Bruno Mascarenhas
Biografiado Autor

11 Dez 2020 | 09:29

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Bruno Mascarenhas

Quanto ao lance do golo anulado a Coates, na minha opinião e de quem está por dentro da arbitragem, há uma falta sobre o guarda-redes adversário e, portanto, o golo é bem anulado.

Há cerca de duas semanas um comentador de bastidores de futebol, da TVI, que é conhecido por ser adepto do SL Benfica, de Frederico Varandas e, ao que dizem, ter uma relação estreita com Jorge Mendes, fez mais um dos seus habituais, caricatos e maltrapilhos ataques ao VAR.


O VAR (Video Assistant Referee), em português Árbitro Assistente de Vídeo ou videoárbitro, é uma ferramenta essencial para a transparência e verdade desportivas. Desde 2015 que o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal a defendia acerrimamente e foi com enorme satisfação que assistimos desde a temporada 2017/2018 à sua introdução na 1ª Liga. Diga-se que Portugal, pela mão da Federação Portuguesa de Futebol e do actual Conselho de Arbitragem, foi pioneiro na aplicação desta tecnologia, que está, ainda assim, e por motivos compreensíveis, a dar os primeiros passos e paulatinamente a formar os recursos humanos adequados.

Na sua inconfundível e reconhecida boçalidade, o dito comentador, que não sendo ex-atleta, nem ex-dirigente, nem jornalista no activo e, não se lhe conhecendo contacto nem experiência do jogo, não percebe nada de nada, assumindo mais a natureza de um mero debitador, veio vociferar que esta ferramenta  - que tem revertido, a bem da clareza do jogo e da verdade desportiva, centenas de más decisões e por exemplo, fez anular esta época 4 (quatro) golos em fora de jogo a Darwin Nunes, avançado do SL Benfica - deveria ser erradicada por estar a fazer mal ao futebol.


Entendamo-nos. O que faz mal ao futebol são os erros clamorosos, as más apreciações e juízos de árbitros que são incompetentes para a função, muitas delas que o VAR veio corrigir. O lance do golo anulado ao Farense no jogo contra o SC Braga é que é vergonhoso e vai contra tudo o que são os pressupostos inerentes ao VAR. Felizmente que o Conselho de Arbitragem tem, de forma pedagógica, afastado alguns desses “protagonistas”, mas vão demorar alguns anos até termos um quadro de vídeo árbitros formados, capacitados e indiscutivelmente competentes. Tudo leva o seu tempo. O que é certo é que estamos hoje muito melhor do que nos anos negros de 2012/2016, em que erros grosseiros eram semanais e em claro prejuízo, entre outros e sobretudo, do Sporting Clube de Portugal.

A referida tecnologia é neutra e foi criada para dotar os árbitros de maior certeza e objectividade. O Presidente da FIFA declarou recentemente estar muito satisfeito com os efeitos positivos do VAR, todas as principais competições internacionais adotaram esta tecnologia, porque os patrocinadores, operadores televisivos e público em geral querem a erradicação dos erros grosseiros e de vislumbres de batota no futebol. Isso, caro debitador de bastidores, é que faz mal ao futebol. É a batota, seja ela mais voluntária ou menos voluntária e não a legítima e desejável procura pela verdade desportiva e pela transparência.


No jogo Famalicão vs Sporting CP do passado sábado assistimos a uma arbitragem muito infeliz de Luís Godinho. Uma dualidade de critérios disciplinares que não se entende e dois lances que marcam o jogo. O segundo amarelo a Pedro Gonçalves que deixa o Sporting CP a jogar com menos um jogador e um penalti não assinalado sobre João Mário. Este último lance devia ter merecido da parte do vídeo árbitro Artur Soares Dias uma chamada a Luis Godinho. Aqui o erro até é mais de Soares Dias, cujo estatuto de árbitro de elite da UEFA e de ter estado presente enquanto vídeo arbitro no Campeonato do Mundo de Futebol em 2018 lhe conferem uma autoridade e um conhecimento desta matéria, tornando impercetível a sua conduta.

Quanto ao lance do golo anulado a Coates, na minha opinião e de quem está por dentro da arbitragem, há uma falta sobre o guarda-redes adversário e, portanto, o golo é bem anulado.

Tendo o mesmo sido assinalado por Soares Dias, com o estatuto internacional que tem na arbitragem, ficam de vez esclarecidas as dúvidas quanto ao lance similar, ocorrido em 2005 cujos protagonistas foram o guarda redes do Sporting CP, Ricardo e o jogador do SL Benfica Luisão, no célebre jogo disputado no Estádio da Luz que deu um campeonato aos nossos rivais em nosso prejuízo. O árbitro de então, Paulo Paraty, nunca teve o mesmo estatuto de Artur Soares Dias o que só reforça esta tese. Ora, se existisse VAR à época, o campeão teria sido o nosso Clube e talvez tanta coisa tivesse sido diferente desde então.

Apesar de Pedro Gonçalves ter pedido desculpa pela atitude que deu azo a ser expulso, é um facto que o árbitro não utilizou o mesmo critério para uma situação idêntica de um jogador do Famalicão e por isso a expulsão é injusta. O jogador, para além de um golo espectacular, demonstra uma postura correctíssima dentro e fora do campo.

Contudo, para além dos erros claros de arbitragem e que condicionaram o jogo, a equipa do Sporting CP podia e devia ter feito mais.

Quanto ao jogo jogado, gostava de perceber a razão pela qual não foi o ponta de lança Sporar, estando Jovane Cabral ausente, a marcar a penalidade falhada por Nuno Santos. Teria sido uma forma de o atleta ganhar confiança, voltar aos golos, sendo que é uma das contratações mais importantes dos últimos anos, a mais avultada da actual direcção, o nosso mais categorizado avançado e que infelizmente não está a render.

Diga-se que o Famalicão não é a mesma equipa do campeonato anterior. Saíram seis titulares da época passada entre os quais Pedro Gonçalves que nos veio reforçar. Este jogo teria sido acessível se esse penalti tivesse sido convertido e se Adán que é um guarda-redes competente não tivesse, contra todas as expectativas, dado um “frango”, no primeiro golo do Famalicão, do tamanho da Torres dos Clérigos. Mesmo no segundo golo não está isento de culpas.

Quanto ao futuro, espero que a equipa do Sporting CP e sobretudo os seus jovens jogadores se mantenham unidos e focados no seu trabalho, alheando-se dos temas da arbitragem. Só assim poderemos manter esta senda positiva. Só eles é que serão capazes de nos levar ao sucesso.

Relativamente às declarações de Varandas após o encontro, não posso, em abono dos princípios e valores do velho Sporting CP, do “fair play” e pela verdade desportiva, validar as mesmas. É um facto que o Sporting CP foi claramente prejudicado naquele desafio. Foram vários os lances que podiam ter sido referidos para sustentar a nossa razão. Mas naquele seu estilo confrangedor, risível e armado em pequeno burguês, Varandas, que afastou o competente assessor de arbitragem que tinha à sua disposição no Clube para o aconselhar nestas situações, sem falar no outro consultor de arbitragem para a formação na Academia, vem protestar no único lance em que não o podia fazer. Com isso perdeu a capacidade reivindicativa entrando, como habitualmente, por caminhos que não domina nem percebe. Varandas já nos habituou que, quando abre a boca, ou entra mosca ou sai asneira. Lembro-me bem da forma anedótica como anunciou Jesé e se referiu ao compromisso desportivo que o mesmo trazia para o Clube. Um avançado centro que jogava no centro…. e como estava mudado na sua vida extra-desportiva! Que se tinha previamente e devidamente informado acerca do jogador e garantia o seu rendimento. Viu-se! Depois de pagar € 2M ao PSG de taxa de empréstimo e suportar € 2M de salários, Jesé saiu como entrou no Clube. A cantarolar para Varandas.

A comunicação do Sporting CP lá teve de vir disfarçar o erro do seu líder, assinalando, e bem, o lance sobre João Mário, esse sim claro e não passível de dúvida.

Fica, no entanto, o registo de mais uma nódoa e grave de Varandas. O VAR não pode fechar os olhos a um lance irregular, nem o presidente do Clube reivindicar um tratamento similar aos rivais, quando estes são beneficiados. O VAR não existe para fazer favores a ninguém. Nem aos três grandes nem aos mais pequenos. Varandas que nada disse quanto ao golo mal validado e que nos beneficiou contra o Moreirense não pode vir uma semana depois alegar o contrário. O VAR existe para trazer a verdade, respeitar o jogo e acabar com os chico-espertos.

Fernando Guerra, pese embora nem sempre concorde com o que diz, desta vez na sua crónica de terça-feira na Bola, faz uma análise quanto a este assunto, com a qual me identifico totalmente.

Uma última nota. Só num país e numa democracia do faz de conta, em pleno Estado de Emergência, com dezenas de mortes por dia pela pandemia e em que os médicos militares são mobilizados para o combate ao Covid, Varandas tem dispensa para andar por aí, afastando-se das suas funções e dever para assistir a jogos de futebol…

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Bruno Mascarenhas
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Bruno Sorreluz
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