. A direção do clube entendeu, uma vez mais, não assumir a sua participação europeia, tendo a vaga sido ocupada pelo Clube Kairós (Açores). Aliás, esta decisão vem no seguimento da não inscrição da equipa bi-campeã europeia de Judo (pelo 2º ano consecutivo) e, também, das equipas masculina e feminina de goalball, esta campeã europeia e que, brilhantemente, conquistou o único título mundial de clubes do SCP. Estes factos em nada dignificam um clube da dimensão do SCP, do mesmo modo que é desrespeitoso e desmotivador para as suas atletas que, semana a semana, honram a camisola do leão que envergam.

No último mês de 2022 viveram-se vários episódios lamentáveis no seio das nossas modalidades. No Basquetebol, tivemos uma agressão do atleta Travante Williams (o mesmo que fugiu à polícia na final da Taça de Portugal em futebol feminino) ao colega Derrick Fenner, agredindo-o a soco num treino da equipa, originando a saída deste por sentir insegurança para a família.

No Andebol, tivemos também uma situação com o jogador alemão Jens Schöngarth por, supostamente, ter faltado ao respeito ao seu treinador. Ainda no Andebol, parece também que os contratos de nada valem, tendo sido muito fácil ao experiente guarda-redes Manuel Gaspar abandonar o clube a meio da época.

Já no dealbar de 2022, fomos confrontados com acusações de assédio, bullying e incitamento à toma de medicação para melhoria de performance desportiva, sendo visados Ana Cardoso e João Martins, treinadores da ginástica acrobática do Sporting, bem como José Carlos Reis, diretor técnico e operacional das modalidades.

Em Junho de 2022, tivemos o anúncio da saída do treinador da equipa de Hóquei em Patins, Paulo Freitas, ainda durante o play off da meia-final, contra o SLB. Em entrevista ao jornal A Bola, deixou duríssimas críticas a Miguel Afonso, acusando-o de falta de seriedade e caráter, relativamente à sua situação profissional no clube. Importa recordar que Paulo Freitas, enquanto treinador do SCP, conquistou 2 títulos nacionais, 2 Ligas Europeias e 2 Taças Continentais. Nada tenho contra Miguel Afonso, em termos meramente pessoais mas, numa análise fria a todas estas situações, resta-me concluir a inexistência de uma liderança forte, que deverá estar sempre orientada para uma cultura de vitória, mas onde o rigor e a disciplina são fatores fundamentais. Ora, estamos em presença de alguém que foi detido na sua própria casa (entenda-se PJR), durante o decorrer de um jogo de hóquei em patins contra o nosso rival da segunda circular. E independentemente das razões que estiveram na génese da sua detenção, não me parece de todo aceitável que tal possa envolver um vice-presidente do meu clube.

Recentemente, tive a honra de participar no jantar comemorativo do 60º Aniversário do Grupo Stromp e assistir à entrega dos prémios a inúmeros atletas de várias modalidades. E, para meu espanto, constato que nem o presidente Frederico Varandas nem o recentemente eleito “Dirigente do Ano” e Vice-Presidente para as modalidades, Miguel Afonso, estavam presentes em tão importante evento. Poucos dias depois deste evento, o ex-presidente Filipe Soares Franco, alguém que conseguiu delapidar a quase totalidade do património não desportivo do SCP, vendendo à sua própria empresa (OPWAY) o edifício Visconde de Alvalade, deu uma entrevista ao jornal A Bola onde, entre outras afirmações, refere que Frederico Varandas tem desenvolvido um trabalho de enorme qualidade, sendo a pessoa certa à frente dos destinos do Sporting. Perante isto, não pude deixar de revisitar uma entrevista sua, em 2005, na qual garantia não ser candidato nas eleições de 2006 porque, pasme-se, “Saio porque quero um clube só de futebol”; “Sou do Sporting por causa do futebol e não tenho empatia pelo ecletismo”; “Quero um clube só de futebol, sem sócios, mas com adeptos que não se intrometam na gestão nem tenham voto nas eleições dos corpos sociais”.

Deixo no ar a seguinte questão: será apenas mera coincidência, ou existirá uma relação direta com tudo o que atrás escrevi?

O Sporting que eu amo é, Hoje e Sempre, aquele que eu conheci ainda em criança!

Votos de um Excelente 2023

Vitor Afonso

Sócio 5.163-0

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