Pedro Geada considera que o Sporting continua a precisar de um extremo de alto nível, e que Rui Borges está a correr um risco em alterar, por completo, a estrutura tática dos leões. Neste exclusivo Leonino, o antigo diretor do nosso Jornal concedeu uma entrevista, onde abordou o atual momento da equipa.
"É uma vitoria importante, primeiro porque três pontos na Liga dos Campeões são sempre importantes, para além do impacto financeiro e desportivo. Seis pontos em três jogos da Liga dos Campeões para o patamar europeu do Sporting está perfeitamente em linha com as expetativas, e é neste patamar que o Sporting tem que estar. Vem serenar também algumas desconfianças e sentimentos que se tem com a equipa do Sporting atualmente", começou por explicar Pedro Geada, sobre o triunfo frente ao Marselha.
O antigo diretor do Leonino prosseguiu, questionado sobre a má fase da equipa: "Rui Borges e, no fundo, a estrutura do Sporting, estão a correr um risco que é alterar a mecânica e a lógica que Ruben Amorim deixou implementada, desde 2020, no 3x4x3, e estão a correr o risco de passar para outro sistema. Se é a escolha mais inteligente, com os jogadores que tem? Os resultados estão ainda um pouco aquém, mas o legado e o capital de confiança que os adeptos têm com Rui Borges, e com os resultados... Porque para o bem e para o mal, Rui Borges, mesmo aproveitando a base de Ruben Amorim, conseguiu manter, ser bicampeão e fazer a dobradinha. Ainda não se consegue perceber se Rui Borges vai entrar numa espiral descendente, ou se vai conseguir implementar o seu modelo, e fazer essa transição. Efetivamente é um risco, que devia ser assumido, porque alterar um sistema, com os jogadores e uma espinha dorsal da equipa para o qual estava formatada. Efetivamente vamos passar alguns momentos de transição, mas é o que é".
"Eu diria que há uma questão mais importante do que o fortalecimento do plantel, que é o fortalecer do sistema e da dinâmica defensiva. Penso que um dos pontos fracos tem sido o comportamento defensivo, o facto de não ser compacto nesses momentos de jogo. Para a tática que Rui Borges quer, precisa de uma dinâmica mais acelerada e mais agressiva, para que uma linha de quatro conseguir suster e passar pelos momentos de sofrimento que cada jogo tem de outro tipo de forma. De qualquer maneira, se ultrapassar estas dificuldades mais orgânicas, da forma de jogar, penso que tem capacidade para atingir o tricampeonato, e a passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões. Nunca desmerecendo, há que ter noção das prioridades, e há que ter noção que o objetivo prioritário é o tricampeonato, que mantém o sporting na crista de onda. E apesar da liderança do Porto, tanto Porto e Benfica estão num contexto mais fragilizado em relação à década passada, é há que aproveitar isso", explicou de seguida, Pedro Geada, acerca de possíveis melhorias no plantel verde e branco.
Por fim, falou de Alisson, e do extremo que não chegou a Alvalade no verão: "Para implementar uma dinâmica ofensiva maior, para de acordo com a tática e a lógica que Rui Borges quer implementar no Sporting, apesar de tudo diria que é preciso um extremo de grande qualidade, dinamismo, de grande passada que dinamize o ataque do Sporting. Talvez Alisson surpreenda, e consiga dar isso, mas creio que era necessário um extremo de grande qualidade para dar um extra a esta equipa".
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