Soraia Quarenta
Biografiado Autor

05 Dez 2020 | 09:28

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Soraia Quarenta

Miguel Albuquerque errou perante a sociedade e perante os seus familiares, mas não errou perante o seu trabalho nem o seu erro pessoal teve repercussões no seu desempenho profissional.

Miguel Albuquerque despediu-se do Sporting e a Direcção, com esta despedida, também disse “Adeus” aos poucos valores e dignidade que ainda podiam restar.


Se é verdade que a violência doméstica é algo que deve ser condenável e condenado em todos os quadrantes da vida em sociedade, também é certo que as águas devem ser bem separadas entre aquilo que é a vida privada e a vida profissional de qualquer pessoa.

Miguel Albuquerque cometeu um crime de violência doméstica contra a sua mulher, também ela funcionária do Sporting. Foi condenado, terá cumprido a sua pena e, mais importante que tudo, terá aprendido com o seu erro, uma vez que o casal continua junto e, felizmente (que se saiba, pelo menos), sem qualquer outro tipo de incidente do género.


O caso terá acontecido, alegadamente, há cerca de dois anos e meio. Curiosamente, também por volta da altura das eleições destes órgãos sociais, onde o apoio de Miguel Albuquerque terá tido tanto peso…

Nessa altura, não se incomodou ou importou a Direcção em saber do seu passado, investigar o seu background ou saber se haveria telhados de vidro da parte de Miguel Albuquerque.


Nessa altura, apenas relevou o seu mérito profissional, as conquistas que tinha trazido para as modalidades do Sporting e o peso e influência que o mesmo trazia em relação à massa votante do universo sportinguista.

Agora, dois anos e meio volvidos, alicerçados numa maré vitoriosa do futebol (que, naturalmente, se deseja que continue até final do campeonato), Miguel Albuquerque virou um incómodo, um peso, quem sabe uma ameaça ou uma sombra…

E ainda que o que aconteceu possa ser visto por muitos como a reviravolta kármica que sempre acontece com quem escolhe o cavalo errado (ou o momento errado) para apostar, tal não desculpa a forma pouco digna (para não dizer baixa mesmo) com que se dispensa quem tanto foi útil.

Miguel Albuquerque foi suspenso não por violação de qualquer das condutas, deveres e obrigações a que estava adstrito ao abrigo do vínculo laboral que tinha com o Sporting. Não foi suspenso da sua actividade profissional por uma qualquer conduta imprópria que tenha tido ao serviço do Clube e/ou que o tenha prejudicado.

Foi suspenso porque tornou-se inconveniente e, convenientemente, a informação acerca da sua vida pessoal “apareceu” do nada e deu o mote para terminar uma carreira impoluta no que ao Sporting concerne.

Mal andaria este País e suas gentes se, por toda e qualquer condenação que se sofresse, tal fosse motivo para não mais poder continuar a trabalhar ou fosse impedimento para arranjar trabalho.

É certo que ter registo criminal não é algo agradável e, para certos trabalhos e em certas funções, também não é adequado. Porém, há que sempre atentar ao caso concreto. Não estamos a falar de meter um burlão ou um ladrão a trabalhar num banco, mas de uma pessoa que foi condenada por um crime que nada impacta nas suas funções profissionais.

Se se atentasse apenas ao registo criminal, as estatísticas de desemprego seriam muito maiores do que as que se registam, tal é a quantidade de cidadãos perfeitamente honestos e capazes que já foi condenado por um crime de condução sem carta ou em estado de embriaguez. E nem por isso perderam os seus postos de trabalho.

Coluna vertical precisa-se! E no Sporting, mais do que a exigência dos elevados valores morais que todos os Sportinguistas sempre defenderam para o Clube, faz parte do ADN ter princípios e pautar-se por eles.

Miguel Albuquerque errou perante a sociedade e perante os seus familiares, mas não errou perante o seu trabalho nem o seu erro pessoal teve repercussões no seu desempenho profissional e utilizar isso para promover o término do seu vínculo laboral, demonstra bem a inversão de valores que se encontra no seio de quem dirige os destinos do Clube.

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