Somos mais de três milhões e meio de sportinguistas, e muitos dos nossos jovens jogadores são mesmo do Sporting, porém, depois parece que isso passa a condição menor.

Vou falar de algo que pode ser polémico para alguns dos nossos leitores, mas se queremos fazer do Sporting ainda maior do que é, temos que perceber as nossas fragilidades para as podermos ultrapassar e ganhar os títulos que tanto desejamos.

Todos os sportinguistas têm muito orgulho de o Sporting ser o berço de alguns dos melhores jogadores de Portugal e do mundo, e que tenha formado, na minha opinião, o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Cristiano Ronaldo.

Hoje já ninguém duvida disso, mesmo aqueles que antes da vitória portuguesa no Europeu de 2016 diziam que esse pedestal em Portugal era de Eusébio, hoje reconhecem que Cristiano Ronaldo é de outra galáxia.

Entre muitos outros, também foram criados em Alvalade jogadores como Figo e Futre, ambos jogadores fabulosos. Um, bola de ouro, o outro, bola de prata. Esta qualidade superior, crème de la crème, em Portugal, só mesmo o Sporting.

Estes e muitos outros jogadores formados no Sporting estiveram, ou estão, no topo do futebol mundial, mas se estivermos atentos às suas entrevistas, depois de saírem do Sporting, muito poucos são os que de forma deliberada, e principalmente sincera, dizem que querem regressar ao Sporting. E muito menos os que o dizem quando ainda estão numa fase em que possam acrescentar algo, e não já numa procura de fim de carreira para “arrumar botas”.

Neste ponto, infelizmente, os jogadores formados pelos nossos rivais têm uma postura diferente. Quase sempre falam em regressar e muitos regressam ainda com condições de fazerem a diferença futebolística, e acrescentar qualidade.

Ronaldo felizmente fala sempre do Sporting com carinho, e não tenho dúvidas de que se não fosse um jogador tão estratosférico, provavelmente já teria regressado a Alvalade (até aqui Ronaldo é uma exceção). Mas porque regressam tão poucos? Figo e Futre não regressaram, e um inclusive preferiu regressar a um rival do que ao Sporting.

Houve exceções, é certo, como por exemplo, o Oceano, Sá Pinto e Nani, sempre disseram que queriam regressar e regressaram mesmo. Estes são verdadeiramente do Sporting. Estes nunca serão esquecidos pelos sportinguistas.

Mas os nossos dirigentes atuais – e espero que, rapidamente, outros no futuro – devem refletir sobre este assunto, pois somos mais de três milhões e meio de sportinguistas, e muitos dos nossos jovens jogadores são mesmo do Sporting, porém, depois parece que isso passa a condição menor.

Sabemos que muitos são iludidos com as promessas de muitos empresários, que só respeitam o Sporting quando este lhes pode dar algo a ganhar, mas isto não pode ser a justificação para tudo. Há seguramente outras razões, que têm que ser percebidas e ultrapassadas.

O Sporting não pode ser só um clube que procura ganhar todos os títulos (inclusive os que lhe fogem há muito tempo), tem de ser um clube que cria verdadeiro afeto nos seus atletas da formação, e que estes mesmo estando noutros colossos europeus, tenham o desejo de voltar a Alvalade.

O Sporting tem que ser sempre, não um sonho, mas “o sonho”.