Carlos Vieira
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16 Jun 2020 | 09:41

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Carlos Vieira

A proximidade dos adeptos aos seus atletas transmite uma energia comparável, por exemplo, aquela que se observa em muitas cerimónias de cultos religiosos.

A realidade é nua e crua. A ausência de público e do correspondente apoio dos adeptos nos estádios veio, de alguma forma, nivelar o jogo jogado. Isto verificou-se logo nas primeiras jornadas na Alemanha e agora, em Portugal. Com isto, nós, os adeptos, podemos (e devemos) reforçar o nosso poder intangível. De facto, o que faz uma marca sobressair e exercer o seu poder é aquilo que os seus seguidores, clientes, consumidores, fãs, adeptos, sócios, etc.  entendem como representante de uma continuidade do seu ser. E quanto mais enérgicos, resilientes e devotos estes são, maior a capacidade de uma organização, de um grupo ou de uma equipa vencerem os seus adversários. É este o poder que os adeptos têm.


Esta é uma lição (ainda que prévia e possível de inverter pelos cientistas do desporto) que importa reter. Para quem advogava um clube sem adeptos ou sócios, entregue aos devaneios de um capitalista de leste ou de um sheik do médio-oriente, ou mesmo de uns apaixonados investidores nacionais, este poderá ser um ponto de viragem importante.

E é tempo de nós, adeptos, reforçarmos o nosso poder, de uma forma agregada, para lá de claques, de grupos mais ou menos organizados, para lá de “croquetes” ou “notáveis” ou dos outros que são algo mais. E esse poder deve passar pela militância e pela solidez da defesa intransigente dos valores do nosso Clube. E, claro, pelo apelo aqueles que nos representam, em qualquer campo, que defendam o símbolo que também é deles. E isso também se ensina. É responsabilidade também dos adeptos.


De um ponto de vista mais prático e menos abstrato, percebo que a proximidade dos adeptos aos seus atletas transmite uma energia comparável, por exemplo, aquela que se observa em muitas cerimónias de cultos religiosos. É o estarmos todos em uníssono, combatendo quem nos quer mal, e querendo o bem dos nossos, que cria uma osmose que capacita e que possibilita o atingimento dos limites humanos, que muitas vezes desconhecemos ter, só nos apercebendo dos mesmos quando, por exemplo em situações de perigo, nos vemos a fazer o impensável. Chegamos a apelidar essa força que se nos acomete como sobre-humana.

É esta visão que me faz perceber a falta que nos faz, Sportinguistas, estar no nosso Estádio mais perto dos nossos atletas (e também mais perto dos nossos adversários). Diversos artigos científicos têm chegado à conclusão de que, não só o efeito favorável do público nos jogos resulta em melhores resultados, como também afeta a capacidade de decisão dos árbitros, que tendem a decidir mais favoravelmente a favor da equipa da casa [1]. Isto é corroborado por estudos que referem que a proximidade ao campo de jogo beneficia a equipa da casa. Se é um facto que o Estádio José Alvalade tem atualmente um fosso e uma distância que prejudica a nossa equipa, o curioso é que isso já vem do Estádio anterior, em que a pista de atletismo nos afastava significativamente do campo de jogo [2]. Assim, além da necessidade de se estimular todos os adeptos, não colocando de parte nenhum, e procurar que compareçam nos jogos, importa continuar a avaliação séria sobre a forma de se aproximar o público do campo de jogo. Este processo não é de decisão fácil, face ao impacto técnico e financeiro de uma decisão dessas. Mas será certamente mais importante que ter todas as cadeiras verde. Com o estádio cheio, é irrelevante a cor das mesmas.


E, por fim, importa aplaudir a nossa equipa, de princípio ao fim. E entoar cânticos de apoio aos nossos atletas. Deixemos lá de citar outras cores, que muitas vezes nem estão em campo.

 

[1] Ver por exemplo https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1527002516665794

[2] Veja-se esta referência expressa neste artigo https://search.proquest.com/openview/5cc89fb13f8604117f089f79f3972fd1/1?pq-origsite=gscholar&cbl=30153

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