Há já muitos anos que a nossa formação perdeu qualidade. O Porto e o Benfica estão anos-luz à nossa frente no que respeita aos treinos, à preparação dos miúdos, à forma como os envolvem no clube.

Luis Figo, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma... três exemplos perfeitos do que era uma boa formação da equipa de Alvalade... depois destes? Talvez recordemos nomes como João Moutinho, William Carvalho, Rui Patrício, Gelson Martins… tudo nomes de bons jogadores de futebol, mas que não passam disso mesmo: bons jogadores de futebol.

Não serei hipócrita ao dizer que não reconheço a qualidade do Rui, do Gelson, do William ou até do Moutinho... mas daí a reconhecer com orgulho que foram formados em Alvalade, depois daquilo que se passou, é difícil. Com isto também não estou, nem estarei nunca, a defender aquilo que foi feito à Academia, os crimes têm de ser punidos e pelo mesmo caminho tem de seguir quem os mandou cumprir, seja ele quem for.

Há já muitos anos que a nossa formação perdeu qualidade. O Porto e o Benfica estão anos-luz à nossa frente no que respeita aos treinos, à preparação dos miúdos, à forma como os envolvem no clube. É certo também que os rivais têm uma vantagem: são campeões com muito mais regularidade o que faz com que o interesse nas suas camadas jovens cresça também.

Já nós, não somos Campeões há 20 anos, por muito que se tente argumentar com a história dos dois melhores do Mundo, estamos a falar de passado, e, caraças, precisamos tanto de começar a pôr a mão na consciência e começar a falar de agora, de hoje, do tempo presente.

Vamos buscar jogadores estrangeiros, pagamos a agentes, pagamos a clubes que têm uma estabilidade financeira muito melhor que nós em maior parte das vezes e isto para quê? Para jogarem um ano ou dois e serem vendidos, outra vez, e com sorte, ainda rendem um Milhão.

Da mesma maneira que ouço que não faz sentido estes gastos acontecerem “com tanto miúdo bom em Alcochete”, também é verdade que ouço com o mesmo entusiasmo quando falam no sentido oposto “não há um miúdo que se aproveite na equipa B”.

São realidades distintas, mas cheguei a ouvi-las várias vezes. Para mim? Faz sentido existir um equilíbrio entre quem vem e quem se aproveita, mas para este equilíbrio ser possível era preciso que as nossas contas tivessem capacidade para aguentar isto. Ia-se buscar um craque ou dois, tínhamos realmente dois homens muito bons no plantel, e o resto, vinha da formação.

Com isto também existem vários problemas: o Sporting tem estado a usar pensos rápidos (muitas vezes de má qualidade), para evitar pedir, um bocadinho, mais de paciência a todos os sócios para que os miúdos da formação cresçam e se formem. Já me o disseram, e irei repeti-lo, porque para mim faz todo o sentido: se eu tiver de estar mais dez anos sem ser campeã para poder formar os meus jogadores e ser campeã com eles, que assim seja.

Prefiro que se aposte na formação, prefiro que pensem no Camacho, no Bragança, no Palhinha, no Geraldes e no Matheus Pereira. Prefiro que me digam que os vão trabalhar, que vão acreditar neles, que vão lutar para os poder fazer grandes jogadores, que com eles vamos ser campeões mas que para isso temos de esperar.

Eu não gosto de esperar, mas já estou farta de não conseguir levantar um título que me foge há mais anos do que aqueles que me recordo, mas se for esta a única condição para ser campeã? Pois que seja! Porque em primeiro lugar formámos dois melhores do mundo; e para terminar, mas não menos importante: não é crime nenhum gostar da formação.