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19 Out 2022 | 17:12
O que aconteceu para que, em apenas dois meses e meio, esta modalidade deixasse de encaixar na estratégia do Conselho Directivo?
No passado dia 6 de Outubro, fomos surpreendidos por um comunicado do Sporting Clube de Portugal a anunciar o fim da modalidade futebol de praia no clube. Mais surpreendente se tornou esta notícia, na medida em que o Orçamento do Clube para o exercício económico 2022/2023 aprovado em 24 de Julho passado incluía gastos com o futebol de praia, conforme se pode constatar no referido documento. O que aconteceu para que em apenas dois meses e meio esta modalidade deixasse de encaixar na estratégia do Conselho Directivo para as modalidades depois de ser possível ver gastos inscritos no documento formal (Orçamento) que suporta a época desportiva 2022/2023? A história do futebol de praia em Portugal confunde-se com o Sporting. O Sporting Clube de Portugal participou nas duas primeiras edições da liga nacional de futebol de praia, competição não oficial, sendo que foi vice-campeão em 2005 e 2006. Em 2011, o clube participou no primeiro mundialito de clubes de futebol de praia, onde também foi vice-campeão. Em 2010, o Sporting foi o primeiro campeão nacional oficial da história da modalidade em Portugal, conseguindo ganhar todos os jogos disputados, voltando a conquistar o titulo de campeão nacional, em 2016 e 2020, já nos moldes atuais enquanto campeonato de elite de futebol de praia. O “nosso” Madjer conquistou em 5 ocasiões (3 oficiosas: 2003, 2005, 2006 e 2 oficiais: 2015 e 2016), o título de melhor jogador do mundo de futebol de praia, e o prémio de melhor jogador de sempre de futebol de praia por parte da prestigiada revista France Football. Madjer esteve 14 anos de leão ao peito e no final da sua carreira disse: “No Sporting não vesti só a camisola, também vesti o coração e, quando é assim, o sabor das derrotas e das vitórias também é diferente”. Pois bem, a extinção da secção de futebol de praia foi a maior de todas as derrotas, uma derrota que seguramente Madjer quando acabou a sua carreira não estaria à espera. A história do futebol de praia sportinguista não se resume ao sector masculino, pois também no sector feminino foi o Sporting que ganhou em Agosto de 2018 a primeira edição do torneio promoção FPF, competição que antecedeu o atual campeonato nacional de futebol de praia feminino. Por tudo o que foi dito anteriormente, esta modalidade é daquelas que nunca poderia ter acabado no seio do Sporting Clube de Portugal. É minha convicção que com um investimento não muito elevado, seria perfeitamente possível ganhar a Euro Winners Cup (Champions League do futebol de praia), o que contribuiria ainda mais para a afirmação europeia do Sporting. Nas últimas 6 edições da Euro Winners Cup, 4 foram ganhas por clubes portugueses, e por isso clubes de dimensão inferior à maior potência desportiva nacional. Por outro lado, não concordo com aqueles que afirmam que o futebol de praia é uma modalidade em trajetória descendente e sem grande futuro, pois é facilmente comprovável o contrário, através do aumento do número de equipas nos últimos anos, quer no sector feminino que possibilitaram a existência de um campeonato nacional de futebol de praia feminino, quer no sector masculino onde já existem duas divisões no futebol de praia português. O próprio Canal 11 da FPF tem contribuído para dar mais visibilidade e notoriedade à modalidade através das inúmeras transmissões de jogos, quer em direto, quer em diferido. Além disso, tal como o futebol e o futsal, o futebol de praia está sob a égide da UEFA e da FIFA, o que permite evidentes sinergias da mais variada ordem. Desta forma, apelo que o actual Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal reconsidere a decisão que tomou, e retome a modalidade no clube, pois estou em crer que esta modalidade mais tarde ou mais cedo voltará seguramente a fazer parte do ecletismo ativo do clube e com grande sucesso. Uma nota final para o ciclismo que também foi extinto, no primeiro mandato de Frederico Varandas como Presidente. Tal como o futebol de praia, terá um dia de voltar a ser uma modalidade do Sporting Clube de Portugal de pleno direito, pois a riqueza da história desta modalidade no clube assim o exige. Afinal, o maior ciclista português de todos os tempos foi o “nosso” Joaquim Agostinho e a enorme dimensão popular que o clube hoje tem muito se deve aos duelos entre o “nosso” Alfredo Trindade e José Maria Nicolau nas Voltas a Portugal na década de 30 do século passado, competição que foi ganha por um ciclista (Jóni Brandão) do Sporting Clube de Portugal pela última vez em 2018. Com o regresso do futebol de praia e do ciclismo ao clube, será possível honrar ainda mais o “nosso” imortal fundador José Alvalade que um dia fundou o Sporting Clube de Portugal para ser um grande clube, tão grande como os maiores da Europa. Saudações leoninas!
Afonso Pinto Coelho - Sócio do Sporting Clube de Portugal
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