Nuno Santos
Biografiado Autor

03 Mar 2022 | 15:38

Icon Comentário 0
Nuno Santos

AS ELEIÇÕES E RÚBEN AMORIM

Ruben Amorim, com a sua liderança no futebol, fez muito mais pelas finanças do clube do que o próprio administrador responsável por esta área.

O Sporting vive um período pré-eleitoral que se adivinha tranquilo. Não haverá grande margem para Frederico Varandas não ganhar estas eleições, o que é muito natural.


Ruben Amorim é um homem que acabou por garantir isso mesmo, fruto da sua competência e sagacidade para liderar a nau que é o futebol do Sporting. Não me vou alongar em descrever aquilo que é óbvio para todos, no que diz respeito aos méritos do nosso treinador. Mas tenho que o relacionar com a vitória que se adivinha nas próximas eleições para Frederico Varandas. Foi este que escolheu Ruben Amorim, mesmo perante o histórico de insucesso de treinadores, durante o seu mandato, pagando 10M€, o que foi encarado (por mim) como uma irresponsabilidade de gestão ou uma "fezada".

No fim de contas, a jogada irresponsável pode hoje ser vista como um acto visionário, em face do resultado disso mesmo. Mas há mais para além da visão do Presidente ou do Director Desportivo, Hugo Viana, que ajuda a explicar a era bem sucedida que o futebol atravessa. Com Ruben Amorim, o paradigma no mercado mudou para melhor. Faço menção que, antes de Ruben Amorim, de todos os jogadores contratados, apenas figuram no actual plantel dois: Matheus Nunes e Neto. Todos os outros foram afastados da primeira equipa e substituídos por outros. Isto significa que, até chegar Amorim, a tónica dominante no mercado foi de fracasso absoluto, com todo o desperdício de recursos associado.


Eu tinha já manifestado a preocupação da eventualidade de se gastar 10M€ (num contexto de mágoas carpidas quanto à herança) e de se tratar esse treinador da mesma maneira que se trataram Keizer e Silas. Pois bem, as coisas também aqui mudaram (para muito melhor). O treinador passou a ter palavra na formação do plantel, como sempre achei que devia ter, e as coisas melhoraram muito. Hoje, Ruben Amorim é o que de mais aproximado há de ser um "manager". Só não passa o cheque. E ainda bem que é ele que toma as decisões.

Ruben Amorim, com a sua liderança no futebol, fez muito mais pelas finanças do clube do que o próprio administrador responsável por esta área. Até à data, continua por resolver a questão das VMOC's, o que muito estranho e lamento. Ruben Amorim já valorizou jogadores que permitirão à SAD realizar mais-valias importantes. Mas é aqui que encontro um paradoxo: Ruben valoriza activos que serão vendidos. Ao vender esses activos, o Sporting perde potencial desportivo e Ruben tem que voltar a fazer crescer novos talentos na primeira equipa. E Ruben, ao fim de algum tempo, acabará por ser vítima do seu sucesso, sendo-lhe vedado potenciar o fruto do seu trabalho (manter os melhores jogadores mais tempo e reforçar o grupo com outros jogadores). Haverá um dia em que queira partir, para poder saborear um projecto que lhe permita gozar a continuidade do seu próprio trabalho.


O Sportng já deveria ter a casa arrumada, em termos financeiros. Só isso pode ajudar a manter os melhores jogadores mais tempo, já que sabemos que o mercado tem apelos irresistíveis para os atletas e, também, para o Clube, quando as contas estão depauperadas. Dai a importância que coloco na resolução das VMOC's e da reestruturação financeira, que em tempos esteve quase concluída e que se traduziria na recuperação do capital da SAD, no reforço da liquidez e na redução drástica da dívida.

Ter as contas arrumadas ajuda em tudo o que esteja relacionado com o futebol. Na formação, ajuda a melhorar o apelo na prospecção e captação de talento, ajuda a não perder elementos do staff técnico para rivais ou até para clubes estrangeiros. Assim como ajuda a estruturar melhor a escala evolutiva dos atletas da formação até chegarem à primeira equipa. No futebol profissional, ter as contas pagas e em dia, ajuda a fazer melhores negócios numa venda e ajuda a protelar essa venda, em nome do reforço do nosso potencial desportivo. Também ajuda a fazer melhores negócios na aquisição de atletas, nomeadamente, ajuda a não ter que partilhar lucros futuros com os clubes a quem os contratamos.

Toda e qualquer discussão, nesta fase de campanha, deveria incidir sobre as questões financeiras, pela importância que vejo nelas como base para todos os cenários desportivos. É essa a verdadeira questão que está ainda por tratar.

Tudo o resto, como seja discutir o formato da nossa formação ou do nosso scouting, é querer inventar a roda. De que forma é que "eu" vou ensinar seja o que for às pessoas que gerem a Academia e que têm largos anos de trabalho na formação e com sucesso? De que forma é que "eu" vou ensinar Ruben Amorim a aproveitar melhor o que é feito na Academia? De que forma é que "eu" vou ensinar o que quer que seja ao nosso scouting, quando as razões do desacerto estão mais relacionadas com a falta de dinheiro, que nos levou a contratar jogadores que não seriam os indicados por esse departamento? Nestes casos, o que posso fazer é sentar-me com todos eles, que reputo de competentes, e perguntar-lhes o que posso eu fazer para os ajudar a terem um sucesso ainda maior ou mais duradouro.

Mas se "eu" discutir formas de resolver as nossas questões financeiras, "eu" posso ajudar a formação a reforçar os seus quadros, a ter melhores condições de trabalho e potenciar a capacidade de captação dos miúdos mais talentosos. Se "eu" tiver mais dinheiro ou menos dívidas para pagar, posso permitir a Ruben Amorim contratar melhores jogadores ou posso tentar contratar os jogadores que o scouting identifique como alvos preferenciais (tudo sempre com o aval do treinador) e não de uma terceira ou quarta alternativa. Com menor pressão financeira, "eu" posso assegurar o Matheus Nunes por mais duas ou três épocas, melhorando-lhe o salário ou reforçando os prémios de preformance. E nesse período de retenção, ganha-se tempo para garantir e integrar um substituto, como se está a fazer com o João Palhinha e com o Ugarte, mas que não se fez com o Nuno Mendes, precisamente, porque era necessário vender.

Idealmente, um modelo assente em robustez financeira e na competência do actual treinador permitirá ao Sporting progredir em termos competitivos, assim como ajudará a que essa progressão nos traga maior regularidade na obtenção de sucesso.

Em tempos em que os treinadores costumam ser o elo mais fraco, Ruben Amorim é o elemento agregador do universo Sportinguista. Não é que ele seja um "Jack of all trades", que não é. Ele apenas faz o seu trabalho bem feito. E isso ajuda imensamente a nossa administração e aumenta a auto-estima de todo o universo leonino. Agora, há que o ajudar também e terá a palavra a administração da SAD.

+ opinião
Nuno Santos
Danilo Correia

09 Ago 2025 | 17:28

Icon Comentário0

Sporting: O incómodo está de volta

Futebol praticado pelos leões de Rui Borges foi alvo de críticas ferozes por parte de alguns adeptos, mas triunfo a abrir o Campeonato mostra foco no título

+ opinião
Danilo Correia
Danilo Correia

Sporting: O incómodo está de volta

Futebol praticado pelos leões de Rui Borges foi alvo de críticas ferozes por parte de alguns adeptos, mas triunfo a abrir o Campeonato mostra foco no título

09 Ago 2025 | 17:28

Icon Comentário0
Manuel Matos dos Santos
Manuel Matos dos Santos

Um pedaço de ouro no caminho das pedras do Sporting

Se há coisa que a vida nos ensina é que o que parece certo, adquirido, rapidamente se transforma num cenário diametralmente oposto.

08 Mai 2025 | 11:21

Icon Comentário0
Duarte Pereira da Silva
Duarte Pereira da Silva

João Pinheiro, Florentino e os erros do Sporting

Só mesmo em Portugal é que um clube que participa em determinada competição transmite os seus jogos. Um claro conflito de interesses, sem sentido algum.

10 Fev 2025 | 11:22

Icon Comentário0

envelope SUBSCREVER NEWSLETTER