
Um pedaço de ouro no caminho das pedras do Sporting
Se há coisa que a vida nos ensina é que o que parece certo, adquirido, rapidamente se transforma num cenário diametralmente oposto.
02 Jul 2020 | 15:25
Historicamente, o Sporting aposta fortemente na formação apenas quando se vê que é a última tábua de salvação. Queimamos etapas, prejudicamos talentos e provocamos neles uma antipatia cíclica.
Obrigado, Jérémy Mathieu! Foi uma honra e um prazer. A história do jogador francês no nosso Sporting deve ser lembrada e servir de exemplo para o futuro. Mathieu não foi bem recebido em Portugal, nem por nós adeptos nem pela generalidade da crítica desportiva. A desconfiança imperou: a idade, a motivação com que viria para Portugal ou as dúvidas sobre a sua condição física. Ainda o jogador francês não tinha treinado e já tinha a sentença emitida. Mas a desconfiança desapareceu rapidamente. Mathieu, jogador consagrado que já tinha conquistado tudo a nível europeu, chegou ao Sporting com a motivação e o comprometimento de um jovem com tudo por provar. Serviu o clube, deliciou os adeptos e conquistou os companheiros. É também por isto que a sua saída sem nenhum título de campeão nacional custa tanto. Fica um sentimento de tremenda injustiça e frustração por não podermos ter tido Alvalade de pé a aplaudi-lo uma última vez, mas permanecerá para sempre na nossa memória os três anos de grande futebol e as lindas imagens de punho erguido no Jamor.
Bruno Fernandes continua a comportar-se como o líder que era antes de ter rumado a Manchester, seja nas redes sociais ou em entrevistas. Apesar de já não ser nosso atleta, faz questão de manter publicamente uma forte ligação ao clube que o projetou internacionalmente, aos antigos colegas e aos próprios adeptos leoninos. "Ainda me lembro da dificuldade para dormir no dia anterior a assinar com um enorme clube como o Sporting", escreveu. Transformou-se em tempo recorde num fenómeno da liga mais competitiva do mundo, mas não esquece quem o ajudou a lá chegar. Reconhecimento e gratidão. De várias formas, está a aumentar o alcance e a projeção da marca Sporting. Infelizmente, contam-se pelos dedos de uma mão os ex-jogadores que o fazem.
Mathieu e Bruno Fernandes têm um perfil que nunca poderá deixar de estar no balneário do clube, pelo que trazem desportivamente, pela sua liderança e sobretudo pela ligação que criam com os adeptos. Historicamente, o Sporting aposta fortemente na formação apenas quando se vê que é a última tábua de salvação. Queimamos etapas, prejudicamos talentos e provocamos neles uma antipatia cíclica. A conversa é antiga, mas infelizmente repete-se ao longo dos últimos, muitos, anos. Esta época voltámos a fazer o mesmo. O futuro dirá se as circunstâncias da Covid-19 foram apenas uma
oportunidade para respirar ou se representam uma mudança real nas políticas até agora desenvolvidas. Tal como dizia, e com toda a propriedade, o treinador Vítor Oliveira antes do jogo de Alvalade, não é com uma equipa tão inexperiente que o Sporting pode ser campeão. O que não invalida que não sejam estes miúdos da formação o futuro do Sporting. Eles são a base do futuro do clube a vários níveis – financeiro, desportivo e emocional –, mas terão sempre de ser acompanhados por Mathieus e Brunos Fernandes. Rúben Amorim, e muito bem, já o deixou claro: é preciso experiência para acompanhar a juventude. Não para lhe retirar o lugar ou espaço no plantel, mas para permitir o seu crescimento e afirmação. O treinador tem estado irrepreensível a nível das ideias que tem transmitido e na sua comunicação. Tem mostrado muita coragem nas opções tomadas e está a fazer-nos acreditar de novo.
E é este acreditar que é tão importante. É fundamental sentirmos que há competência e união. Mas não é com palavras ou decretos que isso vai acontecer. São necessárias políticas, opções, medidas, ambição, falar verdade. O futuro financeiro e desportivo estão de mãos dadas com a mescla que se conseguirá fazer entre Alcochete e contratações, mas quero realçar a parte emocional. O futuro a curto prazo depende muito do que a atual direção conseguirá fazer, não só na sua relação com os sócios e adeptos, mas também na forma como conseguirá ou não que a nossa formação consiga ser uma referência moral e de orgulho da massa adepta. Só dessa forma poderemos ter uma aposta sustentada ao longo do tempo. O trabalho também tem de ser feito nesse campo. São demasiados casos, demasiadas situações de jogadores que deveriam ser o nosso orgulho e porto seguro, mas que acabam por ser os que mais nos magoam e desiludem. Queremos ídolos formados por nós, que nos possam encantar com as suas conquistas, que sejam o modelo de ambição das nossas crianças, dos nossos futuros atletas. E isso, infelizmente, tem acontecido muito pouco.
A sobrevivência do futebol e em particular do nosso Sporting depende da capacidade de nos emocionarmos e apaixonarmos. O futebol-razão pura e simplesmente não existe. Necessita da mobilização dos adeptos e nós, enquanto adeptos, precisamos de nos identificar com um ideal para nos sentirmos parte integrante do nosso clube.
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