DO TOPO DO MUNDO AO FUNDO DO POÇO

Em cerca de um mês, hóquei leonino sofreu três humilhações diante de rivais diretos e ficou fora da Taça de Portugal. Será o fim de um ciclo?

No último mês, um dos temas quentes das modalidades leoninas tem sido o péssimo momento de forma que o hóquei em patins dos leões está a passar. O descalabro começou a 12 de fevereiro, na receção ao Porto. Na sequência da polémica deslocação da equipa de futebol ao Dragão, a turma de Paulo Freitas tinha oportunidade de ‘vingar’ os comandados de Rúben Amorim.

O histórico mais recente até era favorável aos verdes e brancos. Em 2020/21, o Sporting venceu a Liga Europeia e o Campeonato Nacional, batendo os dragões nas duas ocasiões, tendo, inclusive, triunfado consecutivamente no reduto azul e branco, algo que há muitos anos não era alcançado pela turma de Alvalade.

Porém, já esta temporada, alguns indicadores pareciam dar a entender que os ventos estavam a mudar. No jogo da primeira volta, em outubro, o Porto recebeu e venceu o Sporting, por 9-5. Em dezembro, na Taça Intercontinental, os leões voltaram a perder no Dragão Arena, por 6-3. Na segunda mão, no Pavilhão João Rocha, o conjunto de Paulo Freitas vencer por 6-5, o que não chegou para a conquista do troféu.

Voltando ao dia 12 de fevereiro, o clássico revestia-se de especial importância. É que, para lá da vertente ‘política’, os leões, por aquela altura, estavam na luta pelo primeiro lugar da fase regular. Em caso de vitória, os verdes e brancos saltavam para a frente da tabela classificativa.

Pois bem, dentro da ‘rinque’, o Porto foi muito superior e venceu por 7-3. Para lá da dimensão ‘emocional’ do resultado, o Porto não só ficou na liderança do Campeonato Nacional, como reforçou a mesma, aumentando para cinco pontos a vantagem para os leões. Para se ter uma ideia, no tempo regulamentar, a última vez que os azuis e brancos venceram no reduto do Sporting datava de abril de 2016 (2-4).

Duas semanas depois – quando seria expectável uma natural reação dos Campeões Nacionais e Europeus – novo jogo complicado para os homens de Paulo Freitas e… novo descalabro. Na deslocação a Barcelos, os leões foram goleados por 6-0. Com o devido e merecido respeito pelo Barcelos e lembrando a tremenda exibição de Conti Acevedo (guarda-redes) em toda a partida, este talvez tenha sido o resultado mais pesado para os verdes e brancos.

Na quinta-feira seguinte, em jogo a contar para os oitavos-de-final da Taça de Portugal, os verdes e brancos viajaram até ao terreno do Famalicense (da segunda divisão) e precisaram de horas extra (prolongamento) para seguir em frente, triunfando por 5-2, com golos de Toni Pérez (14’, 55’ e 56’) e Alessandro Verona (1’ e 60’).

Ainda antes da deslocação à Luz, para defrontar o Benfica nos quartos-de-final da Taça de Portugal, o Sporting goleou o Turquel, por 8-3, com golos de Ferran Font (3), Toni Pérez (2), Alessandro Verona, Matías Platero e João Souto. Eram bons sinais para o dérbi lisboeta.

Porém, em novo jogo importante, novo descalabro. Os encarnados venceram por 4-1, deixando a turma de Paulo Freitas fora da prova rainha. Em abono da verdade, o resultado até acaba por ser simpático para os leões, uma vez que o eterno rival foi superior durante quase toda a partida.

Perante esta sequência de maus resultados, importa fazer um ponto de situação. Esta temporada, o Sporting já conquistou a Taça Continental (frente ao Lleida, por 3-1), perdeu a Intercontinental (diante do Porto) e está fora da Taça de Portugal.

No Campeonato Nacional, os leões estão no terceiro lugar, com 44 pontos em 20 jogos (14 vitórias, dois empates e quatro derrotas). Com seis jornadas até ao final da fase regular, o Porto é primeiro (49 pontos), o Barcelos segundo (48), o Benfica quarto (43) e a Oliveirense quinta (41). Lembre-se que, na época passada, o Sporting terminou no segundo posto e acabou Campeão Nacional.

Haverá ainda para disputar a Golden Cup (equivalente à Liga Europeia), onde a turma de Alvalade está inserida no grupo B, juntamente com Barcelona e Saint-Omer (França). As equipas medem forças apenas por uma vez. Seguem em frente para os quartos-de-final os dois primeiros classificados. Benfica, Porto e Caldes (Espanha) estão inseridos no grupo A; Barcelos, Liceo (Espanha) e Forte dei Marmi (Itália) no grupo C; Oliveirense, Nóia (Espanha) e Reus (Espanha) no grupo D.

O que quero com isto dizer é que, caso o Sporting, por exemplo, consiga ser Campeão Nacional ou ganhar a Golden Cup, todos estes maus resultados terão significado zero (exceção feita à eliminação da Taça). Se é possível? Sim, mas a equipa terá de subir consideravelmente o nível exibicional que tem apresentado.

Parece-me prematuro fazer, no imediato, uma avaliação daquilo que têm sido os desempenhos leoninos. Será o fim de ciclo para Paulo Freitas? Haverá jogadores resignados e cansados de ganhar? São tudo boas questões, mas, para já, é demasiado cedo para se fazer essa avaliação.

Nestes momentos, quando muitos defendem uma revolução imediata, talvez seja bom recordar que, nos últimos tempos, esta equipa, comandada por Paulo Freitas e com praticamente os mesmos jogadores, venceu duas Ligas Europeias (2018/19 e 2020/21), duas Taças Continentais (2019 e 2021) e dois Campeonatos Nacionais (2017/18 e 2020/21).

Por outro lado, também é verdade que, quem está no Sporting, sabe que está sempre obrigado a ganhar. O passado pouco importa, mas, por hipótese, imaginemos que, nos próximos meses, o futsal verde e branco tinha uma série de maus resultados. Nuno Dias seria colocado em causa? Parece-me que seria, no mínimo, injusto. O mesmo é válido para Paulo Freitas e para os jogadores.

Nas últimas semanas, no Leonino, temos dado conta, em exclusivo, das movimentações nos bastidores. Entre reforços polémicos apontados aos leões (AQUI), eventuais saídas (AQUI) e a manutenção de joias da coroa (AQUI), continuaremos a seguir atentamente a realidade do hóquei leonino.

Para fechar, deixo o calendário dos leões até final da fase regular, que, por sinal, é bastante favorável e até pode permitir ‘sonhar’ com a liderança da fase regular ou, pelo menos, a chegada ao segundo lugar: Marinhense (Casa), Paço de Arcos (C), Sanjoanense (C), Parede (C), Benfica (C) e Juventude de Viana (F).