
Um pedaço de ouro no caminho das pedras do Sporting
Se há coisa que a vida nos ensina é que o que parece certo, adquirido, rapidamente se transforma num cenário diametralmente oposto.
18 Mai 2020 | 10:33
A verdade é que, se Varandas conseguir, no tempo de mandato que lhe resta, fazer o que ali consta deixará uma marca no Sporting Clube de Portugal.
(Há uma grande dificuldade em escrever sobre o Sporting Clube de Portugal para os que ousam não estar nas duas ou três trincheiras em que se sub-divide parte dos adeptos. Neste momento, não ser “varandista”, “brunista” ou outro “ista” é quase um apelo para a ofensa. Eu sou do Sporting Clube de Portugal e fui-o mesmo quando discordei da direcção eleita, o que sucedeu em dois momentos: Godinho Lopes e Bruno de Carvalho. Não rasguei ou queimei cartões de sócio, não ameacei deixar de ir ao estádio e não ofendi outros adeptos, apenas porque discordavam de mim. Mesmo quando uma dada direcção, que não a de Bruno de Carvalho, integrava à data um amigo meu de há quase vinte cinco anos e lhe pedi para se demitir, como, aliás, veio a suceder. Significa isto que nos devamos calar ou deixar de expressar qualquer ideia, vergados ao peso da ofensa gratuita? De todo. E quem pensa o contrário mede os outros por si mesmo.)
No que ao Sporting Clube de Portugal se reporta, a semana passada correu essencialmente entre dois órgãos de comunicação social.
De um lado, na revista italiana Guerin Sportivo, o artigo do jornalista Pippo Russo, autor da reportagem, fala da “destruição e humilhação do Sporting sob o regime de Varandas” (LER AQUI) por referência aos negócios com Jorge Mendes. Por não achar que os fins justificam os meios, não consigo concordar com a maior parte das partilhas, feitas por sportinguistas, deste título. Não sei se o dito jornalista tem razão, pese embora tenha grandes dúvidas sobre a generosidade de Jorge Mendes para com alguém que não ele próprio (1). O que parece evidente é que um verdadeiro sportinguista não deve dar grande ênfase a títulos deste calibre, mesmo que lhe custe a aceitar a vinda do treinador do Braga ou outros negócios igualmente estranhos. Uma direcção, seja ela qual for, pode errar (e têm errado bastante, não apenas nos últimos dez anos, refira-se). O Sporting não pode é ser, de facto, humilhado com a cumplicidade e, até, grande entusiasmo dos seus sócios. Se houver que investigar, faça-se. Se se descobrir algo, aja-se. Até lá, com o que se passa no campeonato daquele país, direi mesmo com o passa em Itália, um jornalista italiano mostrar-se preocupado com o Sporting quando Mendes também tem relações com muitos outros clubes é estranho. Estranho e a parecer encomendado.
Por outro lado, o Jornal do Sporting, após a saída não explicada de Rahim Ahamad e a entrada de André Bernardo, apresentou-se, pelo menos neste primeiro número, como um não jornal. Não há como negá-lo: um jornal destina-se a dar notícias e o que nos foi enviado parece um programa eleitoral.
Contudo, também ali se refere uma nova edição editorial, dando-se a entender que este número foi experimental e que o próximo será um novo e verdadeiro Jornal. É o que espero. Quanto a este, lido o respectivo conteúdo, retiram-se ideias interessantes e, outras, não apenas inócuas como nem sequer originais (2).
Em várias páginas é impossível não se reterem críticas ou justificações mais ou menos subliminares a todos quantos antecederam a direcção de Frederico Varandas. Não alinho no discurso de que, antes de Setembro de 2018, tudo estivesse mal e que, após o acto eleitoral, tudo passasse a estar magnifíco. No fundo, a espaços, em vez de se defender o Sporting Clube de Portugal, expõem-se alegadas debilidades passadas para se auto-elogiar o actual mandato, atitude que não pode merecer aplauso desde logo porque expõe o clube desnecessariamente. Justificar o presente sempre com o passado é, não apenas um acto inútil, como uma demonstração de fraqueza. Da direcção de Varandas espera-se que fale no futuro e cumpra o que promete, independentemente do que está para trás. O passado não explica tudo e não explica, por exemplo, como é que o futebol era “fácil” e, tendo-se vendido jogadores cuja importância era capital, se mantêm algumas das pessoas que pouco ou nada têm contribuído para tal (3).
Dito isto, uma vez mais, não estranhei que os habituais críticos nem se tivessem dado ao trabalho de ler o que consta naquelas páginas e se limitassem a fazer aquilo em que se especializaram: um discurso de ódio pelo ódio, sem conteúdo útil. Não se discute a bondade das ideias, não se dá qualquer contributo porque a única coisa que parece relevar é a crítica pela crítica. Também nesta sede não alinho neste caminho.
A verdade é que, se Varandas conseguir, no tempo de mandato que lhe resta, fazer o que ali consta deixará uma marca no Sporting Clube de Portugal. Se creio nisso? Em tempos difíceis, resta-nos ter esperança em tempos melhores e agir em conformidade no momento adequado, ou seja, em actos eleitorais.
1 - E, como tal, enquanto me acusavam a mim ou ao meu pai da autoria das ditas, não deixei de notar coincidências entre a mancha gráfica e letra do que usualmente se designa por “cartas de rescisão” dos jogadores e as do escritório de advogados que representa Jorge Mendes, por exemplo. Por outro lado, tenho grandes dificuldades em compreender como é que uma pessoa pode ajudar um clube e os seus rivais ao mesmo tempo. Provavelmente, ingenuidade minha que não percebo os aliados de circunstância que se arranjam.
2 - Defeito meu confesso, por ventura decorrente da minha área de actividade: não adoro a designada “gestão pelo power point” e a apresentação que foi feita não se afasta muito de outras tantas com que tive que lidar. Significa isto que se deva recusar todo o seu conteúdo apenas pela forma? Não creio. Por exemplo, vi diversos posts a criticar a opção feita de ter todas as cadeiras do estádio na cor verde e, apesar de não ser um tema essencial, não consigo discordar da ideia. Basta olhar para outros estádios para se perceber que faz sentido.
3 - Também não consegui perceber exactamente o destino da tão apregoada Unidade de Grande Performance, inicialmente liderada por Alireza Rabbani, também entretanto desaparecido, sem grandes explicações.
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