Nuno Santos
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23 Abr 2020 | 14:49

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Nuno Santos

Nas modalidades, a questão tem de ser analisada sob outra perspectiva. A actual direcção "herdou" um conjunto de modalidades dotadas de condições competitivas acima da média.

O Sporting tem sido tema central, nos últimos dias, pela tomada de decisões de cariz financeiro. Os funcionários entraram em lay-off, negociaram-se "acertos" salariais no plantel da equipa de futebol profissional e foi decidido não pagar a primeira prestação relativa à contratação do treinador Rúben Amorim. Paralelamente, as mesmas notícias, propagadas pelos órgãos de comunicação social, falam em redução de encargos nas modalidades e no futebol profissional, para a próxima temporada. Se no futebol estas notícias são positivas, em face da desajustada relação custo/benefício que o futebol apresenta, nas modalidades a questão é mais complexa de analisar. No futebol, salta à evidência que os níveis de desempenho são muitíssimo inferiores ao custo suportado. Portanto, é possível aceitar a ideia de que, com bastante facilidade, se podem reduzir encargos sem se perder qualidade, embora me pareça ser perfeitamente possível reduzir custos e elevar a qualidade. Mas sempre fica a dúvida: como é possível que alguém, que até se propõe executar um acto de bom senso (que passa por gastar menos e ter mais qualidade), tenha decidido contratar Fernando, Jesé e Bolasie? Os rumores de que o Sporting pretende devolver Jesé e Bolasie, apenas dão substância ao que há muito era dito sobre a decisão de os contratar. Some-se a isto a "devolução" do extremo brasileiro ao clube ucraniano de origem, para reforçar a convicção de que estas três contratações eram uma versão futebolesca de uma crónica de uma morte anunciada. No caso do jogador pertencente aos quadros do Everton FC, fica em cima da mesa a aceitação do clube inglês em receber o atleta de volta sem, porém, desonerar o Sporting do custo do valor dos salários correspondentes ao período remanescente do acordo de cedência. Parece-me evidente que querer reduzir encargos é positivo. Da mesma maneira que é evidente o desperdício de recursos financeiros, nesta e noutras situações. Nas modalidades, a questão tem de ser analisada sob outra perspectiva. A actual direcção "herdou" um conjunto de modalidades dotadas de condições competitivas acima da média. "Herdou", também, um investimento que era totalmente cabimentado pelas receitas ordinárias, de acordo com o relatório de auditoria tornado público. É razoável pensar que tenha havido uma quebra da receitas provenientes das quotizações, desde então, em face da pouco conseguida intenção de união entre sportinguistas, apregoada pelo líder da actual direcção, ainda em tempo eleitoral. Será normal ter de reduzir custos, se as receitas caírem. Mas, desse facto, não podem os actuais dirigentes lavar as mãos, já que tiveram o tempo e a oportunidade para potenciar a estrutura vencedora criada. Seria de todo o interesse que nos fosse explicado todo este processo e que estratégia existe para recuperar associados descontentes, bem como para atrair novas gentes para o substracto da Instituição. Também é razoável pensar que a nossa competitividade, interna e internacional, possa ser afectada. Se com orçamentos superiores o sucesso desportivo foi decrescendo, de época para época, gastando menos é provável que o ciclo de vitórias demore mais tempo a retornar. Paralelamente a uma estratégia de captação de associados (sejam novos ou outros que se recuperem), também gostaria de saber que estratégia existe para para os anos vindouros nos poderem ser algum consolo, já que no futebol os sinais não são entusiasmantes. Sendo certo que nem todos os associados sportinguistas são entusiastas do ecletismo, eu gostava que, enquanto ninguém ganhar uma eleição com base num programa que seja contrário a esta ideia de universalidade desportiva, se esforçasse por dar sentido a uma diversidade de modalidades, com condições de séria competitividade. Pessoalmente, gostava de repetir os títulos europeus de hóquei patins ou de futsal, bem como tentar o mesmo tipo de reconhecimento noutras modalidades. Para isso é preciso mais do que meramente ajustar os custos às receitas de quotização. É preciso implementar uma estratégia de captação de receitas para o Clube, sem que isso influencie negativamente as receitas da SAD, sem esquecer que muito do que aí é decidido, com reflexo no domínio do futebol, é o que mais fortemente contribui para o crescimento de associados (e vice-versa). Ou seja, SAD e Clube, no âmbito de uma competitividade generalizada, estão mais próximos do que muitas vezes se quer crer, e tal reforça a minha convicção de que o futebol é mesmo para ser do Sporting Clube de Portugal (por via da manutenção da esmagadora maioria do capital da SAD) e não de um investidor qualquer, por melhores que sejam as suas intenções.


O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.


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