Grandes, mas inevitáveis novidades…
Troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados
31 Out 2020 | 09:16
0A liberdade de expressão dentro dos estádios de futebol começa a deixar muito a desejar...
No sábado passado, alguns (poucos, mas bons) afortunados tiveram o privilégio de voltar a sentir o cheiro de um relvado, a emoção de um jogo, a alegria de festejar um golo, ainda que com todas as restrições que os tempos que correm impõem.
Da minha parte, fica a inveja (boa) de quem teve a oportunidade de marcar presença, pois, de facto, as saudades de assistir ao vivo a um jogo de futebol já são mais do que é explicável, sabendo que, como eu, muitos há por aí com a mesma “ressaca” de bola.
No entanto, ficou também a indignação por ter visto o Sporting, uma vez mais, punido por comportamentos que não pode evitar nem controlar e que nada têm a ver com o Clube, mas pelos quais, ainda assim, é sempre o responsável.
No seguimento desse jogo, foi o Sporting multado por pseudo “comportamento incorrecto” do seu público na casa do Santa Clara, consistindo tal conduta na exibição de uma faixa com o nome de um GOA que, assim que solicitado pelos spotters , foi retirada e por alguns cânticos típicos que, pelos vistos, deixaram os mais sensíveis de lágrimas nos olhos (caso subsistam dúvidas, usa-se a ironia na parte final desta frase).
Quanto à faixa, não se consegue perceber que comportamento incorrecto poderá estar em causa, a não ser que já esteja relacionado com a sectarização que a Lei da Violência no Desporto implementou em surdina esta época, aproveitando a boleia da pandemia e a ausência de público nos estádios, para os receber de volta com a “novidade” das zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos, sendo que só nesses espaços é que poderão abrir tarjas com mais de um metro. Ainda assim, parece exagerado para quem, após o primeiro aviso, acatou as instruções e retirou a mesma.
Relativamente aos cânticos, “quem nunca pecou, que atire a primeira pedra”. Quantos de nós (e não vale agora alvitrar-se puritano) em algum momento da nossa história num estádio de futebol, conseguimos passar todos os jogos em todo o tempo calados, sem proferir um único impropério, estando ou não inserido em GOA’s, sozinho ou acompanhado?
Até os tribunais já se vieram pronunciar a respeito desta temática, admitindo e assumindo que a culturalidade do futebol e as emoções e intensidade associados a um jogo ao vivo são propícias a um comportamento, também ele, um pouco mais intenso do que o que se costuma ter no quotidiano, afirmando mesmo que é nos jogos que se “aproveita” para extravasar as emoções, pois que é um desporto de paixões. Assim, desde que não seja algo extremamente exagerado e que ultrapasse todos os limites do razoável, querer “higienizar” a linguagem no futebol é algo que não se coaduna com o próprio espírito “da coisa”.
Aliás, a campanha do politicamente correcto que se está a tentar levar a cabo no futebol está a assumir contornos de extremismo, o que nunca dá bons resultados. A liberdade de expressão dentro dos estádios de futebol começa a deixar muito a desejar...
De facto, o tom paternalista que se tem assumido, sob o manto de um combate contra a violência e comportamentos intolerantes no desporto, tem ganho proporções de cruzada dos tempos modernos, onde os castigos são impostos por uma Inquisição à medida da geração “snowflake”.
Com tanta sectarização, com tanta tecnologia de cctv que permite identificar perfeitamente as pessoas, ainda fazer o clube responder pelo comportamento de indivíduos é apenas uma demonstração do pouco trabalho que as instituições querem ter, uma vez que é mais fácil punir o clube do que ir atrás dos verdadeiros responsáveis, pessoas individuais cuja identificação, nos dias que correm, é perfeitamente possível.
Sim é preciso erradicar certos comportamentos no futebol e sim são necessárias medidas concretas para tal, porém, como em tudo na vida, é necessário fazê-lo com bom senso (que é uma coisa cada vez mais rara nos dias que correm) e penalizar os clubes por comportamentos de pessoas que estes não podem prever nem impedir, é simplesmente punir por punir, aproveitar a receita gerada e não querer saber da responsabilidade objectiva e subjectiva do comportamento punido.
Os tempos da Inquisição há muito que já findaram e o futebol - e os Clubes - não têm a obrigação de serem os garantes da moral e bons costumes. Para isso, existe a educação que cada um de nós recebeu e, se tal não for suficiente, que então cada um de nós seja responsabilizado pelos nossos actos e arquemos com as consequências que daí advenham.
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02 Nov 2024 | 17:40
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19 Jul 2024 | 15:49
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