Pedro Figueiredo
Biografiado Autor

14 Mar 2020 | 10:02

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Pedro Figueiredo

É, precisamente, com o pensamento nos outros que se poderá sair mais cedo de uma situação que, para já, não tem fim à vista.

Não há como contornar o tema do momento, nem seria ajuizado fazê-lo. A pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde, no seguimento do contágio global ao Covid-19 e os constantes avisos para se seguirem à risca as indicações dos organismos nacionais responsáveis pela saúde pública, obrigam-nos a encarar o assunto com a maior seriedade possível. Com maior ou menor rapidez na tomada de decisões que suspendessem todos e quaisquer eventos que signifiquem grandes concentrações de pessoas, a verdade é que o sucesso das medidas apenas fica garantido se cada um fizer a sua parte. O que, neste caso particular, limita a nossa liberdade em nome de um bem comum. Este é um óptimo caso para se perceber quão ridículo é a falta de vacinação, quando é o perigo da propagação que está em causa. Existem, ainda assim, histórias e episódios que nos fazem acreditar que há sempre solução quando o interesse do colectivo se sobrepõe ao individual. Avisos nas entradas dos prédios de pessoas que disponibilizam a sua ajuda aos vizinhos mais idosos que, pertencendo a grupos de riscos, não se deveriam expor ao eventual contágio. Ajudas tão simples como ir fazer compras de bens de primeira necessidade ou outros produtos prioritários, como medicamentos. E se este nível de preocupação altruísta é de combustão espontânea, há também outras garantias fundamentais que provêm do Estado. O vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro da Educação e Acção Social, Manuel Grilo, coordenou, juntamente com as Juntas de Freguesia, para que as creches e escolas do ensino básico continuassem a providenciar as refeições diárias aos alunos beneficiários das mesmas, mesmo depois do encerramentos dos estabelecimentos decretado pelo Governo. “Neste contexto, não podemos deixar ninguém para trás”, afirmou o autarca. Não podemos mesmo e outras das formas com que podemos contribuir para que assim seja é sermos moderados na avaliação das necessidades das despensas familiares. Há dois dias consecutivos – e como se costuma dizer, ainda a procissão vai no adro – que um supermercado ao pé da minha casa tem várias prateleiras vazias. No primeiro dia achei relativamente normal, mas ao segundo perguntei ao funcionário da caixa se não repunham stocks. Respondeu-me que sim e que para garantir leite, ovos ou conservas – já nem refiro a incompreensível idiotice do açambarcamento do papel higiénico! –, teria que ir bem cedo. Muito cedo? Bom, a loja abre às 8 horas e às 7h30 já há pessoas à porta. A seriedade e complexidade deste novo tempo que se nos apresenta requer a maior das atenções por parte de todos. Aligeirar ou minimizar o contexto, escarnecendo dos repetidos avisos que por todo o Mundo se vão escutando, pode significar a diferença entre um teste positivo ou negativo. Que o diga Rudy Gobert, jogador da NBA dos Utah Jazz, que na última conferência de imprensa tocou (ainda que humoristicamente) em todos os microfones da sala, sabendo depois que já estava infectado, o que o obrigou a pedir desculpa publicamente. Ou ainda o triste exemplo do presidente do Brasil, que, um dia antes de se ver envolvido num possível caso positivo, afirmava que esta pandemia era uma fantasia criada pela imprensa. Já o nosso Sebastián Coates não tem parado de, através das suas redes sociais, publicar em português, vários avisos da Direcção Geral da Saúde, com números de telefone e contactos para informação de todos quantos o seguem. É, precisamente, com o pensamento nos outros que se poderá sair mais cedo de uma situação que, para já, não tem fim à vista. Talvez seja esta incerteza que possa estar a espoletar comportamentos menos racionais, mas quando se pede a maior reclusão possível para evitar a propagação descontrolada, há que aceitar. E, acima de tudo, cumprir. Que este período, de maior recato, sirva para se alinhar prioridades e perceber-se que a união é bem mais importante e relevante do que uma mera promessa vã. Desta vez, o inimigo é comum a todos e será com a ajuda de todos que será combatido.


O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.


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