O Clube de Alvalade fez um mercado de janeiro fraco, com poucos reforços e um plantel cheio de indisponíveis e esgotado fisicamente.

O Sporting fez um mercado de janeiro sem sentido. Quando a equipa está dizimada por lesões e as necessidades em posições chave são claras, a resposta foi um guarda-redes e um extremo brasileiro para o futuro, na linha dos desaparecidos em combate Koindredi (Lausanne) e Rafael Pontelo (atualmente suplente no Pafos no Chipre) na estação homóloga de 2024.

Entre os jogadores lesionados, destacam-se nomes como Pote, Nuno Santos, Morita, Gyokeres e Catamo. Presos por arames, St. Juste, Quaresma, Matheus Reis e Bragança. E assoberbados de tanto esforço, Diomande, Araújo, Hjulmand, Quenda e Trincão.

Um jogador e dois meios no meio-campo

Ora, com este ponto clínico (ou de partida), a equipa precisava de reforços na defesa, particularmente no lado direito e esquerdo, mas os destros voaram para Itália e Inglaterra, e de canhotos nem se ouviu falar.

No meio-campo, a situação também é delicada, e logo de raiz porque Ruben Amorim decidiu ir para a guerra, desde o início, com apenas três médios (mais Pote). Estamos então entregues ao capitão Hjulmand, um jogador soberbo, e a dois atletas que, infelizmente, mais vezes estão indisponíveis do que aptos para jogar: Morita e Bragança. A meio caminho, encontrámos um jovem Simões que, depois de comprometer em momentos iniciais de titularidade, tem vindo a ganhar ritmo vindo do banco e a aperfeiçoar o seu desempenho, mas longe de ser uma solução sólida.

No ataque, a realidade é igualmente preocupante. Francisco Trincão é o jogador com mais minutos, e encontra-se fisicamente esgotado. Apesar da sua qualidade que disfarça quase tudo, a falta de alternativas coloca uma pressão enorme nas suas costas (e pernas). Por isso, joga e continua a jogar. E no fim, esperamos ainda que o "santo viking" resolva, mas o futebol não pode ser sustentado apenas pela fé.

Tanta receita e tão pouca cabeça

Perante este cenário, o único reforço significativo foi a chegada de um novo guarda-redes, que, à partida, é um upgrade face ao que tínhamos. Kovacevic não teve tempo para mostrar o que valia (mesmo não correndo bem inicialmente, desconhece-se as razões do ocaso) e Israel não pode ser solução para um Clube como o Sporting. Os guarda-redes nestes emblemas grandes têm de ser homens feitos, com experiência e qualidade comprovadas, exceção apenas para sobredotados que, ainda assim, devem rodar antes de se afirmarem no topo (casos de Ederson e Oblak, por exemplo, que passaram pelo Rio Ave nos seus primeiros anos de sénior).

Se o objetivo do Sporting é conquistar o bicampeonato, deveriam ter chegado jogadores que fossem verdadeiros “plug and play”: chegar e jogar. E contratar, de preferência, dentro de portas porque a adaptação é muito mais rápida. Como fez desta vez o eterno rival com Bruma e Manu Silva.

Com receitas de 150 a 200 milhões de euros previstas para o verão, não faz sentido deixar a sorte e o departamento médico decidirem o rumo da temporada. A má gestão de riscos pode comprometer tudo. Já a boa gestão faz-se da minimização de riscos. Esperar o melhor, mas prepararmo-nos para o pior.

Na 25.ª hora, o mercado de janeiro trouxe-nos Biel. Que a estrela que acompanha o campeão nos proteja nesta segunda metade de temporada.

João Duarte, Publisher Leonino